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Pênaltis perdidos viram dor de cabeça em meio a início perfeito de Felipão

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

23/08/2018 04h00

O excelente recomeço de Luiz Felipe Scolari no Palmeiras, com sete jogos de invencibilidade e nenhum gol sofrido, não impede o treinador de encontrar pontos em que o time ainda pode melhorar. E após a vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo, na qual o time perdeu seu quinto pênalti seguido na temporada, Felipão externou seu principal incômodo: o aproveitamento da bola parada, mais especificamente as penalidades máximas que a equipe não tem conseguido converter.

Os números negativos do Palmeiras quando o assunto é cobrança de pênalti impressionam. Nas duas últimas temporadas, foram nove erros em 16 batidas. As últimas cinco penalidades foram perdidas por cinco atletas diferentes: Felipe Melo, Keno (que não está mais no clube), Bruno Henrique, Jean e agora Dudu, que viu o goleiro botafoguense Saulo defender seu chute rasteiro na última quarta-feira.

Para Felipão, o problema não passa por falta de treino. O técnico disse que o peso psicológico da situação pode estar influenciando os jogadores na hora da cobrança, mas também ressaltou que Dudu era apenas a terceira opção para bater contra o Botafogo. Os dois cobradores principais, Borja e Bruno Henrique, já haviam sido substituídos quando o pênalti foi apitado nos minutos finais.

"Treino 100 pênaltis por dia. Chega de pênalti, não vou treinar mais", brincou o treinador. "Isso às vezes pode ser psicológico. Se treino cinco pênaltis por dia com 10 jogadores, são 50 pênaltis. Tem erros, acertos, às vezes é psicológico. Mas temos que saber que algumas competições podem ser definidas nos pênaltis. Temos que nos lembrar de que quando o Palmeiras ganhou a Libertadores em 1999, foi nos pênaltis. Temos que ter bons batedores e um bom goleiro que defenda. A gente treina, vou corrigir e modificar alguma coisa para que os pênaltis sejam convertidos".

O último gol de pênalti do Palmeiras aconteceu em 17 de março, quando Dudu converteu diante do Novorizontino, no jogo de ida das quartas de final do Campeonato Paulista. A situação preocupa Felipão principalmente porque a prioridade do clube na temporada vem se mostrando a disputa dos mata-matas da Libertadores e da Copa do Brasil, onde a competência nas penalidades muitas vezes é o fator decisivo entre a vitória ou a eliminação.

A insatisfação do treinador, aliás, não se limita aos pênaltis. Felipão também tem cobrado um maior aproveitamento do Palmeiras nas jogadas de fata e escanteio, apesar da equipe ter feito gols assim com frequência. Contra o Botafogo, por exemplo, Lucas Lima fez um golaço de falta; na rodada anterior, contra o Vitória, os dois primeiros gols nasceram de lances de bola parada. Felipão, porém, acha que o time está fazendo os gols "mais difíceis" e deixando de concretizar as oportunidades mais fáceis.

Os próximos adversários do Palmeiras no mata-mata são o Cerro Porteño, nas oitavas da Libertadores, e o Cruzeiro, na semifinal da Copa do Brasil. Se a classificação contra o time paraguaio está encaminhada após vitória por 2 a 0 fora de casa no jogo de ida, espera-se que o duelo contra os mineiros seja bem mais equilibrado. E com o goleiro Fábio tendo defendido três pênaltis na disputa contra o Santos na fase anterior da competição, Felipão sabe que treinar esse tipo de jogada se tornou ainda mais necessário.