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Fluminense e Vasco voltam ao Maracanã com PM preocupada após confusão

Final da Taça Guanabara foi manchada por confusão no lado de fora do Maracanã - ANDRÉ FABIANO/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO
Final da Taça Guanabara foi manchada por confusão no lado de fora do Maracanã Imagem: ANDRÉ FABIANO/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO

Alexandre Araújo e Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

01/11/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Fluminense e Vasco se enfrentam em clássico carioca, pelo Campeonato Brasileiro, no Maracanã
  • As equipes voltam ao estádio depois do duelo que protagonizaram em fevereiro, na final da Taça Guanabara
  • À época, a decisão do primeiro turno do Carioca começou com portões fechados, após briga nos bastidores
  • Do lado de fora, uma confusão generalizada entre cruz-maltinos e policiais militares. Torcida foi liberada no fim do primeiro tempo
  • Agora, ao lado do Flamengo, Fluminense faz a gestão do Maracanã

Fluminense e Vasco se reencontram no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro, amanhã (2), quase nove meses após um episódio que marcou negativamente o clássico. Uma disputa entre os clubes e um vai e vem judicial fizeram com que os arredores do estádio virassem uma praça de conflito entre cruz-maltinos e policiais militares, enquanto a bola rolava para um final de Taça Guanabara que começou sem torcida. Ao fim, com gol de Danilo Barcelos, o Vasco celebrou a conquista do primeiro turno do Campeonato Carioca com os torcedores que, após toda a desordem, conseguiram entrar.

Neste reencontro, a situação é diferente e, de lá para cá, a queda de braço entre os dois clubes ganhou alguns capítulo, como o Tricolor fazendo parte da gestão do Maracanã e o fato de o estádio não ser mais campo neutro aos olhos do regulamento do Carioca do ano que vem.

Para o jogo de amanhã, a Polícia Militar, em reunião comandada pelo diretor de competições da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), Marcelo Vianna, com representantes dos clubes e órgão envolvidos, demonstrou certa preocupação com o número de ingressos disponíveis para os vascaínos. Foram 1.500 bilhetes, o que representa 5% da carga de 30 mil - cumprindo o princípio de reciprocidade, uma vez que os tricolores também só tiveram 5% das entradas no clássico realizado em São Januário.

Policial usa arma para dispersar torcedores do Vasco  - Reprodução  - Reprodução
Imagem: Reprodução

A PM acredita que, mesmo cientes da proibição, cruz-maltinos podem acabar comprando ingressos destinados aos torcedores do Fluminense, o que pode ocasionar problemas.

Na final da Taça Guanabara, a confusão se deu por conta de uma briga entre os clubes pelo direito de a torcida usar o Setor Sul do Maracanã, ou o que ficou historicamente conhecido como a "arquibancada à direita das cabines de rádio". Mandante, o Vasco alegou que procurou Ferj e Maracanã e recebeu o aval para usar o lado direito e começou a venda de ingressos. O Flu salientou que tinha um contrato com o Maracanã e o então presidente Pedro Abad chegou a falar em "ir para a guerra".

Durante a madrugada, a Justiça, a pedido do Fluminense, determinou que a final fosse realizada com portões fechados. No dia do jogo, porém, o Vasco afirmou que cumpriria o regulamento e arcaria com uma possível multa, avisando que o jogo decorreria com torcida. Cruz-maltinos foram ao Maracanã, mas a liberação dos portões não aconteceu antes de o apito inicial, o que ocasionou toda a confusão. Os portões foram abertos quando o cronômetro marcava cerca de 30 minutos do primeiro tempo.

No começo de abril, menos de dois meses após a final da Taça Guanabara, o governador Wilson Witzel informou que o consórcio formado por Flamengo e Fluminense passaria a administrar o Complexo do Maracanã pelos próximos seis meses, podendo renovar por mais seis - o que foi feito recentemente.

À época, a diretoria do Vasco, que alegou ter apresentado um modelo de gestão com os quatro grandes clubes do Rio como participantes, demonstrou insatisfação com a dupla Fla-Flu à frente do Maracanã e afirmou que não mandaria mais jogos no local. O primeiro jogo da final do Carioca, com o Flamengo, foi no Nilton Santos. Já no Brasileiro, encarou o Fla em Brasília, enquanto os duelo com Botafogo e Fluminense ocorreram em São Januário.

No começo da última semana, a Ferj realizou um arbitral para definições para o Campeonato Carioca 2020. Durante o evento, além de finalizar a fórmula de disputa da competição, apontou-se ainda que o Maracanã deixou de ser considerado campo neutro para o regulamento.

Leandro Castán levanta o troféu da Taça Guanabara, conquistada pelo Vasco contra o Fluminense - Thiago Ribeiro/AGIF - Thiago Ribeiro/AGIF
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Desta forma, Flamengo e Fluminense, como administradores do estádio, asseguram os direitos de mandantes e poderão alocar as respectivas torcidas como entender o contrato - no caso, Fluminense no Setor Sul.

O fato causou insatisfação em alguns torcedores e grupos políticos do Vasco, fazendo com que a ausência de Campello na reunião fosse contestada - o Cruz-Maltino foi representado pelo diretor de futebol André Mazzuco.

No primeiro turno do Brasileiro, as equipes se encontraram em São Januário, com vitória cruz-maltina por 2 a 1, de virada. Amanhã, a torcida do Fluminense ficará no Setor Sul, enquanto o Vasco no lado Norte. O time comandado por Marcão busca o triunfo para ganhar pontos na luta contra o rebaixamento. Já a equipe da Colina, quer, o mais rapidamente possível, chegar ao "número mágico" de 45 pontos para dar adeus de vez à "zona da confusão", como diz o técnico Vanderlei Luxemburgo.

Entenda a polêmica

Quando o Maracanã foi construído, ficou decidido que o clube que vencesse o primeiro Estadual no novo estádio poderia escolher o lado da arquibancada que a torcida ocuparia. Em final contra o América, o Vasco conquistou o Campeonato Carioca de 1950 e apontou o lado direito às cabines de rádio como preferido.

E assim foi até 2013, quando o Maracanã foi reaberto após reformas para a Copa do Mundo de 2014. Nesta nova fase, a gestão do estádio passou a ser feita por uma concessionária, que assinou contrato com o Flamengo e Fluminense. O Rubro-Negro, que já utilizada o lado esquerdo, ficou alocado no Setor Norte, enquanto o Tricolor pediu o Setor Sul.

Desde então, discussões entre dirigentes, declarações à imprensa e argumentos diversos foram colocados à mesa nesta queda de braço entre os clubes.

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