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Dúvidas na final confirmam VAR em xeque após Copa América polêmica

Diego Salgado, José Edgar de Matos e José Eduardo Martins

Do UOL, em São Paulo

08/07/2019 04h00

O desfecho da Copa América manteve a arbitragem e o VAR como centro das atenções. O árbitro de vídeo ficou definitivamente em xeque após segunda aparição em um grande torneio no futebol masculino.

O último capítulo desse roteiro repleto por polêmicas foi marcado pela expulsão de Gabriel Jesus, um pênalti discutível de Thiago Silva e ainda uma penalidade máxima em cima Éverton na área, que consolidou a vitória do Brasil por 3 a 1 sobre o Peru - Richarlison converteu e garantiu o título brasileiro no Maracanã.

Usado pela primeira vez na Copa América, depois da utilização na Copa do Mundo da Rússia, o árbitro de vídeo recebeu críticas contundentes, especialmente dos argentinos, que se sentiram prejudicados nos duelos com o Brasil, na semifinal, e com o Chile, na decisão do terceiro lugar da competição. As opiniões sobre o sistema vieram por meio dos comandantes da seleção: o técnico Lionel Scaloni e Messi, expulso de campo ainda no primeiro tempo.

Após o jogo contra o Chile, o treinador colocou em xeque os critérios do VAR e a postura do árbitro paraguaio Mario Díaz de Vivar. Ao mesmo tempo, na zona mista da Arena Corinthians, o camisa 10 disparava contra a Conmebol, na mesma linha crítica da partida anterior. Diante do Brasil, o craque argentino reclamou de supostos pênaltis não marcados. Para ele, o árbitro de vídeo tinha de ser chamado para a análise mais detalhada dos lances.

VAR - REUTERS/Luisa Gonzalez - REUTERS/Luisa Gonzalez
Julio Bascuñan consulta o VAR durante o duelo Brasil x Venezuela, na primeira fase da Copa América
Imagem: REUTERS/Luisa Gonzalez

O final da Copa América, porém, contrastou com o início da competição. Embora tenha sido muito usado - em 13 das 18 partidas da primeira fase -, o VAR se manteve blindado das críticas. O Brasil, por exemplo, viu-se diante de uma situação inusitada contra a Venezuela, depois de de dois gols anulados pela arbitragem, com consulta ao VAR. Tite, em seguida, reconheceu que os gols foram irregulares.

Nas quartas, nem mesmo um pênalti invalidado contra o Paraguai - o árbitro assinalou a penalidade máxima, depois voltou atrás e marcou falta fora da área - fez a seleção brasileira reclamar das marcações. Os chilenos, por sua vez, viram a arbitragem anular dois gols contra a Colômbia, mas as marcações não geraram polêmicas. No duelo Uruguai x Peru, no entanto, a imprensa uruguaia questionou um gol anulado de Cavani.

Pressão aumenta na reta final

Os jogos decisivos trouxeram consigo as polêmicas mais profundas. A Argentina se sentiu prejudicada no confronto com o Brasil, que valia vaga na final da Copa América. Para eles, Agüero sofreu pênalti de Daniel Alves, e Otamendi foi derrubado por Arthur na área. Messi, então, não economizou nas críticas.

Messi - Ueslei Marcelino/Reuters - Ueslei Marcelino/Reuters
Depois de ser expulso de campo, Messi fez duras críticas à arbitragem, ao VAR e à Conmebol
Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

"Ficamos na bronca porque fizemos uma grande partida para terminar dessa forma. Eles não foram superiores a nós. O segundo gol saiu de um contra-ataque após não darem um pênalti para nós. Cansaram de marcar besteiras nesta Copa América e hoje não foram nenhuma vez ao VAR", disse Messi.

Na decisão do terceiro lugar, o descontentamento argentino aumentou. Na avaliação da seleção, o lance que culminou na expulsão de Messi, com desentendimento com o chileno Medel, tinha de ser revisto no vídeo. Até mesmo Reinaldo Rueda, técnico do Chile, disse que ambos os jogadores mereciam apenas cartão amarelo.