Ex-meia do Grêmio relembra jogo 'surpresa' com Real Madrid em 1961
Grêmio e Real Madrid não se enfrentam pela primeira vez, neste sábado (16), na final do Mundial de Clubes, em Abu Dhabi. Há 56 anos, os clubes se cruzaram por acaso em um amistoso disputado na França. O time liderado por Di Stefano e Puskas aplicou 4 a 1 e deixou os jogadores do Tricolor de queixo caído por tamanha qualidade e velocidade. Quase seis décadas depois, a torcida é para que o final da história seja diferente.
O Grêmio pegou o Real Madrid em Estrasburgo, interior da França, em 24 de maio de 1961.
“Nós estávamos em excursão pela Europa. O time todo estava na Alemanha e à noite chegaram e falaram ‘se arrumem, pois vamos até a França. Daqui dois dias nós vamos jogar com o Real Madrid lá’”, conta Milton Kuelle, ex-meia que jogou no Grêmio entre 1954 e 1965.
A viagem de última hora ocorreu pela ausência do Sedan Ardennes, o rival original do Real Madrid em sua gira pela França. O Grêmio estava treinando há onze dias na Alemanha e antes desse intervalo havia somado sete vitórias, três empates e cinco derrotas em amistosos pela Europa. Mas nada do que o Tricolor encarou chegou perto do Real Madrid.
“Era um Real Madrid muito forte, muito forte... Não foi surpresa jogarmos e não vencermos”, lembra Kuelle. “Quando a gente chegou lá e viu o Di Stefano, Gento, Puskas... Ficamos surpresos. A gente foi com tudo, mas tecnicamente eles eram muito superiores. O Grêmio era organizado, mas não deu”, completa.
A escalação do Grêmio tinha nomes de impacto do clube. Airton Ferreira da Silva, chamado de Airton Pavilhão, é um dos maiores jogadores da história do Tricolor. Gessy da mesma forma. Kuelle, mesmo modesto, também merece espaço na galeria de notáveis.
“Não lembro que foi o melhor (jogador do Grêmio contra o Real Madrid), mas sei que eu não fui (risos)”, brinca o ex-jogador. “A gente tinha Gessy, Airton. Esses marcaram pela qualidade, pela técnica que tinham. Esses jogadores sempre se destacaram. Os outros fizeram força, inclusive eu. Mas a qualidade deles (Real Madrid) foi impressionante”, acrescenta.
Além de Di Stefano, o time espanhol contava com Puskas, Santamaría, Del Sol e Gento. O Real Madrid, naquele momento, era o atual campeão do mundo (vencera o Peñarol na primeira edição do Mundial Interclubes no ano anterior), campeão da Europa e também campeão espanhol. Uma máquina treinada pelo espanhol Miguel Muñoz.
O poderio do clube merengue foi medido também com uma régua que parecia sem fim no Grêmio: a velocidade de Altemir, lateral direito do time treinado pelo mítico Oswaldo Rolla, que atendia também pelo apelido de Foguinho.
“Nós tínhamos um lateral, o Altemir, de velocidade incrível. Mas quando a bola caía no Puskas, ele metia no Gento e o Altemir ficava quase uma quadra para trás. A gente nunca tinha visto uma velocidade daquelas. Nunca tínhamos visto aquilo, sinceramente. E olha que ele caiu contra o nosso jogador mais rápido”, relata Milton Kuelle.
Desta vez, o Grêmio de Bruno Cortez encara o Real Madrid de Isco. O Tricolor de Ramiro, Luan e Geromel tenta segurar Kroos, Modric e, claro, Cristiano Ronaldo. Sem vergonha nenhuma, Kuelle só pede que o Tricolor seja autêntico.
“O Real Madrid é enorme, mas não é imbatível. É um jogo só”, pontua o antigo meia do Tricolor. “Que o Renato confie e passe ao time dele tudo que ele aprendeu e sabe”, finaliza.
O Grêmio jogou contra o Real Madrid com a seguinte escalação: Henrique; Altemir, Airton, Ortunho e Ênio Rodrigues; Élton, Milton Kuelle, João Cardoso, Marino, Gessy e Vieira. Técnico: Oswaldo Rolla. O time merengue atuou com: Vicente; Marquitos, Santamaría, Casado, Vidal, Pachín, Herrera, Del Sol, Di Stefano, Puskas e Gento; Técnico: Miguel Muñoz.
Grêmio e Real Madrid se enfrentam neste sábado, às 15h (Brasília), no Zayed Sports City, em Abu Dhabi.
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