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Entrevista de auxiliar de Felipão gera incômodo na diretoria do Palmeiras

Paulo Turra, auxiliar do técnico Luiz Felipe Scolari  - Reprodução
Paulo Turra, auxiliar do técnico Luiz Felipe Scolari Imagem: Reprodução

Danilo Lavieri e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

02/11/2019 16h53

Declarações dadas por Paulo Turra, auxiliar de Luiz Felipe Scolari, ao Resenha ESPN que foi ao ar ontem geraram incômodo na diretoria do Palmeiras. No programa, Turra afirmou que nem ele nem Felipão participaram das contratações feitas pelo alviverde para a temporada atual - ambos foram demitidos no início de setembro.

"Em dezembro depois do título, foram realizadas reuniões, a gente sabia, o executivo de futebol (Alexandre Mattos) passou, que iriam vir alguns jogadores. Em janeiro chegaram esses jogadores, que eram seis ou sete. Nesses nomes nós não participamos", foi a frase dita pelo auxiliar.

A versão causou incômodo e é contestada na diretoria do Palmeiras. Diferentes fontes ligadas à cúpula do clube afirmam que os atacantes Felipe Pires e Carlos Eduardo vieram como indicações da comissão técnica, especificamente Paulo Turra e Felipão. Os nomes teriam sido escolhidos em função de uma carência detectada pelo treinador nos lados do campo.

Segundo as fontes do clube, diversas decisões foram tomadas em uma reunião de planejamento no final de 2018, com participação do presidente Maurício Galiotte, os dirigentes Alexandre Mattos e Cícero Souza, e o então técnico Luiz Felipe Scolari. Paulo Turra não participou a pedido do próprio Felipão.

Ali, o treinador expressou o desejo de mander Jailson, Fernando Prass, Jean e Edu Dracena, considerados importantes para o bom ambiente no elenco. Também recomendou empréstimos dos jovens Arthur e Pedrão para que pudessem adquirir experiência, e conversou sobre a chegada dos atacantes de velocidade. Zé Rafael e Arthur Cabral foram reforços de fato encaminhados pela diretoria.

Ainda segundo a versão que circula no Palmeiras, Felipão chegou a dizer a dirigentes que as chegadas de Felipe Pires e Carlos Eduardo possibilitariam que o clube pudesse negociar Dudu no meio de 2019, caso recebesse uma proposta vantajosa.

O próprio treinador chegou bancar a indicação de Felipe Pires e projetar sua ascensão no alviverde na pré-temporada. "Daqui a pouco vocês (jornalistas) vão ver jogando e vão poder falar se a indicação foi boa ou não". O atacante que veio do Hoffenhein-ALE acabou, entretanto, não se firmando, e foi emprestado ao Fortaleza.

Já Carlos Eduardo, que custou R$ 23 milhões, se tornou dos principais pontos de pressão sobre o diretor de futebol Alexandre Mattos. A torcida organizada Mancha Verde, que chegou a enviar flores à esposa do dirigente, questionou a contratação em diferentes ocasiões. "Carlos Eduardo - Pode explicar o motivo de um investimento alto em um jogador com qualidades técnicas duvidosas? Você ganha comissões nessas negociatas?" diz o último questionamento, publicado em resposta a uma ação judicial de Mattos.

O UOL Esporte entrou em contato com Paulo Turra - o auxiliar de Felipão disse que já havia dito de forma clara o que tinha a dizer sobre a montagem do elenco alviverde na entrevista de ontem. Turra não quis tecer outros comentários sobre sua passagem pelo Palmeiras, mas se colocou a disposição para conversar questões táticas, técnicas e modelos de jogo.

Membros da diretoria alviverde ainda afirmam que dificuldades de relacionamento de Turra com funcionários e jogadores foram determinantes na demissão de Felipão em setembro. O auxiliar refuta a versão, e ressalta que recebeu dezenas de mensagens de apoio e solidariedade ao deixar o clube. No final do ano passado, Turra mantinha boa relação com os atletas, e chegou a até a ser cogitado para assumir o cargo de treinador em caso de saída de Felipão.

A reportagem também tentou contatar Felipão, mas não teve resposta até a publicação da matéria.

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