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Grêmio testa variações e arrisca com mudanças para 'enrolar' rivais

Renato Gaúcho gesticula durante Grêmio x Estudiantes, pela Libertadores - Lucas Uebel/Grêmio
Renato Gaúcho gesticula durante Grêmio x Estudiantes, pela Libertadores Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

30/08/2018 04h00

O Grêmio mostrou contra o Estudiantes uma faceta incomum nos últimos meses. Com predisposição a arriscar mais, em virtude da desvantagem no duelo de 180 minutos, Renato Gaúcho fez trocas menos convencionais e testou na prática variações dentro do modelo que está consolidado no clube. Nas palavras do treinador, medidas que enrolam adversários.

A fala reducionista de Renato não minimiza os efeitos práticos.

Com o empate em 1 a 1 após o primeiro tempo de 81% de posse de bola e poucas chances, Renato sacou Ramiro e lançou Alisson a campo. A troca já fugiu ao habitual por ser no intervalo e envolver peça cativa na formação de meio-campo. Este, no entanto, foi o gatilho.

"Tivemos uma sequência de mudanças táticas e mesmo com elas, a equipe não perdeu o foco", salientou Renato Gaúcho.

Com Alisson, o Grêmio iniciou uma variação para ter mais velocidade e profundidade. Depois de 20 minutos no cenário, Renato ousou mais e tirou Léo Moura para entrada de André. Essa troca quebrou paradigmas e fez o time atuar em uma espécie de 3-5-2.

"Você vai enrolando o adversário, ele não conhece (o jogador naquela função) e não sabe o que vai acontecer"

Bruno Cortez alinhou com Kannemann e Geromel, mas no meio-campo Alisson e Everton assumiram a função de extremas. Alas ofensivos com a missão de abrir o adversário. Por dentro, Jailson dava suporte a Maicon e Luan que tentavam abastecer uma dupla de centroavantes. Com André mais solto e buscando os flancos.

Perto do final, a estrutura tática foi relegada a segundo plano para dar espaço a estratégia sustentada em característica. Jailson saiu e Pepê entrou. Com ele, Alisson virou meia central. Os lados ganharam ainda mais velocidade e o meio-campo se tornou muito ofensivo.

"Começamos no 4-2-3-1 e depois tirei o Léo Moura, segurei o Cortez e fiz uma linha de três. Nós ganhamos velocidade pelos dois lados, depois botei o Pepê e puxei Alisson para dentro. Tivemos mudanças táticas importantes. Você vai enrolando o adversário, ele não conhece (o jogador naquela função) e não sabe o que vai acontecer. Todas as vezes que tivemos as mudanças, criamos e não demos chances", disse Renato Portaluppi. 

A postura do Estudiantes, extremamente recuado, também facilitou o cenário para o Grêmio inovar. Sem risco de ser acossado, o time pôde se soltar mais

"A gente tem tudo planejado, na verdade. O Renato avisa o que fazer quando acontece uma mudança. Planejamos bem antes do jogo esses cenários", comentou Geromel. "Quando a gente corre, luta e se entrega… O sistema fica indiferente", acrescentou o zagueiro.

Um esboço dessas variações havia sido provado diante do Vasco, em São Januário. Naquela oportunidade, com titulares e um jogador a mais após expulsão de adversário, o Grêmio passou a jogar com linha de três atrás para criar pressão maior à defesa rival.