Topo

Como foi a conversa de Jesus que mudou Fla para conquistar a Libertadores

VEJA OS MELHORES MOMENTOS DA FINAL

Gols da Libertadores

Leo Burlá e Rodrigo Mattos

Do UOL, em Lima (Peru)

23/11/2019 21h58

Ainda no campo de jogo, o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcus Braz, atribuiu a virada do Flamengo ao que aconteceu no vestiário durante o intervalo. Não deu detalhes. Questionado sobre o assunto, o técnico Jorge Jesus explicou que houve uma conversa entre ele e jogadores, que deram opiniões sobre a forma de mudar o time —e a dinâmica do jogo. A partir daí, a equipe carioca voltou a campo diferente. E buscou uma virada emocionante contra o River Plate para conquistar a Libertadores, em Lima, Peru.

Jesus reconheceu que o River Plate bloqueou o Flamengo no primeiro tempo, com constantes ataques ao flamenguista com a posse da bola. Sua equipe não estava conseguindo trocar passes como de hábito, num ritmo que já a deixou muito perto da conquista do Campeonato Brasileiro.

"Como Rafinha falou, o time do River nos tirou do jogo. Não deixou que a equipe do Flamengo ficasse com bola. Fizeram isso com muita qualidade, criatividade e também taticamente. Fruto de sua agressividade em cima do portador da bola. Mas os últimos 15 minutos nós já conseguimos nos liberar", analisou Jesus sobre o primeiro tempo.

No vestiário, ainda assim, houve uma conversa franca com os jogadores. Os protagonistas do jogo tiveram liberdade para opinar sobre possíveis mudanças e ajustes. Segundo Jesus, não houve alterações táticas, mas, sim, no jeito de atuar. De fato, o time continuou com 4-4-2 habitual, só teve uma modificação de estilo quando Diego substituiu Gerson, lesionado.

"Mudamos nossa formar de jogar. Não taticamente. Essa equipe tem jogadores experientes. Eu dou liberdade de interferirem. Tivemos uma conversa de muita responsabilidade. Pudemos corrigir situações táticas. E também a forma como estávamos a competir com o River. Tudo isso modificou a nossa forma de jogar. Sabíamos que o River não conseguiria pressionar por 90 minutos. Sabíamos que o River não deveria capacidade de anular nossa forma de jogar todo o tempo. Fomos felizes, mas fizemos tudo para ser felizes", contou.

Em seguida, o treinador confidenciou que mandou seu auxiliar João de Deus se conter durante os acréscimos após o segundo gol de Gabigol. Não era hora, ainda, para comemorar. Sua carreira pode bem dizer isso. Ele lembrou que já perdeu campeonatos nos minutos finais.

"No meu caso e do Rafinha, temos muitos anos de futebol e passamos por muitas situações. Meu assistente João estava exaltado e, porque eu já perdi títulos a dez segundos do fim, falei para esperar. O futebol é cruel, só acaba depois do jogo. Foi esse o motivo", contou ele, sobre estar inquieto nos últimos minutos do jogo.

Por fim, Jesus exaltou a qualidade da final disputada entre River Plate e Flamengo como maior do que o confronto entre Tottenham e Liverpool, pela última Liga dos Campeões —o Liverpool foi campeão e pode enfrentar o time rubro-negro no Mundial de Clubes em dezembro. Disse isso tanto sobre o nível de jogo apresentado como sobre o ambiente do estádio. "É uma final de Champions. Essa final teve mais conteúdo tático, e técnico do que Tottenham x Liverpool. E mais colorido na arquibancada, que eu vi na Europa ao vivo", afirmou.

Para encerrar, o treinador português voltou a afirmar que o Flamengo é o clube com maior número de torcedores do mundo e, neste aspecto, seria também o maior do mundo. Mas disse que o clube ainda precisa ganhar mais taças internacionais para se tornar o maior esportivamente. "Não tenho dúvida: o Flamengo é o maior clube do mundo em termos de adeptos. Maior clube é o que ganha títulos e à frente do Flamengo há outras que expressam grandiosidade por títulos na Europa. Quando começar a ganhar todos, pode dizer que é o melhor clube do mundo. Porque uma torcida que não tem igual no mundo."

O vice de futebol Marcos Braz não deu tantos detalhes da conversa, ao contrário de Jesus. Afirmou: "Apesar do resultado, o Flamengo estava muito tranquilo, embora o resultado fosse preocupante. Estávamos tranquilos e confiantes. Isso (a virada em três minutos) é só para quem persiste". A conversa de Jesus com seu elenco resolveu, mesmo.