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Imerso em polêmica na eleição, agente faz maior negócio corintiano em 2018

Carlos Leite no Vasco: Mateus Vital foi de São Januário para o Corinthians - Bruno Braz/UOL Esporte
Carlos Leite no Vasco: Mateus Vital foi de São Januário para o Corinthians Imagem: Bruno Braz/UOL Esporte

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

30/01/2018 04h00

Personagem muito presente nos bastidores do Corinthians nos últimos dez anos, período em que participou de mais de 20 operações de chegada e saídas de atletas do clube, o empresário Carlos Leite voltou recentemente à cena do Parque São Jorge por dois fatos distintos. Imerso em polêmica eleitoral por R$ 200 mil que se tornaram motivo de processo na comissão eleitoral do clube, Leite também é responsável pela maior compra dos corintianos nesta janela.

Foi em junho, durante Vasco 2 x 5 Corinthians, que começou a amadurecer a transferência de Mateus Vital para o Parque São Jorge. Então revelação vascaína, o jovem de 20 anos impressionou pela atuação e se tornou pauta em reunião entre dirigentes corintianos e Carlos Leite. Em janeiro, já na reta final da administração Eurico Miranda em São Januário, Vital se tornou reforço do Corinthians por R$ 8 milhões - o negócio envolve 85% de direitos econômicos.

Naquele momento, junho de 2017, a intenção do Corinthians em encontro com Leite era não apenas um negócio que envolvesse Mateus Vital, mas também atender a um pedido de Fábio Carille pela volta de Anderson Martins, que acabou por fechar com o Vasco. Mesmo assim, no fim do ano, a possibilidade de adquirir Anderson seguiu viva, mas uma melhor oferta levou o zagueiro ao São Paulo. Vital, por outro lado, é uma esperança corintiana para essa temporada.

Episódio eleitoral causa desgaste para empresário

Na política, ao longo do mesmo período recente, o nome do empresário esteve presente. Presidida pelo desembargador Miguel Marques e Silva, a comissão eleitoral apurou denúncias de que Carlos Leite enviou um cheque de R$ 200 mil ao Corinthians para refinanciar eleitores em situação irregular. O agente negou o fato e sustentou que havia feito um empréstimo para o clube, que por sua vez disse desconhecer uma operação dessa natureza.

"O pessoal desconfiava em denúncias que recebemos, mas não conseguimos um elo entre o depósito de R$ 200 mil e o [candidato] Andrés [Sanchez]. Também nos foi falado sobre um segundo depósito de R$ 300 mil, mas não conseguimos essa ligação", disse Miguel ao UOL Esporte. Mesmo assim, o órgão tomará algumas providências.

"A comissão não tem poder de investigação e apuração, mas o caso vai ser encaminhado para a Comissão de Ética, que tem atribuição de punição e expulsão [dentro do Conselho]. O que vou propor é que esse fato deve ser encaminhado para a Receita Federal para que ela apure o caminho desses recursos", complementou Miguel.

Além de funcionários e personagens da política do Corinthians, caso do ex-diretor de futebol Eduardo Ferreira, a Comissão gostaria de ter ouvido o próprio Carlos Leite, mas ele alegou compromissos durante a janela de transferências para não comparecer no clube. Ferreira, por sua vez, apresentou documentos e comprovantes para sustentar que não teve participação no caso. A possível impugnação dele acabou não sendo levada adiante.

Empréstimos frequentes entre Corinthians e Carlos Leite

Mateus Vital estreou pelo Corinthians na última semana - Marcello Zambrana/AGIF - Marcello Zambrana/AGIF
Mateus Vital estreou pelo Corinthians na última semana
Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Representante de Mano Menezes quando o treinador trocou o Grêmio pelo Corinthians, no fim de 2007, Carlos Leite ganhou espaço no clube ao coordenar outros negócios na sequência, como as vendas de Cristian e André Santos para a Turquia. A primeira polêmica se deu ao realizar empréstimos para o clube contratar a dupla Eduardo Ramos e Wellington Saci, destaques no futebol goiano. O procedimento se repetiu na chegada de Elias, da Ponte Preta.

Nas gestões de Sanchez, Mário Gobbi e Roberto de Andrade, aderir a empréstimos com Leite para realizar o pagamento de dívidas emergenciais ou até mesmo salários se tornou prática frequente e registrada em balanços patrimoniais.

Desde que Andrés Sanchez se tornou presidente do Corinthians, em 2008, Carlos Leite trabalhou em transferências de pelo menos 19 jogadores corintianos: André Santos, Cristian, Eduardo Ramos, Wellington Saci, Elias, Morais, Souza, Wallace, Romarinho, Cássio, Gil, Renato Augusto, Fagner, Anderson Martins, Camacho, Bruno Paulo, Wanderson, Fellipe Bastos e Mateus Vital. Além disso, ele trabalhou com os treinadores Mano Menezes e Cristóvão Borges.