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Brasil não decola com apoio em Salvador e revê fantasma da torcida em SP

Torcida da seleção brasileira na Arena Fonte Nova, na Bahia - Lucas Figueiredo/CBF
Torcida da seleção brasileira na Arena Fonte Nova, na Bahia Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Danilo Lavieri, Gabriel Carneiro, Marcel Rizzo e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

19/06/2019 04h00

Chamada pela crônica de 12º jogador, a torcida é parte integral do espetáculo do futebol. Para a seleção brasileira que disputa a Copa América, entretanto, a massa que tem o papel de impulsionar o time está se tornando problema e foco de pressão. Depois de vaias nas duas primeiras partidas, Tite tem a difícil missão de blindar o elenco de seus próprios torcedores para o confronto diante do Peru, no sábado, na Arena Corinthians.

A seleção abriu a Copa América na última sexta-feira, no Morumbi, em São Paulo, palco tradicionalmente hostil e de impaciência da torcida. Foram necessários apenas 45 minutos de dificuldades diante da Bolívia para que as vaias ecoassem.

Com ajuda de um pênalti convertido por Coutinho, o time conseguiu reverter o cenário no segundo tempo, vencendo por 3 a 0. As vaias e a frieza dos torcedores, entretanto, deixaram uma primeira marca entre os jogadores. "Na Bahia o axé é diferente", profetizou Daniel Alves depois do confronto.

Foi no embalo de Dani que a seleção desembarcou em Salvador para encarar a Venezuela pela segunda rodada. Baiano da cidade Juazeiro, o lateral do PSG foi o escolhido para dar entrevista coletiva antes da partida. Quando finalmente entrou em campo ontem, na Fonte Nova, recebeu a maior ovação da noite.

A previsão, entretanto, estava errada. Diante da forte defesa venezuelana, o Brasil encontrou os mesmos obstáculos impostos pela Bolívia, com dificuldades para criar jogadas. As primeiras vaias foram abafadas por uma ala mais otimista da torcida, mas, dessa vez, os atacantes brasileiros não encontraram o caminho das redes. Empate em 0 a 0.

Mesmo com a arbitragem dividindo parta da ira do público na Fonte Nova - foram dois gols da seleção anulados pelo VAR - as vaias foram sonoras, potencializadas pela acústica superior do estádio baiano. Houve até grito de olé em trocas de passes dos venezuelanos.

"A gente espera o apoio até o apito final. De repente (a torcida) começa a gritar olé e a gente não entendeu nada. Segue o jogo. Não é normal, mas vamos continuar focados. Temos um jogo importante para vencer", disse Richarlison, sem esconder o incômodo.

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Tite procurou minimizar o impacto do comportamento dos torcedores, mas admitiu preocupação com o efeito sobre os jogadores, inclusive na forma de jogar, relacionando a impaciência de torcida com ansiedade dentro de campo para definir a partida.

"Tenho (preocupação) sim, porque o atleta não é insensível. Temos que saber trabalhar em cima dessa adversidade. Durante o segundo tempo eu falava "continua tocando, procurando a melhor opção". É a nossa forma de jogar, não adianta fazer de outro jeito. É o modelo da equipe, característica dos atletas. Equipe é impetuosa, tem que saber trabalhar em cima dessas pressões, é o nosso desafio também", disse.

O desafio pode ser multiplicado no sábado, quando a seleção volta a São Paulo. Na Arena Corinthians, os jogadores terão a torcida mais próxima do que nas duas primeiras partidas. Se o público se voltar contra, pode se tornar uma desvantagem para o anfitrião. Um dos jogadores mais experientes do grupo, Thiago Silva espera que isso não aconteça.

"A gente está ciente disso, calejado dessas situações. Se o gol sair rápido, vão ficar do nosso lado. Vaiaram no intervalo em São Paulo, voltamos com o gol e o pessoal ficou feliz. Não é só eles que ficam tristes. a gente também não está contente com o empate. Fica satisfeito como o time se comportou, marcando e correndo para a frente, mas, infelizmente, sem o gol parece que está tudo errado. Precisamos nos adequar a isso e espero que na Arena Corinthians seja diferente".

O confronto diante do Peru no estádio corintiano será às 16h do sábado (22).