Topo

Militão não baixa guarda com imbróglio e ganha elogios por postura no SP

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/05/2018 04h00

O processo de renovação de contrato entre São Paulo e Militão está longe de ter um desfecho. Quando tiver, dificilmente esse desfecho será feliz para o clube paulista. A situação poderia deixar o garoto de 20 anos pressionado desanimado, mas não é o que se vê até aqui. Titular, ele se mantém focado e comprometido com o Tricolor, postura que tem gerado elogios da comissão técnica e dos dirigentes.

Há um consenso de que em nenhum momento Militão deixou passar, tanto no dia a dia quanto nas partidas, qualquer incômodo gerado pelas negociações para estender seu vínculo com o São Paulo. O contrato termina em 11 de janeiro, o que deixa o defensor livre para assinar com outros clubes a partir de 11 de julho. Três ofertas já foram recusadas por seu estafe, que também afastou a presença do empresário Giuliano Bertolucci, visto como um possível trunfo do Tricolor para conseguir uma virada nas tratativas.

Essa "postura irretocável" de Militão como atleta, como se diz no clube, é refletida pelo desempenho em campo. O jovem que foi volante e zagueiro na base já tem um ano como profissional e disputou 46 partidas, quase sempre improvisado na lateral direita. Neste ano, atuou 24 vezes, um recorde para o elenco nos 26 compromissos da temporada. São quatro gols (dois em 2017) e uma assistência pelo São Paulo.

Neste sábado, às 19h no Morumbi, ele pode aumentar a vantagem de jogos para o segundo colocado Marcos Guilherme, que foi a campo 23 vezes, mas que deve ser reserva diante do Atlético-MG, pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro.

Quando o Tricolor empatou por 1 a 1 com o Fluminense, no último domingo, Militão foi o melhor em campo, com boa saída pela direita nos contra-ataques, força na marcação e ainda presença de área ofensiva para marcar o gol paulista. Além disso, é peça-chave para que o técnico Diego Aguirre consiga fazer o time variar esquemas táticos ao longo de uma partida, alterando a linha de defesa de quatro para três jogadores.

Essas virtudes apresentadas por Militão é que fazem com que seja intenso o assédio de clubes europeus. O Porto já chegou a apresentar um projeto para o garoto, que também é alvo do Manchester City. Nenhuma proposta ainda chegou ao São Paulo, que reconhece o risco de não faturar com uma promessa desse nível pela demora para renovar o contrato.

Há a avaliação de que a diretoria de futebol anterior, liderada pelo executivo Vinicius Pinotti, teve a última chance mais real de estender o vínculo do defensor. Na ocasião, Militão ainda não havia estreado como profissional, o que poderia facilitar as negociações. Mas Pinotti, em contato com a reportagem, explicou que já naquele momento a resistência em renovar aparecia nas conversas com os representantes do atleta.

"Iniciei meu trabalho na diretoria de futebol na primeira semana de maio e essa situação do Militão já estava em andamento. Eu era a favor, inclusive, de não deixá-lo jogar antes que o contrato fosse renovado. Cheguei a sugerir que ele retornasse para Cotia. Não tem como atuar no profissional sem ter um contrato longo. Mas o presidente (Carlos Augusto de Barros e Silva) foi contra", relatou, antes de prosseguir:

"As nossas conversas naquele momento eram com seu empresário Ulisses Jorge, que trabalhava em parceria com Julio Taran. Ali já parecia uma situação difícil de resolver. Por isso, se eu tivesse continuado (deixou a diretoria de futebol no início de dezembro do ano passado), mais uma vez teria insistido para que Militão voltasse para a base".