Solari era "classe média" no Real Madrid galáctico de "Zidanes e Pavones"
Santiago Solari estreia como técnico do Real Madrid nesta quarta-feira, a partir das 15h30 (de Brasília), contra o modesto Melilla, da terceira divisão, a fim de trazer para o banco de reservas a fama de quando calçava chuteiras na famosa Era dos Galácticos. Com Ronaldo, Figo, Zidane e Beckham, o argentino era o “trabalhador”, sempre disposto a preencher lacunas, e não escondeu que quer um time "brigador" logo neste primeiro desafio.
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No Real Madrid de “Zidanes e Pavones”, referência criada para descrever o time que continha estrelas do tamanho do francês e apostas da base como o defensor espanhol, o atual técnico interino do clube surgia como alguém alheio às duas classificações. O argentino atuou entre 2000 e 2005 pela equipe mais vitoriosa do futebol espanhol.
“Solari era um dos muito poucos que não era nem uma coisa e nem outra neste Real de 'Zidanes e Pavones'. Hoje em dia, poderiam chamar como a ‘classe média’ daquele time”, descreveu o jornalista Gonzalo Cabeza, em perfil publicado no El Confidencial.
Canhoto por natureza, Solari costumeiramente aparecia em uma ou outra escalação de titular no meio das estrelas. Era comum ver o jogador reforçar o meio-campo, atuar como um extremo ou até improvisado na lateral, quando Roberto Carlos perdia alguma partida.
A soma de partidas com a camisa blanca ultrapassa as 200. Nestas idas e vindas entre as celebridades da bola, o “trabalhador da classe média”, como reforça o El Confidencial, tem uma lembrança importante: a participação direta em um dos gols mais importantes da história do Real Madrid.
Foi Solari quem lançou a bola para Roberto Carlos dar a assistência para Zidane acertar o lindo chute de primeira na decisão da Liga dos Campeões contra o Bayer Leverkusen. O Real Madrid venceu por 2 a 1 e se sagrou campeão europeu.
A relação com Zidane, com a oportunidade dada ao argentino como treinador do time principal, ultrapassa a aposentadoria dos dois.
Culto leitor de Tolstoi
Segundo relatos dos anos 2000, reproduzidos pelo próprio El Confidencial, Solari era como um “sindicalista” do estrelado elenco madridista. O argentino exibia um perfil diferente ao das grandes estrelas, como o lado publicitário e carismático de Beckham e Ronaldo.
Em vez dos comerciais e de aproveitar fora de campo a fama por pertencer a um esquadrão, Solari se rendia aos livros. O argentino é descrito como alguém culto, e o próprio gosta de reforçar este lado.
Em entrevista concedida à revista Libero, por exemplo, o ex-meia cita simplesmente Leon Tolstoi para falar sobre o grande ídolo da infância no futebol: o uruguaio Enzo Francescoli, que fez história no River Plate.
“Para cercar Francescoli e abraçar sua genialidade, talvez fossem necessárias as 800 páginas de um romance de Tolstoi. Assim consegue se descrever o jogador, o goleador, o ídolo, o líder e o companheiro”, filosofou.
Carregando o grande autor russo embaixo dos braços, Solari inicia uma nova trajetória. Do trabalhador “classe média”, agora o argentino se torna estrela e o alvo – pelo menos por algumas semanas, enquanto o Real Madrid não consegue contratar um novo nome para o banco de reservas.
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