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Torcedor que perdeu a mão sustentava família e fará aniversário após final

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Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/09/2019 15h55

Weslley Pontes foi ontem (17) ao Aeroporto Afonso Pena atrás de um presente de aniversário: ver o time do Athletico Paranaense embarcar rumo à final da Copa do Brasil, que será decidida contra o Internacional hoje, às 21h30, no Beira-Rio, em Porto Alegre. Atleticano desde pequeno, Weslley trabalha com culinária e fará 39 anos um dia após o jogo. O desfecho passou longe dos planos do torcedor para aquela tarde: perdeu a mão ao acender um sinalizador de fumaça.

"Está internado, passou por uma cirurgia, mas está bem. Talvez precise fazer mais cirurgias. Ele me ajuda nas despesas. Eu sou aposentada, por idade, mas trabalho em escola. Ele me ajuda nas despesas", contou a mãe Ana Maria Pontes, 61, em contato com o UOL Esporte.

Este é um novo drama na vida de Weslley, ocorrido um ano depois do suicídio do irmão mais velho. A família de Wesley vive perto da Arena da Baixada, no centro de Curitiba. Na casa, vivem o torcedor, a mãe, o irmão mais novo e o filho do irmão mais velho, falecido. "É todo mundo atleticano. Ele, meu outro filho... Eles sempre viajavam. Começou desde pequenos, com 12 anos eles já iam pro jogo. O mais velho, falecido, ia com um amigo", contou Ana.

A mobilização para ajudar Weslley tem sido grande. Vários torcedores demonstraram a intenção de ajudar o acidentado na recuperação. Segundo sua mãe, uma fisioterapeuta se dispôs a trabalhar na recuperação. Um empresário, não identificado, entrou em contato com a família para oferecer uma prótese.

A organizada "Os Fanáticos,"ligada ao Athletico e da qual Weslley faz parte, está pedindo doação fundos para custear o tratamento.

Apaixonado pelo Furacão perdeu irmão para a depressão

"Ele é um cara muito bom, vinha sustentando a família. Ele cuida da mãe, da filha e do sobrinho, já que o irmão se suicidou no ano passado", contou Luiz Gumulski, colega de torcida organizada de Weslley. "Leli", como é conhecido, era muito ligado ao irmão, Weverson, o "Preto", que além do sobrinho que mora com Weslley deixou outro filho, este sob a guarda da mãe.

O irmão de Weslley andava ausente das viagens com a torcida e dos jogos algum tempo antes do falecimento, com comportamento depressivo. Amigos e familiares evitam o tema, ainda muito presente. No próximo dia 3 de outubro, sua morte completa um ano e dois meses.

O próprio Weslley é pai de uma garota. Internado, se preocupa com o resultado da final de hoje.

A mãe do torcedor relatou o que ouviu do filho sobre o acidente: "Ele conta que nem era dele, ele não é de mexer nessas coisas, de fogos, fumaça. Brigava com quem queria soltar foguete. O rapaz pediu o isqueiro para ele, e ele disse 'então deixa que eu acendo'. Me disse que viu que não estava saindo fumaça e ele abaixou. E eu agradeço a Deus que não tenha explodido no rosto dele", contou.

Ana agradeceu a mobilização e toda a ajuda oferecida. "Ele estava desempregado, fazendo eventos. Ele trabalhou fazendo hambúrgueres. O drama agora é arrumar um serviço", afirmou.

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