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Reforços, quedas e reação às críticas desgastam presidente com atleticanos

Sérgio Sette Câmara é presidente do Atlético-MG desde dezembro de 2017 - Victor Martins/UOL Esporte
Sérgio Sette Câmara é presidente do Atlético-MG desde dezembro de 2017 Imagem: Victor Martins/UOL Esporte

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

18/05/2018 04h00

O presidente Sérgio Sette Câmara virou alvo da torcida do Atlético-MG em 2018. As eliminações na Sul-Americana e Copa do Brasil foram o estopim e evidenciaram o desgaste na relação do dirigente com os apaixonados pelo clube.

Em apenas cinco meses de gestão, ele convive com críticas e xingamentos. Os movimentos contrários ao mandatário vêm desde dezembro do ano passado e atingiram o auge com as eliminações para San Lorenzo, na primeira fase da Sul-Americana, e Chapecoense, nas oitavas de final da Copa do Brasil, em um intervalo de uma semana.

Planejamento com falhas

O desgaste entre cartola e torcida começou cedo, ainda nos primeiros dias de gestão. Eleito em 11 de dezembro passado, o presidente já comandava o futebol ao lado de Alexandre Gallo no mês anterior. Ao assumir, Sette Câmara adotou um discurso de manutenção de Oswaldo de Oliveira e rejuvenescimento do elenco. A permanência do técnico, mesmo que até o início de fevereiro, não agradou. E os primeiros reforços, na contramão do que ele disse à imprensa, tampouco.

Arouca, volante do Atlético-MG - Pedro Vale/AGIF - Pedro Vale/AGIF
Imagem: Pedro Vale/AGIF

Arouca, de 31 anos, e Ricardo Oliveira, de 38, foram anunciados ainda no ano passado. A justificativa de reduzir a folha salarial fez com que Fred, um dos xodós da torcida, deixasse a Cidade do Galo gratuitamente para assinar com o Cruzeiro.

Nem as contas feitas pelo presidente foram suficiente para convencer a torcida de que a saída do camisa 9 era um acerto. Ainda mais pelo fato de o clube assumir o pagamento de metade dos salários de Arouca (indicado por Oswaldo), que recebia R$ 400 mil por mês no Palmeiras.

A situação piorou após o empréstimo de Marcos Rocha ao Palmeiras em troca de Róger Guedes. Apesar de o atacante estar em alta na Cidade do Galo, o lateral direito foi repassado com a possibilidade de compra em € 2 milhões (R$ 8,7 mi na cotação atual). Em contrapartida, Guedes não tem os direitos fixados.

Reforços que não vieram

O assunto sobre reforços também vem tirando o sono dos atleticanos. Já em janeiro, Alexandre Gallo, escolhido para a vaga de diretor de futebol, chegou a prometer um camisa 10 para fazer sombra em Cazares.

"O torcedor pode esperar a contratação de um camisa 10. Pode esperar com certeza. A gente não tem o grupo fechado, estamos sempre querendo reforçar", disse em janeiro.

Contudo, quem chegou à Cidade do Galo foi Tomás Andrade, que pertence ao River Plate, da Argentina. Depois de uma estreia convincente, com duas assistências, o argentino não empolgou e fez 14 jogos pela equipe, sendo nove como reserva. Há possibilidade até de devolução do argentino ao time de origem.

San Lorenzo x Atlético-MG - AP Photo/Natacha Pisarenko - AP Photo/Natacha Pisarenko
Imagem: AP Photo/Natacha Pisarenko

A indignação da torcida com o presidente se aproximou do auge com a perda do Campeonato Mineiro para o arquirrival Cruzeiro. Após vencer por 3 a 1 no estádio Independência, o Atlético foi derrotado por 2 a 0 no Mineirão e saiu como vice do torneio regional. As críticas se tornaram cada vez mais constantes, sobretudo em redes sociais. O desgaste só aumentou após a eliminação para o San Lorenzo, na primeira fase da Sul-Americana. Na ocasião, ele tratou o torneio como "2ª Divisão da Libertadores" e o comparou à Copa Conmebol, vencida em duas oportunidades pelo Galo, em 1992 e 1997.

"A Copa Sul-Americana é a segunda divisão da Libertadores da América. É assim que enxergo. Se ela tivesse esse valor muito grande, as duas copas que o Atlético ganhou da Conmebol teriam mais valor do que na verdade têm. E olha que, naquela época, quem classificava não era o nono, o décimo. Era o segundo e o terceiro do Campeonato Brasileiro", afirmou ao canal Fox Sports.

A declaração foi a gota d'água e ruiu completamente a relação de Sérgio Sette Câmara com a torcida. O discurso culminou em críticas nas redes sociais. Mas o departamento de comunicação conseguiu piorar o caso, bloqueando torcedores que criticaram o mandatário pela gestão.

A censura à torcida e a fase complicada obrigaram o presidente a prometer melhores resultados em Copa do Brasil e Brasileirão.

Troca de farpas com torcedores

Embora ocupe a terceira colocação do principal torneio nacional, o Galo foi eliminado para a Chapecoense na noite dessa quarta-feira, nas oitavas de final da Copa do Brasil. E Sette Câmara voltou a cena. Na noite dessa quarta-feira (16), logo após a queda na disputa de pênaltis na Copa do Brasil, Sette Câmara trocou ofensas com torcedores por meio de mensagens de celular. O episódio é considerado a gota d'água na tortuosa relação.

Em um caso confirmado pelo UOL Esporte, um torcedor enviou um xingamento ao presidente - "Seu filho da p***" - e recebeu uma resposta à altura:

"Eu não sou filho da sua mãe, sua bichona! Vai tomar no meio do seu c***, filho de uma p***", escreveu Sergio Sette Câmara.

A reportagem tentou contato com o presidente do Galo por meio de telefone, mas não obteve sucesso. O dirigente não foi a Chapecó, onde o Galo jogou contra a Chapecoense nessa quarta-feira e perdeu na disputa de pênaltis.