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Ex-Corinthians não decola e fica encostado em time sub-23 em Portugal

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Imagem: Instagram/Reprodução

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, em Sintra (Portugal)

21/01/2019 04h00

O confronto caminhava para o seu fim quando Pedro Albino descolou cruzamento da direita e encontrou João Cardoso entrando sozinho do outro lado para assegurar a vitória de 1 a 0 do Estoril sobre o Sporting, na última terça-feira, 15, em Sintra. Na comemoração do gol, houve um princípio de confusão, com troca de provocações no duelo pela Liga Revelação, campeonato para atletas sub-23 no futebol português.

O árbitro resolveu, então, mostrar cartão amarelo para um dos atletas do banco de reservas do Estoril.

Para a maioria das 300 e poucas pessoas presentes na arquibancada, era apenas o camisa 30 sendo advertido. Os corintianos, em especial, o conhecem, no entanto, como Matheus Cassini.

O garoto, que surgiu como xodó alvinegro após o título da Copa São Paulo de 2015, despontou quase tão badalado quanto Pedrinho pela torcida, viu Tite ser pressionado para utilizá-lo e acabou sendo vendido por R$ 5 milhões ao Palermo, da Itália, pouco tempo depois. Desde então, Cassini rodou por outros sete clubes, sem conseguir se firmar em nenhum deles.

Ao acompanhar seus primeiros passos, ninguém esperava que o meia-atacante fosse parar em uma competição de aspirantes, durante uma tarde de meio de semana, com entrada gratuita em um modesto estádio.

Mesmo com quatro substituições realizadas pelo Estoril para furar a retranca do Sporting, que ficou com um homem a menos ainda no primeiro tempo após expulsão, o jovem jogador de 22 anos não foi chamado para entrar em campo.

Resignado após a quarta e última mudança, caminhou sozinho para o banco de reservas, observando a bola correr ao seu lado, e ficou sentado por um instante em uma caixa térmica com isotônicos depois de passar mais de 15 minutos se aquecendo em vão. A forma introspectiva com que mirava o horizonte soava como se estivesse perseguindo através de seu olhar o potencial que um dia fez a torcida corintiana sonhar.

Sem ter o que fazer, retornou na sequência para a companhia de seus colegas, gesticulou contra a arbitragem e foi o primeiro a sair em disparada para comemorar o gol da vitória.

O público formado preponderantemente por estudantes, idosos e profissionais ligados ao futebol como empresários e olheiros não teve a chance de vê-lo em ação dessa vez.

Até aqui, em 22 rodadas, Cassini participou apenas de três jogos, sempre vindo do lado de fora. Ao todo, ele soma 77 minutos no campeonato sub-23. A despeito de seu currículo mais gabaritado que o dos companheiros, não recebeu ainda qualquer chance no time principal do Estoril, que tenta se reerguer na segunda divisão portuguesa após ser rebaixado na última temporada.

Conforme apurado pelo UOL Esporte, a transferência da ex-promessa corintiana para o Estoril foi intermediada pelo agente Leonardo Cornacini, da Elenko Sports, o mesmo que conduziu, por exemplo, as conversas para a ida de Paulo Henrique Ganso para o Amiens, da França.

$escape.getH()uolbr_geraModulos('embed-foto','/2019/cassini-no-corinthians-1547685436756.vm')Pessoas ouvidas pela reportagem citam a falta de paciência de seu estafe como responsável por sua alta rotatividade no mercado. Com tão pouca idade, ele passou por mais equipes que atletas veteranos. Agora no Estoril, time comandado pelos investidores brasileiros da Traffic, tenta dar o salto que outros compatriotas conseguiram após virem em baixa, caso de Mattheus Oliveira, ex-Flamengo, Allano, ex-Cruzeiro e Bahia, e Bruno César, atualmente no Vasco.

Depois de abandonar o Parque São Jorge, Cassini teve o seu retorno ao Corinthians cogitado em 2017, mas não passou disso e ele não voltou a ter o seu nome mencionado nos planos do técnico Fábio Carille.

O Estoril ocupa sexta posição na Liga Revelação, com 38 pontos, na zona de classificação para a próxima fase. A reportagem tentou, sem sucesso, contato com Cornacini para comentar a situação do atleta.