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Caso Daniel

Cristiana Brittes diz que "marido foi tomado pelo ódio"; veja depoimentos

Karla Torralba

Do UOL, em São Paulo

06/09/2019 04h00

Os sete réus envolvidos no assassinato do jogador Daniel Correa em outubro de 2018 falaram à Justiça pela primeira vez na quarta-feira (4) em São José dos Pinhais (PR), mas apenas quatro deles responderam perguntas durante o interrogatório. Cristiana Brittes afirmou que Daniel a importunou sexualmente e que o marido Edison, que confessou ter matado o Daniel, foi "tomado pelo ódio".

O UOL teve acesso aos depoimentos em vídeo disponibilizados no processo. Assista acima a trecho editado do material.

Cristiana diz que foi importunada e pediu ajuda

Acusada de homicídio, fraude processual e coação de testemunha, Cristiana Brittes afirmou ter acordado em sua cama com o jogador em cima dela e que pediu ajuda para que ninguém batesse ou matasse o jogador. "Meu marido estava tomado pelo ódio. Foi uma raiva que eu nunca vi. Eu pulei a janela para chamar ajuda", contou.

Acusada de homicídio porque teria dito "não deixa matar ele aqui dentro de casa", Cristiana negou que tenha dito a frase e ressaltou pedidos de ajuda durante as agressões a Daniel. "Eu não queria que batesse, muito menos que matasse. Eu pedia ajuda. pro Mineiro [Lucas Mineiro, testemunha do caso] chamar a polícia e ele colocou a mão na cabeça e falou que não poderia fazer nada. A todo momento pedia pra alguém fazer algo. Mesmo quem estava batendo ninguém fazia nada".

Para o assistente da acusação e advogado da família do jogador, Nilton Ribeiro, "Cristiana apresentou um ataque covarde e cruel contra a memória do jovem Daniel. A mesma não teve coragem de responder à Assistência de Acusação que representa a família da vítima. Sua fala demonstrou inequívoca frieza e desprezo pela vida humana."

Edison Brittes manifestou direito de ficar calado

Foram feitas três perguntas a Edison Brittes em um depoimento que durou 3min44. Terceiro envolvido no crime do dia a falar, o réu pediu e para ser ouvido por último, mas teve o pedido negado pela juíza Luciani Martins de Paula. Assim, manifestou o direito de ficar calado.

"Queria fazer o pedido para ser ouvido por último mesmo porque podem vir acusações a minha pessoa na qual eu preciso me defender", falou Edison. A juíza explica que ele pode ser interrogado novamente se restarem dúvidas, mas o réu nega responder.

A juíza questionou o que aconteceu no dia 27 de outubro, dia do assassinato. Edison respondeu que ficaria calado. Depois, o Ministério Público perguntou se Edison estava no endereço da casa da família, em São José dos Pinhais na manhã do crime e o réu novamente se calou. Por fim, o assistente de acusação Nilton Ribeiro quis saber se Brittes já conhecia Daniel, e novamente ficou sem resposta. Não responder é um direito do acusado.

Allana Brittes diz que não tentou esconder crime; pai pediu desculpas

Allana Brittes colocou mais uma pessoa entre os agressores, Eduardo Purkote. Ela ainda afirmou que foi o gêmeo que quebrou o celular de Daniel. Sobre o pai, a ré por fraude processual e coação de testemunha disse que Brittes pediu desculpas a ela após retornar do local do crime.

"Eu perguntei o que aconteceu e ele me abraçou e falou 'me perdoa, só quis proteger sua mãe'", falou.

Allana havia falado com a família de Daniel após o crime, quando despistou sobre o que teria acontecido com o jogador. Segundo afirmou em depoimento, ela queria proteger a própria família. "De maneira nenhuma eu tentei esconder. As coisas foram acontecendo. Era meu pai, era minha mãe, era minha família. Enquanto meu pai não achasse advogado, eu precisava proteger. Ele é meu pai e é tudo pra mim", contou.

O advogado da família de Eduardo Purkote, Ricardo Dewes, rebateu o depoimento de Allana. "Estamos perplexos com as contradições que estão surgindo nesse caso. Se comparar o depoimento da Allana à policia com o depoimento dado ao judiciário não parece ser da mesma pessoa. Isso apenas demonstra o quanto essas pessoas estão sendo conduzidas a modificar a verdade dos fatos o que traz cada vez menos credibilidade aos seus depoimentos".

Edison Brittes Júnior, Cristiana Brittes, Ygor King, David Vollero e Eduardo Henrique Silva permanecem presos acusados de homicídio. Evellyn Perusso responde por falso testemunho em liberdade e Allana Brittes, por coação de testemunha e fraude processual.

Agora a Justiça aguarda manifestações do Ministério Público e das defesas para decidir se o caso vai a júri popular.

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