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Palmeiras topou mudanças para manter bom relacionamento com a Crefisa

Danilo Lavieri e Rodrigo Mattos

Do UOL, em São Paulo

24/01/2018 04h00

Após ação da Receita Federal, o Palmeiras vai ter que devolver todo o dinheiro investido pela Crefisa na compra de jogadores em até dois anos após o término de cada contrato, seja pelo fim do vínculo ou pela venda do atleta. A possibilidade de lucro é mantida caso a venda supere o valor da compra. O clube aceitou alterar as condições contratuais por conta do bom relacionamento com a parceira

A lista de investimentos da empresa de crédito chega a R$ 130 milhões e tem nomes como Dudu, Alejandro Guerra, Miguel Borja, Deyverson, Bruno Henrique, Juninho e Luan. Na prática, isso significa que o clube passa a ter todo esse valor como um passivo, uma possível dívida no futuro, com correção monetária . Esse montante também pode virar lucro caso consiga ótimas vendas.

Se quando contratou Borja e Deyverson, por exemplo, o risco analisado era zero, uma vez que todo o investimento era feito sem necessidade de retorno, agora as operações mudam consideravelmente. Só pensando nos dois, o clube precisaria dar um jeito de conseguir ao menos R$ 55 milhões para não ter prejuízo, já que as operações se transformaram em empréstimos bancários.

Mas por que o Palmeiras topou?

O Palmeiras participou de todo o processo e concordou em assumir os riscos na mudança da parceria que tem com a Crefisa. Apesar de passar a ser responsável por um eventual prejuízo em transações de jogadores, o clube entendeu que era a hora de mostrar solidariedade à patrocinadora.

Além do bom relacionamento, é importante lembrar que o time ainda tem o maior valor de camisa do país. São R$ 78 milhões só de patrocínio para 2018, valor que não entra na reformulação recomendada pela Receita Federal.

A presidente da Crefisa, Leila Pereira, também tem ganhado cada vez mais importância política. Neste momento, está ao lado do presidente Maurício Galiotte nas brigas travadas contra Mustafá Contursi. Ela também já declarou que pretende ser presidente após cumprir seu primeiro mandato de conselheira.

Cabe destacar que o clube aposta na sua saúde financeira para honrar todas essas dívidas em um cenário onde todos atletas virassem prejuízo.

O Palmeiras, em tese, poderia bater o pé e não aceitar a troca do contrato que já estavam assinados, mas isso não foi cogitado. A atitude deixaria a instituição financeira abandonada nas adequações que precisariam ser feitas.

Por isso, o Palmeiras ajudou a desenhar o acordo que faz dele mesmo responsável pela devolução dos investimentos, com correção monetária, em até dois anos depois de efetivado o fim do contrato, seja por término do vínculo ou venda.

A mudança foi uma recomendação da Receita Federal. A Crefisa investia em jogadores comprando os direitos de imagem dos reforços. Como utilizava os atletas em suas campanhas de marketing, declarava os valores como despesa, o que reduz o lucro e, por consequência, o imposto pago.

A questão é que, pelo acordo, o Palmeiras devolveria os valores à empresa de crédito quando vendesse o jogador em questão. Esse retorno do investimento foi interpretado pela Receita como um empréstimo, e não uma simples despesa, o que teria uma taxação diferente.

Antes disso, a Crefisa já tinha sido multada em R$ 30 milhões pelo aporte feito em 2015 e 2016. A empresa, inclusive, se adiantou e já pagou R$ 80 milhões à Receita referentes aos investimentos de 2017 antes mesmo de uma eventual nova multa.