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Saída de Mancini expõe trajetória de indecisões da diretoria do São Paulo

Marcello Zambrana/AGIF
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

30/09/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Mancini entendeu que assumiria o cargo de técnico do São Paulo até o fim da temporada
  • Para a diretoria, o plano era ter Mancini como técnico apenas no jogo contra o Flamengo
  • "Houve um mal-entendido", reconheceu Raí, o executivo de futebol do Tricolor, no Maracanã
  • Problemas similares já tinham acontecido nas saídas de Diego Aguirre e André Jardine

A saída conturbada do coordenador técnico Vagner Mancini do São Paulo, com pedido de demissão e áudio vazado, expõe uma sequência de hesitações e mudanças súbitas de decisão da diretoria tricolor. Havia acontecido nas demissões dos treinadores Diego Aguirre e André Jardine, por exemplo, e voltou a ocorrer na última semana.

Um problema de comunicação fica evidente na saída de Mancini, que se demitiu por se sentir "constrangido e desprestigiado" pelo São Paulo. Em sua versão, a diretoria teria indicado que ele assumiria o cargo de técnico até o final da temporada, mas mudou de planos após ouvir opiniões de alguns jogadores - que pediram Fernando Diniz. Do outro lado, o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, disse ao Blog do PVC que o plano original era ter Mancini de técnico apenas no jogo contra o Flamengo.

"Houve um mal-entendido", reconhece Raí, o executivo de futebol do Tricolor, no Maracanã, depois de o time ter empatado por 0 a 0 com Flamengo. Para além do conflito de versões, houve também ambiguidade na condução do caso. Na entrevista coletiva que oficializou a saída de Cuca, Raí chegou a dizer que "não estava definido" que o São Paulo buscaria um técnico e que havia "muito pouco tempo" para um novo profissional chegar e comandar o time contra o líder do Brasileirão, no sábado. Fernando Diniz foi anunciado cerca de oito horas depois.

Questionado pelo UOL Esporte, Mancini diz não ter gostado da condução do caso por parte da diretoria, e veio daí o pedido de demissão. O vai e vem de declarações no São Paulo lembra as saídas de Diego Aguirre e André Jardine, cujas demissões aconteceram pouco depois de entrevistas de Raí que sugeriam permanência.

O caso do uruguaio é simbólico. Em novembro de 2018, após o Tricolor empatar com o Corinthians tendo um jogador a mais, Raí tentou esfriar o clima dizendo que o São Paulo "não avaliaria Aguirre apenas por um ou alguns jogos". O técnico caiu menos de 24 horas depois.

O filme se repetiu no início desta temporada, quando a pressão aumentou sobre André Jardine após derrota para o Talleres (ARG), na Libertadores. Na ocasião Raí voltou a refutar a possibilidade da saída do treinador naquele momento. "Não. No que depender de mim... Obviamente tenho a convicção de quando o escolhi. É só o começo, é o primeiro jogo da Libertadores", falou, dizendo acreditar em uma virada e no trabalho do técnico. Jardine perdeu o cargo uma semana depois, quando a eliminação foi confirmada.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do informado anteriormente, o técnico Diego Aguirre é uruguaio, e não argentino. O erro foi corrigido.
Ao contrário do informado anteriormente, o jogo entre Flamengo x São Paulo terminou 0 a 0, e não 1 a 1. O erro foi corrigido.

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