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Fora das 4 linhas! Política do Santos vive "duelo histórico" neste sábado

Votação pelo impeachment virou uma espécie de eleição entre Peres e Rollo - Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC
Votação pelo impeachment virou uma espécie de eleição entre Peres e Rollo Imagem: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Do UOL, em Santos (SP)

29/09/2018 04h00

O time do Santos entra em campo neste domingo (30), contra o Atlético-PR, na Vila Belmiro, pelo Brasileiro, mas pode se dizer que o "duelo" deste sábado (29), no mesmo local, vale muito mais para a história santista. Em assembleia geral dos sócios, estará em questão a permanência do presidente José Carlos Peres, alvo de impeachment. Caso ele seja destituído, o vice Orlando Rollo assume o cargo.

Até mesmo o esquema preparado pelo Santos e pela Polícia Militar é digno de um jogo decisivo. Em entrevista coletiva, o presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Teixeira, afirmou que o clube se mobilizou para receber até mais de 17 mil sócios na Vila Belmiro, número esse referente aos associados que estão aptos a votar na inédita decisão de impeachment da história do Santos.

"Nós temos envolvidos no clube 120 profissionais. E temos outros órgãos de apoio como a Polícia Militar, que destacará o número necessário numa proporção como num jogo, num clássico. Toda preocupação da PM diante das possíveis situações que possam acontecer tanto na parte interna como na parte externa", afirmou.

“Já há uma experiência da Polícia em eventos como esses, então não tem nenhum tipo de dificuldade em relação ao trabalho da PM. Igualmente teremos a CET, os seguranças do clube na parte externa e seguranças terceirizados do Conselho na parte interna. Para que não tenha nenhum tipo de envolvimento. Não terá algum tipo de dificuldade”, acrescentou o ex-presidente do Santos, Marcelo Teixeira.

Os dias e semanas que antecederam a votação do impeachment foram cercados de muitas polêmicas e acusações entre Peres e Rollo, que viraram desafetos declarados meses após a vitória sobre Modesto Roma Júnior na eleição presidencial realizada no fim do ano passado.

Fachada da Vila Belmiro - Ricardo Nogueira/Folhapress - Ricardo Nogueira/Folhapress
Imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

Na Justiça, José Carlos Peres tentou interromper o processo de impeachment, mas não teve sucesso. Um conselheiro chegou a conseguir uma liminar para suspender a votação deste sábado (29), mas o mesmo juiz que a havia concedido acabou voltando atrás na decisão.

A assembleia dos sócios foi confirmada depois de passar por uma votação – no último dia 10 – entre os conselheiros que foi aprovada com muita polêmica. José Carlos Peres contestou o número de presentes usado na reunião do Conselho Deliberativo para determinar a quantidade mínima de votos necessária para a aprovação dos pedidos de impedimento.

O estatuto exige que 2/3 dos conselheiros presentes aprovem o impeachment. A ação alega que o número não foi alcançado, contrariando os cálculos oficiais do Conselho. A divergência acontece por entenderem que a presença dos membros da Comissão de Inquérito e Sindicância (CIS), que recomendou o impeachment, deveria ser contabilizada na reunião. Com isso, a quantidade de votos pelo afastamento não teria sido alcançada.

Foram dois os pedidos de impedimento do presidente que passaram pelo Conselho Em um dos processos, Peres foi acusado de ser sócio de uma empresa de agenciamento de jogadores, o que não é permitido pelo estatuto. O outro aponta irregularidade em uma portaria publicada por ele que define que todas as contratações do clube devem ser decididas pelo presidente, ignorando o Comitê de Gestão, principal órgão administrativo do clube da Vila Belmiro.

Fato é que, independente do resultado da votação deste sábado (29), a política do Santos ainda tem tudo para ganhar novos capítulos a partir da permanência de José Carlos Peres ou da mudança de posto de Orlando Rollo, que passaria de vice para presidente. É esperar para ver se a ‘paz política’ tão clamada por Cuca começará a reinar na Vila Belmiro a partir desta data.