Passaporte salvou atacante de tragédia no CT do Flamengo
Henrique Martins, 15 anos, deveria dormir no centro de treinamento do Flamengo na trágica noite de quinta para sexta-feira. Ele chegou ao Rio de Janeiro na quinta-feira (07) para acertar seu contrato com o Flamengo. Desembarcou na hora do almoço no Galeão e seguiu com o pai, Renato Martins, para o CT Ninho do Urubu, onde o negócio seria fechado. A previsão era que o jogador de Criciúma (SC) dormisse no alojamento. A programação só não foi cumprida por um detalhe: faltava o passaporte de Henrique.
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O atacante não tinha o documento, uma das exigências para a assinatura do contrato de empréstimo com o Flamengo. Renato Martins contou que passou com o filho no final da tarde de quinta no centro de treinamento e viu pouco do local. Voltaria no outro dia para conhecer tudo, inclusive a parte dos alojamentos que seria a nova moradia de Henrique.
"Ele estava agendado naquele dia (07) para fazer apresentação no clube, viemos de Santa Catarina. Devido ao deslocamento, chegamos mais no final de tarde no Ninho, umas 17h30. Eu teria que voltar no outro dia para tirar o passaporte, então eu consegui com a assistente social que ele não dormisse ali para ir comigo tirar o documento no Rio", disse Renato Martins ao UOL.
Quando acordou na sexta-feira, o pai do atleta agradeceu a burocracia. Havia 10 pessoas mortas no local em que o filho deveria passar a noite.
"Bendito passaporte. Porque esse passaporte, que eu deveria ter em mãos, mas pela burocracia, sempre deixamos para depois, nos ajudou a ter esse livramento", comentou aliviado.
O dia seguinte foi o da tragédia. Às 5h17 de sexta (08), o alojamento da base do Flamengo, no Ninho do Urubu, pegou fogo e matou 10 pessoas. O alívio de Renato se mistura à tristeza pelas vítimas.
"A assistente falou que muito em breve estariam se mudando do local para uma nova estrutura. Era o sonho de todo menino, imagina".
Henrique foi emprestado pelo Criciúma ao Flamengo e já havia jogado contra Bernardo Pisetta e Vitor Isaías em campeonatos de Santa Catarina. Os dois são mortes confirmadas da tragédia.
O atacante e o pai ficaram sabendo do incêndio pela TV. "O motorista do Uber que viria nos buscar de manhã para resolver o passaporte nos ligou bem cedo e falou para vermos a TV".
Agora pai e filho precisarão de tempo para voltar a pensar em futebol. "Vamos voltar para Santa Catarina. A gente decidiu que é o mais sensato. Tranquilizar a mente. Botar a casa em ordem para ver o que vai fazer. Ele deve voltar, mas não agora, precisamos de um tempo", ressaltou Renato.
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