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Pagodeiro, estrangeiro de R$ 18 mi quer seguir no Galo: "Objetivo é esse"

Tomás Andrade, meia-atacante do Atlético-MG, posa para o UOL Esporte - Thiago Fernandes/UOL Esporte
Tomás Andrade, meia-atacante do Atlético-MG, posa para o UOL Esporte Imagem: Thiago Fernandes/UOL Esporte

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

28/09/2018 04h00

Substituído por Thiago Larghi ainda no primeiro tempo da derrota para o Flamengo, Tomás Andrade se irritou e tomou uma atitude polêmica ao socar o banco do Maracanã. Não é a primeira vez que o argentino é substituído precocemente ou não tem uma sequência no time de Belo Horizonte. Mesmo assim, ele não tem dúvidas: quer permanecer no Brasil ao fim do contrato de empréstimo feito entre Atlético-MG e River Plate, da Argentina.

"Quando cheguei aqui, meu objetivo era ficar. Hoje, continua sendo o mesmo. Eu saí de lá buscando mais oportunidades. Quero mais chances de jogar, ser mais importante. Eu sinto isso aqui hoje. Meu pensamento não mudou a respeito disso", afirmou ao UOL Esporte.

"Não falei nada [com o pessoal do River], única fala tem que ser dentro do campo. A única coisa que pode fazer algo por mim é o que mostro dentro do campo. A situação lá é que tenho contrato até junho de 2020. E aí eu cheguei aqui com o passe fixado e vamos ver agora no final do ano o que acontece. Sei que o pessoal aqui gosta muito de mim e eu também gosto deles. Eu me sinto muito à vontade aqui, muito bem. É questão de tempo", acrescentou.

Adaptado ao Brasil, o estrangeiro que tem multa avaliada em 3,75 milhões de euros (R$ 17,9 mi) se tornou fã da cultura local, sobretudo de pagode, e negligencia toda e qualquer rusga com a comissão técnica em prol do desejo de ficar na Cidade do Galo por mais tempo. Em bate-papo com a reportagem na última sexta-feira, o camisa 8 falou sobre o desejo de seguir na capital mineira, a união do elenco do Atlético, a paixão pela cultura local e o grave problema clínico que teve na perna direita quando criança.

Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista com o meia-atacante do Galo:

PROBLEMA NA PERNA NA INFÂNCIA

"Eu era muito novo, então não me lembro muito. Lembro que, quando ia dormir, colocavam um negócio na minha perna direita. Só para dormir. Tinha vez que eu tirava de noite, aí meu pai chegava e colocava de novo. Ele ficava puto. Foi assim por um ano. Tinha vezes que eu queria correr e caía. A perna era muito torta, não podia fazer isso. Não lembro muito, porque eu tinha três ou quatro anos. Me deu muita força para trabalhar".

CULTURA BRASILEIRA

"Gosto de pagode. Não gosto do feijão tropeiro, argentino não se acostuma a comer isso. Gosto de pão de queijo sim. Lá na Argentina, nós temos, se chama chipan. Vou ao Verdemar (rede de supermercados de BH) e compro lá, é muito bom. Gosto de pagode sim. Conheço muitas músicas. Gosto de funk, de pagode. Gosto de Turma do Pagode e de Thiaguinho. Gosto de sertanejo também, da Marília Mendonça. Ela tem uma voz muito bonita. Quando canta, a voz é muito boa. Funk, eu também gosto. Eu sempre escuto tudo isso no carro. Gosto da cumbia, do reggaeton. Misturo a música nossa com a brasileira também".

CARREIRA ATÉ O ATLÉTICO-MG

"Eu comecei jogando no Club Lanús, da Argentina, bem novinho, com sete anos. Aí nas categorias de base, cheguei em uma etapa que deixei de jogar pelo corpo. Eles falavam que era pelo físico, porque eu era pequeno, magrinho. Começando a jogar, fiquei dois anos jogando muito pouco, estava com 15 anos. Decidi ir para o River Plate. Quando cheguei ao River, comecei a treinar muito na academia, preparando-me bem para ficar mais forte e tudo. Os caras me receberam muito bem, me colocaram para jogar. Joguei com mais frequência, joguei sub-15 e sub-17 como titular. Cheguei ao sub-20, estava jogando pouco e decidi sair para a Inglaterra, mas não estava preparado para ir. Estava com 17 anos, sem experiência nenhuma. Estava no sub-21. Joguei no Bornemouth. Treinava e jogava com eles, mas não via possibilidades de jogar no primeiro time. O empréstimo era por um ano. Aos seis meses, cortei o empréstimo e voltei para o River, com a cabeça baixa. Fui para o River, recomecei no sub-20, como reserva. Aí o time não estava muito bem. O técnico me colocou devagarinho no time titular. Nunca mais saí. Sempre começando por baixo, com muita humildade e muito trabalho".

APELIDO DE TOMESSI ANDRADE

"Essa brincadeira, eu só posso dar risada, porque não posso me achar Messi (risos). Os caras, sempre que encontro nos restaurantes ou nas ruas, me tratam sempre muito bem, de forma muito bacana e respeitosa. Quando saio, sei que será tranquilo, porque são todos muito bacanas".