Topo

Top 5: por que os campeonatos estaduais (ainda!) merecem a sua atenção

Leonardo Soares/UOL
Imagem: Leonardo Soares/UOL

Bruno Freitas

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/01/2019 04h00

Gerações de torcedores do país foram formadas assistindo às emoções dos campeonatos estaduais. Muito do auge de Pelé e Garrincha, por exemplo, foi visto nestes torneios regionais. Mas a verdade é que neste século, já na era do futebol global e das mídias sociais, eles estão cada vez mais desprestigiados, seja com torcedores, emissoras de TV e mesmo os times participantes. 

Por isso fica a pergunta... será que vale a pena acompanhar a ação dos estaduais de 2019? Ou melhor "guardar a garganta" para os campeonatos mais badalados? 

Bom, mesmo se o seu time estiver classificado para a Libertadores, o torneio mais valorizado do momento, talvez existam alguns motivos que ainda façam os estaduais valer a pena. O UOL preparou uma lista com razões para o torcedor dar mais uma chance às combalidas disputas regionais. Confira abaixo:  

1. Vale como uma pré-temporada (testando jovens e contratações)
De Arrascaeta é apresentado oficialmente no Flamengo nesta segunda (14) - Marcelo Cortes / Flamengo.com.br - Marcelo Cortes / Flamengo.com.br
Imagem: Marcelo Cortes / Flamengo.com.br

Times como o Athletico Paranaense já fizeram isso de forma escancarada. Já que as missões mais relevantes do calendário estão mais adiante, com a Série A do Brasileiro e os torneios mata-mata, os estaduais podem servir de laboratório para acerto das equipes.

Quem sabe a disputa dentro do estado seja útil para ambientar novas contratações, para colocar aquele jovem promissor da base para jogar ou então para testar uma formação tática mais ousada. Mas não se engane: mesmo neste clima de teste, uma série de derrotas seguidas pode deixar qualquer técnico na corda bamba. 

2. "Feirão" de jogadores de times menores (o case Audax)
Atacante Gabriel discute com jogadores do Audax na primeira etapa - Ricardo Nogueira/Folhapress - Ricardo Nogueira/Folhapress
Imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

Os campeonatos estaduais podem servir para dar aquela turbinada no elenco dos grandes para o Campeonato Brasileiro, que começa em abril. Quem não se lembra daquele célebre Audax de 2016, por exemplo, que abasteceu times maiores de São Paulo e Rio com seus destaques depois do Paulistão daquele ano: Sidão, Tchê Tchê, Camacho, Yuri, Ytalo e Bruno Paulo.

Portanto, quem sabe aquele jogo meio sem graça de terceira rodada mereça a atenção do torcedor. Para os olheiros das comissões técnica, no entanto, observar possíveis talentos é obrigação e questão de sobrevivência.  

3. Clássico sempre vale (Gre-Nal de 2018 não deixa mentir)
O atacante Luan comemora o segundo gol anotado no Gre-Nal, no Beira-Rio - LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA - LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA
Imagem: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA

Cá entre nós, é uma partida à parte, quase um campeonato de um jogo só. Os clássicos nunca serão partidas comuns, mesmo na atual fase desprestigiada dos estaduais brasileiros. Quer um exemplo?

11 de março de 2018. O Gre-Nal 413 no Beira-Rio, válido ainda pela primeira fase do Campeonato Gaúcho, marcava a partida de número 400 do ídolo D'Alessandro no Inter. Mais de 42 mil pessoas acompanharam o clássico, que acabou em vitória do visitante Grêmio por 2 a 1, com dois gols de Luan.

Antes do jogo, na disputa da moedinha para ver quem sai jogando, o colorado D'Alessandro e o gremista Maicon já trocaram empurrões. Antes, na chegada ao estádio, torcida e delegação do Grêmio foram alvejadas com pedras. Mais tarde, a Brigada Militar precisou agir para conter distúrbios dentro do Beira-Rio. Enfim... um Gre-Nal sempre será um Gre-Nal, em qualquer circunstância (mesmo com a dupla classificada para a Libertadores este ano).

4. "É a única chance de o meu time ser campeão"
Troféu da Taça Rio (2010), segundo turno do Campeonato Estadual do Rio - Buda Mendes/Agência FERJ - Buda Mendes/Agência FERJ
Imagem: Buda Mendes/Agência FERJ

É difícil fazer esse tipo de revelação na frente de amigos que torcem para rivais... a provocação do mundo da bola sempre será cruel. Mas, alguns torcedores pelo Brasil sabem, mesmo alguns deles de times considerados grandes. Provavelmente os estaduais serão a grande chance do ano de levantar uma taça, já que nos campeonatos "maiores" a concorrência tende a ser bem maior. 

Esse não é propriamente o caso de Palmeiras e São Paulo, que estão na Libertadores e têm elencos fortalecidos por contratações. Mas torcedores de ambos os clubes podem ficar felizes com um eventual título estadual, que não vem faz tempo - para são-paulinos desde 2005, para palmeirenses desde 2008. 

No Rio, o título estadual pode ser uma boa para o Fluminense, que tem a maior "seca" entre os grandes - não ganha desde 2012.

5. Dinheirão de TV e prêmios (principalmente para os paulistas)
televisao-futebol-tv-controle-remoto-1485897550007_v2_1920x1279 -  -

Na atual conjuntura do futebol nacional, não dá para desprezar dinheiro. Por isso, muitos times precisam levar a sério a disputa estadual. Em São Paulo, por exemplo, a combinação de direitos de transmissão com premiação ajuda muito o cofre dos grandes.

O campeão do Paulistão 2019 vai embolsar R$ 5 milhões de premiação. Vice e terceiro colocado levam também quantias acima de R$ 1 milhão. As cotas são as melhores do país, mas seguem sem reajuste desde 2016. A Copa do Brasil do ano passado, em exemplo de comparação, pagou uma premiação recorde acima dos R$ 60 milhões ao campeão Cruzeiro

Mas a grana pesada vem mesmo da TV. No contrato com a Globo, que inclui SporTV e pay-per-view, os quatro grandes embolsam R$ 17 milhões, cada um. Já a Ponte Preta aparece num segundo patamar, com R$ 5 milhões. Os demais participantes levam R$ 3,3 milhões.

No Rio de Janeiro os quatro grandes embolsarão R$ 15 milhões, cada um, pelos direitos de transmissão deste ano. As cotas destinadas aos maiores de Rio Grande do Sul e Minas Gerais é um pouco inferior: R$ 12,5 e R$ 12,3 milhões, respectivamente. 

Bônus - É a fase mais engraçada do ano no "Gols do Fantástico"
Tadeu Schmidt - Reprodução/UOL - Reprodução/UOL
Imagem: Reprodução/UOL
 

É aquele momento para Tadeu Schmidt brilhar! Como em anos anteriores, às vezes a precariedade de estádios e de condições de jogo de alguns estados proporcionam momentos únicos para o esquete de humor-futebolístico do Fantástico. 

Além disso, sempre pintam nomes estranhos de jogadores, músicas improváveis para o "artilheiro de três gols" e mais situações pitorescas. Depois, quando o Brasileirão começar em abril, o futebol nacional vai entrar no modo "arena gourmet", e aí fica mais difícil de brincar. 

Só não vai ter o cavalinho ainda.