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Brasil supera tensão de expulsão, vence Peru e é campeão da Copa América

Danilo Lavieri, Léo Burlá, Marcel Rizzo, Pedro Lopes e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

07/07/2019 18h57

O Brasil é campeão da Copa América pela nona vez. Com muito mais drama do que o esperado, a seleção derrotou o Peru e voltou a conquistar a competição depois de 12 anos. Gabriel Jesus foi o grande nome da final disputada na tarde de hoje no Maracanã, com um gol e uma assistência, e conduziu a vitória por 3 a 1, mesmo sendo expulso no segundo tempo. Everton Cebolinha também teve participação preponderante no duelo com um gol e um pênalti sofrido no final.

O cartão vermelho do camisa 9 deixou o jogo tenso, com a seleção peruana se lançando ao ataque e levando perigo a Alisson. Mas os gols de Everton, Gabriel Jesus - esses dois na primeira etapa - e Richarlison deram a paz que Tite e companhia tanto buscavam nesta Copa América. Paolo Guerrero descontou para o Peru, de pênalti, também no primeiro tempo.

Ainda que a final tenha ganhado ares dramáticos por alguns minutos, o título coroa uma campanha invicta e dominante do Brasil, capaz de ostentar o melhor ataque, com 12 gols em seis partidas, uma defesa que foi vazada pela primeira vez hoje e as melhores marcas em dribles, finalizações, passes certos e posse de bola.

Gabriel Jesus expulso - Chris Brunskill/Fantasista/Getty Images - Chris Brunskill/Fantasista/Getty Images
Gabriel Jesus recebe o cartão vermelho na decisão diante do Peru
Imagem: Chris Brunskill/Fantasista/Getty Images

Quem foi bem: Gabriel Jesus e Everton

A expulsão, que gerou dúvidas e deixou o atacante revoltado, não apaga a enorme atuação de Jesus na tarde de hoje no Maracanã. Um jogador de apenas 22 anos, que sofreu com críticas pesadas na última Copa do Mundo, mas que apareceu para decidir no mata-mata da Copa América. Converteu o último pênalti contra o Paraguai, fez gol e deu assistência na semifinal contra a Argentina e repetiu essa dose contra o Peru, sempre com muita personalidade.

Outro jogador que desequilibrou na partida foi Everton Cebolinha, artilheiro da competição ao lado de Guerrero e melhor da final por votação popular. O jogador do Grêmio anotou o primeiro gol da partida e foi o responsável por dar tranquilidade ao Brasil no momento de maior tensão ao sofrer o pênalti no final do jogo. A cobrança acabou convertida por Richarlison.

Quem foi mal: Miguel Trauco

O flamenguista até fez uma boa Copa América ofensivamente, mas contra o Brasil foi presa fácil para o melhor jogador do mata-mata da competição. Gabriel Jesus venceu a maioria dos duelos contra Trauco, como no primeiro gol brasileiro, ao driblá-lo com facilidade. Até na hora de marcar o camisa 9 canarinho se sobressaiu.

Tite vibra como nunca para ser o 10º campeão pelo Brasil

É comum ver Tite pilhado à beira do campo. Grita, gesticula e até imita o gesto dos jogadores antes de uma chance de gol. Nas comemorações, vibra, corre e abraça quem estiver em volta. Mas hoje o técnico se entregou ainda mais. Discutiu com a arbitragem, colou na linha lateral e gritou até ser possível ouvi-lo pela transmissão oficial da Copa América. Intenso como gosta que seus times sejam, até a hora de celebrar seu primeiro título pela seleção. Tite entra para um seleto grupo de apenas dez treinadores campeões com a equipe canarinho.

Tite na final da Copa América entre Brasil e peru - MAURO PIMENTEL / AFP - MAURO PIMENTEL / AFP
Tite na final da Copa América entre Brasil e peru
Imagem: MAURO PIMENTEL / AFP

Atuação do Brasil

Mais um bom primeiro tempo, com toques envolventes e ultrapassagens, que podem pautar a renovação comandada por Tite após a Copa do Mundo. Mas um segundo tempo de nervosismo extremo e alguns exageros em jogadas individuais, principalmente com Philippe Coutinho. O meia, aliás, é o grande ponto de questionamento a Tite, já que esteve muito mal nesta Copa América e só foi sacado do time hoje quando a expulsão de Jesus exigiu uma mudança tática com a entrada de Militão e o avanço de Daniel Alves para o meio.

Atuação do Peru

Coragem pode definir a campanha do Peru na Copa América. Um time que confia e banca seu estilo de jogo, baseado em toques rápidos e velocidade, para aproveitar os talentos individuais do ataque. Ricardo Gareca merece ter o prestígio que tem, ainda mais por manter o time competitivo diante de momentos adversos, como a goleada por 5 a 0 para o Brasil na primeira fase, os confrontos pesados contra Uruguai e Chile e a vantagem brasileira na etapa inicial.

