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Jesus contraria lógica e faz antigo 'fantasma' voltar à pauta no Flamengo

Jorge Jesus vem utilizando força máxima do Flamengo no Brasileiro e Libertadores - João Vitor Rezende Borba/Agif
Jorge Jesus vem utilizando força máxima do Flamengo no Brasileiro e Libertadores Imagem: João Vitor Rezende Borba/Agif

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

18/10/2019 12h00

Resumo da notícia

  • Jorge Jesus tem ido na contramão de uma cultura do futebol brasileiro de poupar jogadores priorizando uma ou outra competição
  • Treinador do Flamengo vem reafirmando a postura nas últimas entrevistas
  • A discussão de poupar ou não rondou o trabalho de técnicos anteriores, como Barbieri e Abel Braga
  • Jesus, em entrevista em agosto, admitiu que mudou de visão em relação à Libertadores após chegada ao Brasil

"Descansar? Isso não existe". Ao adotar uma postura de utilizar força total do Flamengo tanto no Campeonato Brasileiro quanto na Libertadores, o técnico Jorge Jesus passou a contrariar a lógica brasileira e colocou novamente em evidência uma pauta que já foi fantasma de treinadores anteriores, como Mauricio Barbieri e Abel Braga.

O atual comandante rubro-negro, em mais de uma oportunidade, afirmou que quer levantar o troféu nas duas competições e, por isso, vai "colocar a carne toda no assador": expressão que adora usar para dizer que não vai poupar por poupar seus atletas e que sempre usará o que estiver de melhor à disposição, desde que os jogadores não se manifestem desgastados.

A posição foi defendida de forma mais contundente após a vitória sobre o Fortaleza, na noite da última quarta-feira, quando não contou com cinco titulares, sendo três por problemas médicos - o lateral-direito Rafinha, o lateral-esquerdo Filipe Luis e o meia Arrascaeta.

"Minha cultura não é essa [poupar]. E os jogadores provam de domingo a domingo. Descansar? Isso não existe. Vamos descansar nos dias que temos. Quinta, sexta, sábado... Domingo é para correr. Se tivermos jogadores com sinais de lesão, é outra coisa", disse.

Questionamentos quanto a preservar ou não o time já rondaram os trabalhos de técnicos anteriores e o assunto, inclusive, ajudou na queda de Abel Braga, que iniciou a temporada no comando da equipe da Gávea.

Abel demonstrou vontade de poupar o time justamente contra o Fortaleza, no primeiro turno do Brasileiro. A ideia não teve eco positivo na diretoria, que queria time titular uma vez que haveria tempo hábil até o próximo compromisso pela Libertadores. Esse foi um dos capítulos da colisão entre as partes, que culminou no pedido de demissão do treinador.

No ano passado, Barbieri teve de administrar a mesma situação. À época, estava no Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores. Acabou sendo eliminado nas oitavas da Libertadores - para o Cruzeiro -, na semifinal da Copa do Brasil - para o Corinthians - e perdeu a liderança do Brasileiro.

À época, afirmava que analisava os jogadores individualmente para tomar a decisão de escalar ou não. A opinião da torcida, em algumas oportunidades, foi dividida.

Mudança de opinião

Em entrevista concedida ao canal oficial da Libertadores em agosto deste ano, cerca de dois meses após desembarcar no Brasil, o técnico Jorge Jesus admitiu que mudou a visão que tinha em relação à Libertadores.

O treinador rubro-negro, na ocasião, apontou que chegou ao país com a ideia de que o campeonato nacional tinha um peso maior que a competição sul-americana, mas mudou de opinião após o duelo pelas oitavas de final, contra o Emelec, do Equador.

"Depois de chegar aqui, entendi. Antes, não entendia, não. Julgava que, para eles, era mais importante o campeonato (Brasileiro). Porque na Europa, como disse, a minha formação entre os torcedores, o principal é ser campeão do seu país. Aqui, não. Aqui é a Libertadores. Depois desta eliminatória é que percebi. Antes não tinha percebido isso. Vai me fazer mudar muita coisa. Vai mudar um bocadinho o meu pensamento", disse, em trecho da entrevista.