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Romário tem R$ 82 mil bloqueados para quitar ação que perdeu contra Dunga

Ex-jogador Romário  - Renato Costa/folhaPress
Ex-jogador Romário Imagem: Renato Costa/folhaPress

Bruno Thadeu

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/08/2019 12h16

Companheiros de quarto na disputa da Copa do Mundo, nos Estados Unidos, em 1994, Romário e Dunga se tornaram inimigos décadas depois e agora se enfrentam na Justiça. O Baixinho perdeu ação contra o ex-volante por dano moral e teve R$ 82,3 mil bloqueados judicialmente para pagar as custas processuais, estimadas em R$ 93 mil.

A Justiça do Distrito Federal colocou em juízo esse valor retirado da conta de Romário. Ao UOL Esporte, a defesa de Dunga diz que a dívida subiu para R$ 108 mil, com juros e correções.

"Estamos aguardando o recebimento dessa quantia em juízo [R$ 82,3 mil] e vamos buscar a penhora dos valores restantes", informou Diogo Souza, advogado de Dunga.

O advogado de Romário, Luiz Sérgio Vasconcelos Júnior, informou à reportagem que entrou com recurso contestando o bloqueio.

O desentendimento entre Romário e Dunga começou em 2015. O ex-atacante concedeu entrevista ao jornal "Gazzeta dello Sport" dizendo que havia "interesses por trás" nas convocações de Dunga, então técnico da seleção brasileira.

"Dunga é meu amigo, mas não é a sua hora. Não se convoca mais os melhores, há interesses por trás", declarou Romário na época.

"Você viu a convocação? Todos pertencem aos empresários que lucram com convocações. É evidente para todos", complementou o senador.

Dunga fez representação contra Romário em Brasília

Insatisfeito com a declaração de Romário, Dunga entrou com representação junto à Comissão de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, em abril de 2016. Dunga também protocolou queixa-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o senador respondesse por injúria e difamação.

As denúncias foram arquivadas pelo Senado e STF pelo fato de Romário ter imunidade parlamentar.

Romário, por sua vez, considerou que foi ofendido moralmente por Dunga no Senado e no STF e entrou com ação no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, em 2017, por danos morais.

A Justiça considerou improcedente o pedido de Romário em 1ª instância. O valor da ação registrada por Romário era de R$ 500 mil.

Além de rejeitar o processo do senador, o Tribunal determinou que o Baixinho arcasse com os honorários, fixados em 16% do valor da ação, mais correções.

A defesa de Romário recorreu, mas a decisão foi mantida em 2ª instância. Em agosto de 2018, o Baixinho sofreu novo revés, desta vez no STJ.

O Tribunal de Justiça-DF chegou a ordenar o bloqueio de 20% do salário de senador de Romário do mês de novembro de 2018 para quitar os valores referentes às custas processuais. Foram retidos R$ 2.210,05, equivalentes a 20% do ordenado como parlamentar.

Em novembro do ano passado, os advogados de Romário recorreram e conseguiram desbloquear os 20% do salário do senador, mas foi mantida em juízo a quantia de pouco mais de R$ 82 mil.

Outro atleta do tetra encara Romário nos tribunais

A declaração de que "havia interesses por trás" nas convocações de Dunga atingiu outro ex-jogador campeão em 94: Gilmar Rinaldi, goleiro reserva da seleção no Mundial dos EUA.

Rinaldi trabalhava como coordenador de seleções da CBF na passagem de Dunga como treinador da seleção. Assim como Dunga, Rinaldi denunciou Romário na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar do Senado e no STF.

Romário também entrou com ação contra Rinaldi por dano moral: R$ 500 mil. A Justiça rejeitou o pedido de Romário e fixou em 10% o valor dos honorários. A defesa do senador recorreu em 2ª instância. A decisão foi mantida, mas as custas processuais foram reduzidas para 1%. Cabe recurso.