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Funcionária de hotel relata beijo à força em BO; Milton Mendes pede provas

Milton Mendes, ao centro, foi técnico do São Bento de agosto até sábado (2/11), quando pediu demissão - Divulgação/São Bento
Milton Mendes, ao centro, foi técnico do São Bento de agosto até sábado (2/11), quando pediu demissão Imagem: Divulgação/São Bento

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

04/11/2019 16h30

Resumo da notícia

  • B.O. que denuncia suposto crime sexual foi registrado na quinta (31), em Sorocaba
  • Cozinheira de hotel onde técnico morou na cidade disse que foi beijada à força por ele
  • Segundo relato, Mendes teria mandado um bilhete e depois entrado na cozinha
  • Ex-técnico do São Bento nega acusações e espera ser chamado para depoimento
  • Câmeras de segurança do hotel serão decisivas na investigação da Polícia

Em boletim de ocorrência registrado na última quinta-feira (31), a funcionária de um hotel na cidade paulista de Sorocaba denunciou o técnico Milton Mendes com base no artigo 213 do Código Penal, que trata de estupro. Segundo o relato feito à equipe da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), o então hóspede do hotel teria tentado beijar a mulher, que trabalha na cozinha do hotel, à força. Ele nega. Mendes foi técnico do São Bento na Série B do Brasileirão até sábado, quando pediu demissão.

De acordo com o relato que consta no B.O., o treinador primeiro teria tentado uma abordagem via bilhete com seu número de telefone escrito, mas não teve resposta. Em seguida teria entrado na cozinha do hotel à procura da cozinheira. Nesse momento é que ele teria beijado sua boca à força depois de uma abordagem pessoal. A mulher teria dito que é casada e logo após a saída de Milton Mendes do local teria reportado ao gerente do hotel os supostos acontecimentos. O treinador teria dito ao responsável pela administração do hotel que foi só um abraço.

A gerência do hotel não quis se pronunciar, mas se comprometeu a ceder imagens de câmeras de segurança, que podem registrar entrada e saída da cozinha, à Polícia Civil. A denunciante não quer ser identificada. Já Milton Mendes nega a acusação. Ele diz que ainda não foi chamado pela delegacia responsável pelo caso para contar sua versão: "Até agora é só especulação, não recebi nada, o que sei é por vocês (jornalistas)". O treinador também conta com as imagens do hotel em sua defesa.

"O hotel tem imagens e provarei minha inocência. Mas alerto que falar e não provar é tão crime quanto a alegação que estão fazendo contra mim. É muito grave e faço questão de ir até o fim", pronunciou-se o treinador de 54 anos. Anteriormente, ele havia dito que a acusação é "lamentável e totalmente fora de propósito" e que tomou conhecimento do assunto no intervalo do jogo de sábado, contra o Criciúma, pela 23ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.

Na entrevista coletiva em que anunciou sua saída do São Bento no último sábado, Milton Mendes disse que "tinha relação boa com todo mundo" no hotel. Ele afirmou publicamente que presenteava funcionários do hotel com o doce palha italiana, dava camisetas do clube e abraçava as pessoas. Na ocasião, afirmou que "uma dessas (pessoas) interpretou mal".

O depoimento da cozinheira foi colhido na última quinta-feira, mesmo dia dos supostos acontecimentos, e quando foi elaborado o B.O. O caso está sendo investigado.

Milton Mendes morava no hotel em que trabalha a denunciante. Ele foi contratado para ajudar o São Bento na briga contra o rebaixamento na Série B em agosto, mas venceu apenas dois em 12 jogos e não conseguiu tirar a equipe da última posição na tabela. O treinador já trabalhou em clubes de Portugal, Qatar e Japão, além de Paraná, Ferroviária, Athletico-PR, Santa Cruz, Vasco e Sport no Brasil.

O artigo 213 do Código Penal trata de "constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso", tipificado como estupro. É crime considerado hediondo, com reclusão de seis a dez anos como pena.