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Estreante, VAR do Campeonato Inglês tem protocolo semelhante ao da CBF

VAR é acionado para analisar o gol de Gabriel Jesus, na partida entre West Ham e Manchester City - REUTERS/David Klein
VAR é acionado para analisar o gol de Gabriel Jesus, na partida entre West Ham e Manchester City Imagem: REUTERS/David Klein

Beatriz Cesarini

Do UOL, em São Paulo

13/08/2019 04h00

No último fim de semana, a bola voltou a rolar no Campeonato Inglês com uma grande novidade: a estreia do árbitro de vídeo. Com protocolo semelhante ao da CBF, o uso da tecnologia na Inglaterra foi alvo de elogios justamente pela agilidade ausente nos jogos do Brasileirão.

Com a filosofia de "mínimo de interferência - máximo benefício", a utilização do VAR tanto para a Premier League quanto para a CBF cabe a quatro incidentes iguais: gols, decisões em pênaltis, cartões vermelhos diretos e identidade equivocada.

Se as premissas são similares, por que um é elogiado e outro mergulha cada vez mais nas críticas? A agilidade na ação do VAR é um dos principais motivos. Na goleada do Manchester City sobre o West Ham no último sábado (10), o árbitro, com auxílio da tecnologia, levou um minuto e dois segundos para analisar e anular o gol de Gabriel Jesus por impedimento.

O Brasil sai perdendo em um lance muito parecido. No dia 21 de julho, no empate por 1 a 1 entre Corinthians e Flamengo, o VAR usou cinco minutos e 15 segundos para validar um gol marcado por Gabriel, que tinha sido anulado por impedimento inicialmente.

No empate por 2 a 2 entre Palmeiras e Bahia no último domingo, o VAR entrou em ação nos dois pênaltis marcados a favor da equipe nordestina. Apesar disso, a demora até a decisão foi tão longa que o jogo teve 10 minutos de acréscimo.

Segundo o ex-árbitro Sálvio Spínola, o equipamento utilizado pela Premier League é melhor, porque consegue chegar ao ponto do lance crucial de maneira ágil com o uso de uma roda. Já no Brasil, a seleção de imagens é feita com um teclado e, consequentemente, diminui a velocidade da análise.

A Premier League se preparou durante dois anos para afinar ao máximo todo o sistema do árbitro de vídeo. Deste modo, embora tenha um protocolo semelhante ao da CBF, alguns pequenos detalhes já mostram como o uso da tecnologia tem mais qualidade na Inglaterra.

A transparência é um dos fatores enaltecido no uso do VAR na Premier League. E essa é uma das diferenças entre Brasil e Inglaterra. Enquanto árbitro e equipe de vídeo analisam um lance, as imagens são exibidas em tempo real no telão do estádio e na transmissão televisionada. Isso evita, de certo modo, a inquietude causada nos espectadores dos jogos enquanto o juiz principal fica com a mão no ouvido escutando opiniões dos colegas.

Além disso, o objetivo da menor interferência possível foi alcançado na primeira rodada da Premier League. Na Inglaterra, por exemplo, a cabine de checagem deve ser utilizada apenas em casos imprescindíveis e a verificação das jogadas de gol precisam ser rápidas, com a decisão tomada antes mesmo do fim da celebração dos atletas. No Brasil não existe essas restrições, assim o árbitro consome o tempo que quiser a fim de acertar no lance.

A Premier League ainda está na primeira rodada, mas já mostrou que pode ensinar muito às competições sul-americanas que utilizam o VAR.