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Fla redime geração inteira, espanta fantasma e sonha com história pós-Zico

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/08/2019 04h00

O empate por 1 a 1 do Flamengo contra o Internacional e a consequente vaga para a semifinal da Libertadores significaram uma espécie de libertação de toda uma geração de rubro-negros. Como o clube não chegava até esta fase desde 1984, quando não avançou em um grupo formado por Grêmio e ULA (VEN) (a competição era disputada em outro formato), um fantasma começa a ser espantado entre os rubro-negros.

Para se ter ideia, nenhum jogador do atual time era sequer nascido na última vez que o time chegou tão perto de uma final do torneio continental.

Nestes últimos 35 anos, as tentativas de chegar ao bicampeonato da América do Sul foram sempre frustradas, e muitas delas marcadas por requintes de crueldades com a torcida, que foi alvo de todo tipo de gozação durante todo este tempo. Para ilustrar as dificuldades do Fla no torneio, foram quatro quedas na fase de grupos (2002, 2012, 2014 e 2017). A seca é tão extensa que nenhum dos jogadores do atual elenco tinha sequer nascido desde a última semi.

Quando pintava como um dos favoritos, um fantasma paraguaio chamado Cabañas assombrou a "Nação". Após vencer o América do México por 4 a 2, o time perdeu por 3 a 0 no Maracanã, com três gols do atacante, placar que tirou o time da edição de 2008.

Este espaço de tempo coincide com os últimos anos de Zico no clube. Líder da era de ouro que culminou com a Libertadores e o Mundial de 81, o Galinho estava na Udinese-ITA quando o time chegou perto do bicampeonato. O Tricolor gaúcho, coincidentemente o próximo adversário, venceu a chave e encarou o futuro campeão Independiente-ARG na finalíssima.

Flamengo - Conmebol/Divulgação - Conmebol/Divulgação
Zico levanta a Libertadores de 81, a única do clube em toda a história
Imagem: Conmebol/Divulgação

"Não ganhamos nada, temos o objetivo que é chegar na final. Precisamos nos manter serenos. Os torcedores têm sido incansáveis. Demos mais um passo, nada mais do que isso", ponderou o técnico Jorge Jesus.

Apesar das declarações comedidas, o português entende a dimensão da alegria vermelha e preta. Ao lado dos jogadores, festejou perto da torcida ainda no campo do Beira-Rio. Ele gesticulou e acompanhou as músicas dos cerca de 2,5 mil rubro-negros que foram até Porto Alegre.

"Não é a maior torcida do Brasil, é a maior do mundo. Não tem torcida com tanta paixão como a do Flamengo. É uma sensação boa. Queremos muito estar no Chile, mas sabemos que não é fácil. As outras equipes que estão têm até mais experiencia que nós, já estiveram várias vezes em finais", opinou o comandante.

Essa virada no clube coincide com a guinada econômica que tem início em 2012, assim que Eduardo Bandeira de Mello assumiu a presidência. Nestes anos, o trabalho de saneamento financeiro foi colocado em curso e o clube passou de chacota à modelo. Com a casa em ordem, a direção foi ao mercado com muita fome e disposta a recolocar o clube no topo. Com Arrascaeta, Gabigol, Gerson, Filipe Luís, Bruno Henrique e Rafinha, demonstrou seu poderio e mandou um claro recado aos rivais.

"Jogar aqui não tem explicação, só quem faz parte da Nação sabe quão importante é vestir essa camisa", garantiu Bruno.

O sonho de voltar ao topo está cada vez mais real para o Flamengo e sua torcida. Com o modo "Rumo a Tóquio" ativado, o bordão "deixou chegar" voltou com força entre os rubro-negros.

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"Pela Copa": mosaico dá dimensão do desejo do Flamengo por título da Libertadores
Imagem: Leo Burlá / UOL Esporte