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Polícia vê Ralf e irmão como suspeitos e investiga quem dirigia no acidente

Carro do volante Ralf, manchado após uso de reagentes químicos pela perícia da Polícia Civil - Lucas Faraldo/UOL
Carro do volante Ralf, manchado após uso de reagentes químicos pela perícia da Polícia Civil Imagem: Lucas Faraldo/UOL

Lucas Faraldo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/10/2019 21h07

A investigação policial sobre o acidente de carro envolvendo o jogador Ralf, do Corinthians, ocorrido na noite de sexta-feira (11), na Zona Leste de São Paulo, aponta o próprio volante e seu irmão como suspeitos de dirigir o veículo. O carro do jogador atingiu um idoso de 68 anos, bateu num ponto de ônibus e destruiu dois portões de uma casa do bairro da Água Rasa.

A reportagem do UOL Esporte esteve neste sábado (12) em frente à casa parcialmente destruída pelo Hyundai/Santa Fé de Ralf. Ouviu de membros das Polícias Civil e Militar que os relatos de testemunhas do acidente apontam para duas versões: uma em que o jogador aparece como motorista do carro e outra em que o irmão era o condutor.

Os donos da casa atingida afirmam não terem visto quem dirigia o SUV. A reportagem apurou que existe convicção de quem estava no local logo depois do acidente que os três homens que saíram de dentro do carro estavam alcoolizados. Eles foram identificados como Ralf, seu irmão e seu pai. Os proprietários do imóvel dizem que não conseguiram acessar a garagem até a chegada da equipe do Corpo de Bombeiros, responsável por retirar os acidentados de dentro do veículo.

Quem falar que foi ele (Ralf) está mentindo. Não dava para ver se era ele ou não. Nem o dono da casa sabe quem é. O vidro era muito escuro, estava uma baita confusão com portão caído e bombeiros na garagem".

Vizinha da casa atingida que falou com a reportagem e não quis se identificar

O Boletim de Ocorrência registrado sobre o caso informa que "no banco do passageiro, um segurança, de 44 anos, estava visivelmente embriagado. Ele fez o teste do bafômetro que constatou positivo para o consumo de álcool". O B.O. não esclarece quem dirigia o carro. Segundo relatos de quem testemunhou o acidente, Ralf deixou o local acompanhado de um segurança antes da chegada da Polícia Militar.

Polícia Civil fez perícias neste sábado (12) após acidente de Ralf, do Corinthians - Lucas Faraldo/UOL - Lucas Faraldo/UOL
Imagem: Lucas Faraldo/UOL

De acordo com o SPTV, da TV Globo, Ralf prestou depoimento na tarde de sábado, no 30º Distrito Policial, no bairro do Tatuapé. Ainda será ouvida pelo delegado responsável pelas investigações a vítima do atropelamento, que se encontra internada na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Também deve prestar novo depoimento o dono da casa, que passou parte da última madrugada justamente prestando testemunho, mas no 31º Distrito Policial, na Vila Carrão, junto com o irmão de Ralf.

Segundo pessoas próximas do jogador, Ralf e os outros presentes no veículo fugiam de um possível assalto no momento do acidente.

Dia seguinte tem diferentes perícias na cena de investigação criminal

Acionada para checar suspeita de crime de lesão corporal em decorrência de atropelamento, a Polícia Militar chegou ao local do acidente ainda no fim de noite de sexta, quando coletou alguns testemunhos. A partir da manhã deste sábado, a PM foi novamente à rua, desta vez com função de preservar o local para as perícias da Polícia Civil e ajudar no controle do trânsito da região.

Seguradora acionada por Ralf retirou, neste sábado (12), carro do local do acidente - Lucas Faraldo/UOL - Lucas Faraldo/UOL
Imagem: Lucas Faraldo/UOL

Pela manhã, quem realizou a primeira perícia foi o DIPOL (Departamento de Inteligência Policial), tirando fotos das cenas do possível crime e coletando imagens de câmeras de segurança da região. Pela tarde, o IIRGD (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt), braço do DIPOL, fez uma segunda perícia — o órgão é acionado quando há dúvida sobre o autor de eventuais crimes.

Em aproximadamente duas horas de perícia no carro de Ralf, voltada à coleta de impressões digitais para ajudar na investigação de quem dirigia e confirmar quem estava no veículo, o IIRGD utilizou reagentes químicos no veículo para alimentar um software da Polícia Civil chamado AFIS — sistema de comparação de impressões digitais.

"O carro é do jogador. Claro que haverá digitais dele. Mas tentamos checar também o volante, as setas, ver se achamos alguma coisa", explicou um dos investigadores, que usava máscara e luvas por conta do manuseio dos reagentes químicos. Os produtos deixaram manchas pretas em praticamente toda a lataria do automóvel.

O carro foi liberado depois de aproximadamente 20 horas do acidente. O funcionário da seguradora contratada por Ralf, responsável por guinchar o veículo, ainda precisa preencher um laudo a fim de preservar evidências, obrigatório em ocorrências com vítimas.

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