Topo

Rusgas com cúpula e pressão interna fizeram diretor deixar o Cruzeiro

Sergio Nonato dos Reis (à direita) ocupava o cargo de diretor geral do Cruzeiro - Bruno Haddad/Cruzeiro
Sergio Nonato dos Reis (à direita) ocupava o cargo de diretor geral do Cruzeiro Imagem: Bruno Haddad/Cruzeiro

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

08/10/2019 04h00

Sérgio Nonato deixou a diretoria do Cruzeiro na última sexta-feira (4). Por meio de um comunicado, ele informou o pedido de demissão, alegando uma tentativa de pacificação do ambiente do clube. No entanto, a saída tem motivos maiores. A pressão interna vinda do Conselho Deliberativo e as rusgas com Itair Machado, seu antigo aliado, o fizeram deixar a Toca da Raposa II.

O principal motivo foi a rixa com Itair Machado. Coordenadores da campanha do presidente Wagner Pires de Sá, em 2017, a dupla não se comunicava com a mesma frequência de outrora. A divulgação dos problemas internos e o afastamento de Itair pela justiça deixaram a dupla fora de sintonia no dia a dia do clube.

Serginho, como o ex-diretor é conhecido, já havia dado indícios do problema com o vice-presidente de futebol há mais tempo. Em junho passado, quando concedeu entrevista à Rádio 98 FM, de Belo Horizonte, o ex-diretor do clube disse que não se envolvia em questões do futebol, alvo das acusações feitas em maio passado.

A intenção do dirigente era se livrar dos problemas e deixar a cargo do departamento de futebol, liderado pelo antigo aliado, Itair Machado. A posição de Serginho frente à situação fez com que ele perdesse prestígio com aquele que era o braço direito de Wagner Pires de Sá nos bastidores.

Mas não foi só a rusga com o antigo aliado que o tirou da Toca da Raposa II. Houve também a pressão vinda do Conselho Deliberativo. O montante recebido pelo dirigente é o que o transformou em alvo dos conselheiros.

Serginho faturou mais de R$ 1,9 milhão no ano passado. O valor foi bastante contestado e fez com que a diretoria mudasse os termos de seu contrato. À época, o vice-presidente Hermínio Francisco Lemos informou a Zezé Perrella, presidente do Conselho Deliberativo, por meio de nota, que foram feitas rescisões de contratos de conselheiros do clube.

"Servimo-nos da presente para informar à V. Sa. que já foram feitas as rescisões [distratos] referentes aos contratos de prestação de serviço de conselheiros do Cruzeiro Esporte Clube, inclusive em razão da necessidade de redução de custos e em observância à recomendação do Conselho Deliberativo, conforme ofício encaminhado em 10/06/2019", escreveu.

Serginho começou o atual mandato de Wagner Pires como diretor de comunicação do Cruzeiro, mas tornou-se diretor-geral ainda no ano passado. Em maio deste ano, ele teve seu nome envolvido nas denúncias de suspeita de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsificação de documentos.

Em julho, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão em sua residência, assim como nos domicílios de Wagner Pires e Itair Machado, além das sedes do Cruzeiro, da Máfia Azul, principal torcida organizada, e nos Centros de Treinamento da Toca da Raposa I e II. Desde então, Serginho passou a conviver com forte pressão nos bastidores e também dos torcedores para renunciar ao cargo no Cruzeiro.