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Os erros do passado e o futuro de esperança do São Paulo vice-campeão

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Bruno Grossi e José Eduardo Martins

Do UOL, em São Paulo

22/04/2019 04h00

O São Paulo não conseguiu sair da fila. São seis anos e quatro meses sem nenhuma conquista - e serão 15 sem nenhuma taça do Campeonato Paulista. O insucesso na final de ontem contra o Corinthians pode ser explicado pelo planejamento atropelado e tardio da diretoria. Já a volta a uma decisão depois de tanto tempo passa pelo brilho de uma base extremamente vencedora.

Foram o talento e a ousadia de Luan, Liziero, Igor Gomes e Antony que conduziram o Tricolor de volta a uma final depois de sete temporadas. Os garotos reciclaram o espírito de um clube sempre arrastado, pesado e castigado. Eles mostraram à torcida que o futebol pode ser mais leve, mais bem jogado e mais apaixonante - de dentro para fora de campo.

Mas esse quarteto só teve espaço para ascender porque a diretoria, mais uma vez, derrapou. O diretor-executivo de futebol Raí optou pela saída de Diego Aguirre no fim do Campeonato Brasileiro, o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva chancelou a efetivação de André Jardine, mas o time montado para esta temporada não passava nem perto das ideias do antigo técnico da base.

Jardine sucumbiu abraçado aos jogadores mais velhos e pouco móveis, sem nem ter a chance de usar seus pupilos de Cotia. Vagner Mancini, que se expôs ao aceitar ser interino, teve a coragem necessária para lançar de vez meninos de histórico tão positivo. Mas, quando Cuca chegou, o que se viu foi novamente um elenco com lacunas vitais e preponderantes para que mais um título tenha escapado.

Antony - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Quarteto "made in Cotia" resgata paixão do elenco

Ter em campo jogadores que entendem o que é o São Paulo, que se sentem parte do clube, é algo essencial e que há tempos passava longe do Morumbi. Luan, Liziero, Igor Gomes e Antony conseguiram resgatar esse espírito. Jogaram com prazer, com paixão. Vibraram feito torcedores nas glórias do mata-mata. Choraram feito torcedores com o vice-campeonato.

Eles foram responsáveis por uma mudança geral de cenário no Tricolor. Saiu o comodismo, o amor passageiro que se esgota na primeira dificuldade, como foi visto com Diego Souza, Lucas Pratto e outros tantos jogadores com prazo de validade no clube do Morumbi. E entrou o desejo de ser parte de uma nova história, de reconstrução. A torcida abraçou os meninos e promete lealdade a eles.

Medalhões voltam a ser foco das críticas

Se o clima é de parceria entre torcedores e os jogadores mais novos, alguns dos mais experientes voltaram a estar no foco das reclamações da torcida. Jucilei, Everton e Reinaldo foram os mas criticados pela derrota para o Corinthians na tarde de ontem. As broncas passam pelo rendimento físico, pelo comportamento e pela tímida resposta técnica. Depois queda na Copa Libertadores da América, as reações foram semelhantes e atingiram nomes como Bruno Peres, Diego Souza e Nenê, além do próprio Jucilei. A tendência é que a reformulação no elenco siga para o restante da temporada.

Com só três jogos no comando, Cuca também enfrenta revolta

As críticas da torcida também tiveram o técnico Cuca como alvo. Embora a decisão de ontem tenha sido apenas a terceira partida do treinador à frente do São Paulo, os mais desesperados o apontaram como vilão pelas substituições feitas. Cuca sabe que as trocas não foram as melhores. Lembrou, inclusive, que atropelaram até suas convicções. Mas fez questão de apontar para os buracos no elenco, refletidos pela falta de opções no banco, e para os seguidos problemas físicos.

Não adianta por culpa nas trocas, as opções não eram muitas. Eles usaram três centroavantes até que um fez gol. Nós não tínhamos nenhum
Cuca, sobre as ausências de Liziero e Pablo

Diretoria contratou bem. "Só" perdeu tempo

Essa declaração de Cuca sobre os desfalques e o banco com poucas opções reflete o que foi o planejamento do São Paulo para 2019. Além da falta de convicção no processo Aguirre-Jardine-Mancini-Cuca, a diretoria deixou buracos evidentes no elenco. Liziero não tinha nenhum concorrente ao posto de volante criativo, de construção de jogadas. E o que foi feito?

Time do São Paulo na final do Paulistão - divulgação/São Paulo - divulgação/São Paulo
Imagem: divulgação/São Paulo

Willian Arão foi procurado, mas o negócio não avançou e o jogador ficou no Flamengo. Idem com Júnior Urso, campeão pelo Corinthians. A única contratação para o setor em janeiro foi Willian Farias, que, apesar de barato, não preencheu nenhuma das necessidades são-paulinas. Com Liziero sofrendo com lesões seguidas, Cuca chegou à final sem nenhuma opção para armar o time de trás. Também não tinha centroavantes, já que Pablo se lesionou, Carneiro também e a diretoria abriu mão de Diego Souza (esse com o aval do técnico), Tréllez e do garoto Gabriel Novaes.

Essas duas lacunas foram preenchidas de alguma forma com Tchê Tchê e Alexandre Pato - além de Vitor Bueno. Contratações de impacto, que realmente podem fazer a diferença ao longo da temporada, mas que foram tardias. No Paulistão, a grande chance tricolor de voltar a erguer uma taça, não havia fôlego para o elenco se sustentar.

O vice-campeonato do São Paulo tem um vilão? Quem?

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