Guerrero - REUTERS/Pilar Olivares - REUTERS/Pilar Olivares
Imagem: REUTERS/Pilar Olivares

Cronologia do jogo

Assim como na primeira fase, o Peru decidiu se arriscar. Com um posicionamento mais avançado, tentou pressionar a saída brasileira e controlar a posse no campo de ataque. De novo o Brasil teve problemas, mas de novo conseguiu um gol razoavelmente cedo para desmontar a estratégia peruana. Aos 14 minutos, Gabriel Jesus driblou três marcadores de uma vez e cruzou na medida para Everton bater de primeira e abrir o placar.

A seleção de Tite passou a jogar melhor, com tabelas rápidas e poucos riscos defensivos, só que recuou demais e permitiu que o Peru voltasse ao controle da partida. Christian Cueva chamou a responsabilidade e criava as melhores chances peruanas, inclusive a jogada que terminou com pênalti controverso de Thiago Silva. Por estar com o braço apoiado no chão, o toque de mão não deveria configurar pênalti, como fez o árbitro chileno Roberto Tobar mesmo após consulta ao VAR.

Everton - REUTERS/Ueslei Marcelino - REUTERS/Ueslei Marcelino
Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino

Paolo Guerrero empatou aos 44 minutos do primeiro tempo e deixou os peruanos ainda mais empolgados. Até que Roberto Firmino, nos acréscimos, conseguiu ótimo desarme no campo de ataque. Arthur arrancou, iludiu a marcação e acertou bela assistência para Gabriel Jesus finalizar no contrapé de Pedro Gallese.

O segundo tempo foi tomado por tensão. A partida ficou truncada, cheia de divididas e discussões. Tite não gostava de ver seus jogadores caindo nessa pilha e já mostrava preocupação com Gabriel Jesus, que pouco tempo antes sofrera falta dura de Zambrano e estava discutindo com Advíncula. No lance seguinte, em nova disputa com Zambrano, o árbitro marcou falta do brasileiro e decidiu expulsá-lo pelo segundo amarelo, em nova decisão controversa.

O Brasil precisou mudar a estratégia. Richarlison entrou no lugar de Firmino para dar novo gás ao ataque, enquanto Militão substituiu Coutinho para ser o lateral-direito e deixar Daniel Alves no meio de campo. Tite formou duas linhas de quatro para se defender com jogadores altos, segurando a aposta peruana de buscar os cruzamentos para Guerrero.

Nos minutos finais, Everton voltou a aparecer com suas jogadas individuais e, após passar por dois marcadores, caiu na área. O árbitro considerou o choque de Zambrano faltoso e deu pênalti - confirmado após consulta ao VAR. Richarlison, aposta de Tite e de volta dez dias após ser afastado por caxumba, cobrou e fechou o placar aos 45 minutos.

Neymar faz festa em camarote ao lado de filho

Cortado da seleção brasileira antes do início da Copa América, Neymar conseguiu seguir os passos do time em todo o mata-mata. Hoje, no Maracanã, levou até o filho Davi Lucca para ficar em um camarote, que contava ainda com outros atletas, como Nenê, e com o presidente Jair Bolsonaro, que quase caiu comemorando o primeiro gol do Brasil.

FICHA TÉCNICA
BRASIL 3 x 1 PERU

Data: 7 de julho de 2019, domingo
Horário: 17h (horário de Brasília)
Competição: Copa América (final)
Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Público: 58.504 pagantes (não-pagante: 11.402)
Renda: R$ 38.760.850,00
Árbitro: Roberto Tobar (Chile)
Assistentes: Christian Schiemann e Claudio Rios (ambos do Chile)
VAR: Julio Bascuñan (Chile)
Cartões amarelos: Gabriel Jesus, Thiago Silva e Richarlison (Brasil); Tapia, Zambrano e Advíncula (Peru)
Cartão vermelho: Gabriel Jesus (Brasil)

Gols: Éverton, aos 14, Guerrero, aos 43, Gabriel Jesus, aos 47 minutos do primeiro tempo, e Richarlison, aos 44 minutos do segundo tempo.

BRASIL: Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Alex Sandro; Casemiro, Arthur e Philippe Coutinho (Éder Militão); Gabriel Jesus, Éverton (Allan) e Roberto Firmino (Richarlison). Técnico: Tite.

PERU: Gallese; Advíncula, Zambrano, Abram e Trauco; Tapia (Gonzáles) e Yotún (Ruidíaz); Carrillo (Polo), Cueva e Flores; Guerrero. Técnico: Ricardo Gareca.