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Cruzeirenses adotam bairro com shopping, bar e balada, mas não saem de casa

Digão, Rafael Marques, Thiago Neves e Sóbis se reúnem também fora dos gramados - Reprodução Instagram
Digão, Rafael Marques, Thiago Neves e Sóbis se reúnem também fora dos gramados Imagem: Reprodução Instagram

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

04/05/2018 04h00

O bairro Castelo, na região da Pampulha, foi o predileto dos boleiros por muito tempo. Mas isso mudou um pouco, pelo menos para os atletas do Cruzeiro. O Belvedere, na zona Centro-Sul, e o Vila da Serra, no limite entre BH e Nova Lima, são os novos locais adotados por uma grande turma da Toca da Raposa II.

As vizinhanças contam com alguns dos melhores bares e restaurantes da capital mineira. Ainda há badaladas casas noturnas e shoppings. Mas o que eles preferem mesmo é ficar em suas respectivas residências, onde fazem churrascos, festas com grandes nomes da música brasileira e até algumas resenhas entre amigos.

Thiago Neves, Rafinha, Robinho, Edilson, Rafael Marques (perto de ir para o Sport), Rafael Sóbis e Digão estão entre os jogadores que residem na região. Eles se dividem entre casas e apartamentos de alto luxo.

Conhecidos por abrigarem grandes torres com inúmeros apartamentos e condomínios, os bairros se dividem na quarta colocação quando o assunto é valorização, atrás somente de Funcionários, Lourdes e Savassi. Um imóvel de 100 m² no local custa R$ 870 mil. Há jogador que mora em cobertura de três andares e avaliada em R$ 17 milhões.

Mas o que levou esta turma de atletas para a região de Nova Lima? A 30 km da Toca da Raposa II, onde eles treinam diariamente, o bairro também fica longe das saídas para os aeroportos. O Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, na Pampulha, está a 27 km, enquanto o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, fica a 60 km.

O que motivou a debandada dos atletas para uma das regiões mais nobres da cidade é a qualidade de vida, de acordo com uma pessoa ligada à logística do Cruzeiro. Responsável por apresentar corretores aos jogadores, esse funcionário do clube explica que os nomes do elenco têm optado por bairros que possuem estilo de vida igual ao dos moradores locais.

Outro fator que explica é a qualidade dos serviços oferecidos nas redondezas. Há ao menos quatro grandes redes de supermercado na região e os filhos de atletas estudam em escolas de alto padrão - os colégios mais conceituados da cidade estão nas proximidades.

Ainda há bares, restaurantes, centros comerciais e baladas famosas na região, mas eles não costumam frequentá-las. O UOL Esporte consultou amigos, vizinhos e funcionários de condomínios de atletas para descobrir os seus hábitos. Os jogadores que moram na região preferem permanecer em casa para evitar o assédio de fãs. As aparições em público são raríssimas. As mulheres e as crianças costumam sair com mais frequência.

Avesso às aparições públicas, o grupo se reúne constantemente em festas e resenhas. Robinho, em janeiro deste ano, recebeu membros do Atitude 67, grupo agenciado pelo pagodeiro Thiaguinho, em seu prédio. O encontro, limitado a jogadores do elenco e a amigos mais próximos, começou no fim da manhã e só se encerrou na madrugada do dia seguinte.

Como há isolamento na residência do jogador, não houve reclamação da vizinhança na ocasião. Em determinado momento da festa, o próprio atleta se retirou para descansar e deixou os amigos celebrando.

Após o título do Campeonato Mineiro, Leandro Sapucahy foi convidado para animar uma festa particular dos jogadores. O músico foi à casa de Digão, em um dos condomínios da capital mineira, para embalar a noite dos jogadores. A resenha foi regada a churrasco e cerveja.

Quando preferem momentos mais íntimos, os jogadores se reúnem apenas entre os familiares. Churrasqueiro oficial da turma, o gaúcho Rafael Sóbis costuma assar a famosa costela com fogo no chão. O atacante teve a incumbência de servir os companheiros em uma oportunidade no início de 2018.

Pampulha abrigava craques anteriormente

O bairro Castelo, a menos de oito quilômetros da Toca da Raposa e a cinco do Mineirão, caiu em desuso para o atual elenco do Cruzeiro, mas já abrigou alguns dos principais craques do clube.

O auge da região foi na primeira metade da década. Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart, Manoel, Lucas Silva e outros residiam na região. Os dois primeiros, a critério de curiosidade, moravam em apartamentos simples em uma movimentada avenida do bairro. Contudo, à medida que começaram a fazer sucesso, mudaram para um condomínio de alto luxo - o único da região.

Contratado no ano seguinte à venda de Goulart para a China, Leandro Damião alugou a casa que era usada pelo meia-atacante. A indicação foi feita pelo próprio Cruzeiro.

Bairro típico de boleiros, o Castelo conta também com a presença de jogadores do rival Atlético-MG. Gustavo Blanco e Rómulo Otero, por exemplo, estão situados no local. Antes de trocar a Cidade do Galo pelo São Paulo, Maicosuel residia em uma mansão no local.