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Treinador de boxe é acusado de estupro por duas atletas, diz TV

Erivan Ribeiro Conceição, treinador de boxe acusado de estupro por duas atletas - Reprodução/TV Globo
Erivan Ribeiro Conceição, treinador de boxe acusado de estupro por duas atletas Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

13/10/2019 23h18

O treinador de boxe Erivan Ribeiro Conceição foi denunciado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) sob acusação de estupro de vulnerável. Em entrevista ao programa Fantástico, da Globo, duas vítimas alegaram que foram assediadas e mantiveram sem consentimento relações sexuais com o técnico.

Erivan trabalhava para a Team Nogueira, dos irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro. O lutador e sócio da academia informou que o treinador foi afastado das atividades: "A gente, como instituição, assim que soube, a nossa posição é muito rígida e muito clara de afastar esse professor".

As duas atletas, uma identificada como Camila Borges Araújo e outra que optou por não aparecer na reportagem, procuraram a DEAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) em fevereiro deste ano.

Erivan foi denunciado pelo MP-RJ e tornou-se réu por assédio sexual em uma das acusações. A polícia considerou o caso envolvendo Camila como estupro de vulnerável. A pena varia de 8 a 15 anos de reclusão.

Procurada pela Globo, a defesa do treinador informou em nota: "Os fatos narrados na denúncia não são verdadeiros, bem como qualquer insinuação de violência ou constrangimento, pois Erivan não praticou crime algum".

Erivan, que já treinou Anderson Silva e Junior Cigano, conheceu as duas atletas no Instituto Irmãos Nogueira. Elas ingressaram na academia em 2013, quando tinham entre 13 e 14 anos. Entre 2015 e 2016, foram promovidas à equipe profissional de boxe e passaram a ser treinadas pelo técnico.

Atleta que acusa Erivan Ribeiro Conceição de abuso sexual - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Atleta que acusa Erivan Ribeiro Conceição de abuso sexual
Imagem: Reprodução/TV Globo

"Ele colocava para fazer abdominal na frente dele de perna aberta. Se eu estivesse com calça, ele falava para eu ir de short. A partir daí, foi o início de uma série de abusos que eu tive", afirmou a atleta que não se identificou. "Como se eu não tivesse escolha. Se eu quisesse ir para a seleção, era só aquela forma de eu ir."

"Ele me chamou para conversar, pegou no meu braço e tentou me beijar. Eu me afastei, disse 'não', mas fiquei assustada na hora. Não esperava isso dele", falou Camila Borges Araújo à repórter Renata Ceribelli.

A atleta também alegou ter sido obrigada a fazer sexo com o técnico e a mulher dele, Loren Santos de Santana. "Sim, foram os dois. Eu estava sozinha, falei: 'Vão me matar'" Ela explicou por que não contou aos pais: "Eu não admitia nem para mim. Era difícil eu pensar no que estava acontecendo. Se eu pensasse, já queria me matar, mutilar, o que aconteceu muitas vezes".

O pai de Camila, Haroldo Sampaio Araújo, também foi entrevistado pelo Fantástico: "Do nada, ela começava a passar mal, chorando, se tremendo toda. Eu perguntava o que era, mas ela nunca falava".

Camila Borges Araújo - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Camila Borges Araújo
Imagem: Reprodução/TV Globo

Camila, segundo a reportagem, entrou em depressão e desistiu do boxe, mas passou a treinar jiu-jitsu em outra academia. A proprietária do local prestou atenção ao comportamento da aluna, que não se sentia à vontade com algumas posições de combate porque a fazia lembrar o antigo técnico.

A dona da academia, Janaína Silva Simplício, disse ao Fantástico que desconfiou do treinador após a outra aluna, que não apareceu na reportagem, ter revelado o abuso sexual. O caso reaproximou as duas vítimas, que decidiram procurar a polícia.

"Ela contou que era abusada sexualmente e fiquei chocada. Liguei a situação da Camila com ela. Perguntei: 'Você foi abusada pelo Erivan?". Ela começou a tremer, a chorar, ficar apavorada, ficou pálida", afirmou a proprietária.