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Não é só no Brasil! Polêmicas na Europa aumentam pedidos por VAR

Do UOL, em São Paulo

11/05/2018 04h00

A reta final dos campeonatos europeus foi marcada pela constante presença do assunto “árbitro de vídeo” (VAR). Na Liga dos Campeões, Juventus e Roma foram eliminadas criticando a arbitragem. Na Inglaterra, Arsène Wenger se mostrou incomodado com a decisão do Campeonato Inglês de não colocar a tecnologia em 2019.

A primeira cobrança efusiva pelo uso da tecnologia surgiu quando o árbitro Michael Oliver marcou pênalti de Benatia em Lucas Vázquez, na partida entre Real Madrid e Juventus. A marcação foi decisiva para a classificação do Real Madrid para a semifinal.

Na entrevista depois da partida, Andrea Agnelli, presidente da Juventus, disse que pressionaria para a implementação do árbitro de vídeo. “Temos países com o VAR, e a Liga dos Campeões não tem. Vou pressionar por isso, a Liga dos Campeões precisa se atualizar”.

Na semifinal do torneio, foi a vez da Roma ser eliminada com críticas a arbitragem. Na partida de volta contra o Liverpool, o time italiano reclamou de dois pênaltis não marcados. Em um deles, Alexander-Arnold coloca a mão na bola para evitar o gol.

“O lance da mão ainda resultaria em um cartão vermelho. Jogaríamos 30 minutos em superioridade numérica. Sei que arbitrar é algo difícil, mas não é possível continuar sem a assistência do árbitro de vídeo”, disparou James Pallotta, presidente da Roma.

O Campeonato Inglês foi uma das ligas que chegou a cogitar adotar o VAR a partir de 2019. Os clubes da primeira divisão, no entanto, votaram contra depois que alguns testes tiveram resultados mistos. A decisão incomodou Arsène Wenger, técnico do Arsenal.

“A Premier League foi criada com pessoas que têm uma mentalidade progressista. No geral, acredito que com esta decisão ficamos atrás do resto do mundo. A geração jovem está acostumada com o VAR e, em todo o mundo, eles podem se distanciar de nós porque veem que em outros países eles fazem assim”, disse.

“Infelizmente o Campeonato Inglês decidiu novamente não usar o VAR, e pessoalmente acredito que esta é uma decisão muito, muito ruim”, completou.

VAR já gerou polêmicas e nem todos são a favor

Apesar de ser constante o pedido pelo árbitro de vídeo no Brasil e na Europa, o apoio não é unânime. Depois do clássico entre Real Madrid e Barcelona, o lateral Marcelo disse que o VAR “tiraria o molho” do futebol.

“Acho que o VAR acabaria com o molho do futebol, mas não sou ninguém para mudar nada. Pessoalmente, não me gostaria”, disse. “A arbitragem erra em alguns dias e em outros não. Há muita tensão nesse tipo de partida. O futebol é assim. Um dia te dão (um pênalti) e no outro te tiram”.

Na Austrália, o árbitro de vídeo chegou a ter problemas e decidiu erroneamente um campeonato. O caso aconteceu no último final de semana. O Melbourne Victory venceu o Newcastle Jets por 1 a 0 e ficou com o título.

O gol do título saiu na bola aérea: cobrança de falta levantada na área, desviada e completada a gol (confira o lance acima). O problema foi que o desvio se deu por um jogador em posição de impedimento. A arbitragem não notou a irregularidade, e o VAR também não ajudou, de modo que o lance foi validado e veio a decidir o título.

Após o erro, a Federação Australiana de Futebol veio a público explicar a situação. "Nesta ocasião, a tecnologia falhou e os ângulos necessários [para julgar o impedimento] não ficaram disponíveis", admitiu a entidade, que garante estar investigando o que motivou a falha técnica.

A tecnologia já faz parte do Campeonato Italiano, e ainda assim tem gerado polêmica. O presidente do Napoli, Aurelio De Laurentiis, acusou a tecnologia de favorecer a Juventus, líder da competição.

“A distância da Juventus é de seis pontos, mantendo-se a mesma da última rodada. Se houver oito pontos roubados, tenho que declarar que o Scudetto foi do Napoli e eles levaram embora. Não aplicaram o VAR e os árbitros tiveram comportamentos questionáveis”.

Tecnologia será utilizada na Copa do Mundo

A Fifa confirmou na última segunda-feira (8) a utilização do árbitro de vídeo na Copa do Mundo. A tecnologia será aplicada em todas as partidas e quatro assistentes serão designados para auxiliarem o árbitro central. Além disso, haverá um operador responsável por transmitir as decisões tomadas nos telões do estádio.

Oficialmente, qualquer jogador que se aproximar muito do árbitro no momento da pausa para a revisão da jogada poderá ser advertido com cartão ou até ser expulso.