Topo

Duelo político no Palmeiras: aliado de Mustafá, secretário-geral se demite

Eduardo Ohata

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/09/2018 04h00

Aliado político do ex-presidente Mustafá Contursi, o secretário-geral do Palmeiras, Elio Esteves, entregou seu cargo ao atual mandatário do clube, Mauricio Galiotte. Trata-se do principal cargo diretivo passível de demissão, já que os vices, eleitos, não podem ser dispensados.

Nesta segunda-feira (17) o nome de Esteves já não constava na lista da diretoria no site oficial do Palmeiras.

O cartola citou, em uma carta entregue em mãos a Galiotte, críticas recebidas após ter se ausentado na votação que validou o aditamento do contrato de patrocínio entre Palmeiras e Crefisa, assinado em janeiro e no qual o clube assumiu dívida de R$ 120 milhões com a patrocinadora.

Carta de Elio Esteves - Reprodução - Reprodução
UOL teve acesso à carta que Elio Esteves mandou para Maurício Galiotte
Imagem: Reprodução
"Desde a última reunião extraordinária do (...) conselho deliberativo, que tratou da discussão e deliberação sobre os aditamentos aos contratos de patrocínio (...) entre a SEP e a CREFISA, avolumaram-se as críticas sobre a minha postura de não concordar, a princípio, com os aditamentos (...). Diante da dimensão das interpretações dadas, infelizmente, não condizentes com a realidade dos fatos, não quero que a pressão sobrecarregue o amigo Presidente, mas sim a tranquilidade. É hora de sair", diz a carta.

O ex-vice-presidente do conselho deliberativo já havia adotado postura contrária à situação anteriormente ao votar contra o aumento do mandato do presidente do clube de dois para três anos. A alteração facilita uma eventual candidatura de Leila Pereira, dona da Crefisa, já em 2021.

Sobre o trecho da carta que cita tranquilidade para Galiotte, a reportagem apurou que Esteves reagiu a rumores de que a atual gestão pretende realizar uma série de demissões de conselheiros de cargos no clube, a exemplo do que ocorrera há poucos meses e que atingiu quem votou contra o aumento de mandato do presidente ou se ausentou à votação. Aliados de Galiotte argumentam ser contraditório diretores da atual gestão votarem repetidamente contra a administração da qual fazem parte.

Apesar da cordialidade entre Galiotte e Esteves, a saída de Esteves evidencia um crescente racha político no Palmeiras. Ex-vice de futebol do clube e membro do grupo de Esteves, Roberto Frizzo apontou se tratar de um sinal do aquecimento do clima político e tomadas de posicionamentos que culminarão na eleição de novembro.

Após a denúncia do suposto caso de cambismo envolvendo Mustafá, ex-padrinho de Leila, o ex-presidente e a dona da Crefisa romperam publicamente.

Para as eleições presidenciais do Palmeiras, em novembro, já há uma polarização em torno de Galiotte, que deve tentar a reeleição apoiado por Leila, e uma possível candidatura de Genaro Marino, do grupo do ex-presidente Paulo Nobre e que conta com o apoio de correligionários de Mustafá, que não rompeu oficialmente com a situação.