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Quem é o brasileiro que fisga os melhores jovens e já deixou Barça pra trás

Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, em Lisboa (Portugal)

28/10/2017 04h00

Ainda distante de convencer naquela altura, a seleção brasileira fechou o seu ano de 2015 com uma vitória de 3 a 0 sobre o Peru, na Arena Fonte Nova, em Salvador, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.

A delegação comandada por Dunga ficou hospedada na ocasião em hotel próximo ao aeroporto da capital soteropolitana. Quase despercebido, se encontrava também no mesmo local o chefe de olheiros do Real Madrid, Juni Calafat, que retornava de viagem pelo Uruguai e chamou a atenção somente ao se dirigir a uma sala mais afastada para conversar com Kaká, amigo de longa data.

Homem forte das contratações, o brasileiro é o responsável por revolucionar o mercado dos espanhóis.

Com três títulos da Liga dos Campeões nas últimas quatro temporadas, os merengues se ‘reinventaram’ ao deixar de lado a aposta pelos galácticos que caracterizaram a primeira fase da gestão Florentino Pérez para contarem hoje com os melhores jovens jogadores do mundo.

Asensio, comprado por 3,5 milhões de euros (R$ 13,2 milhões na cotação atual) ao Mallorca, é considerado um marco nesse sentido.

Ele puxa uma fila formada por nomes como Casemiro, Isco, Ceballos, Kovacic, Varane e que, a partir de 2019, irá contar ainda com Vinícius Junior, do Flamengo.

Figura central em um processo que desbancou o rival Barcelona como maior celeiro de promessas do futebol europeu, Juni Calafat, que é filho de mãe brasileira e morou em São Paulo até os 14 anos, chefia a rede de ‘tentáculos’ do Real Madrid nos bastidores e que impulsiona Cristiano Ronaldo a manter o trono de melhor do mundo.


Conforme revelado pelo UOL Esporte, o time de Santiago Bernabéu fechou recentemente com Paulo Henrique Xavier, ex-Manchester United e também seleção, para representá-lo no Brasil e na América do Sul e seguir mais de perto a revelação Vinícius Jr.

É apenas mais uma peça dentro de uma engrenagem que age sempre com o maior sigilo possível.

Na semana passada, 21 clubes pediram entradas para que seus scouts acompanhassem Benfica e Manchester United, em Lisboa, pela Liga dos Campeões. Entre eles, Milan, Arsenal, Borussia Dortmund, Manchester City e Inter de Milão. O Real Madrid recorreu a outro meio para não suscitar rumores.

O seu lema é de que, se os olheiros das demais equipes estão de um lado, os seus se sentam do outro.

Como resultado desse projeto, mandou a campo um time com a média de idade de 26 anos em seu último compromisso pela Liga Espanhola, contra o Eibar.

Sem passagem por clubes brasileiros, Juni Calafat chegou ao Bernabeu a partir de indicação do braço-direito de Florentino Pérez, Ramon Martínez, que resolveu trazê-lo após acompanhar seu trabalho como comentarista da emissora espanhola Canal Plus e se impressionar com o seu conhecimento. Desembarcou inicialmente como responsável pela América do Sul e, desde 2015, comanda todo o departamento de observação.

É quase um ‘irmão’ para Ronaldo Fenômeno, uma das pessoas mais próximas a Kaká e tentou fisgar Neymar antes mesmo de sua ida para o Barcelona.

Entre interlocutores que trabalham no mercado ouvidos pela reportagem, tem a fama de ser “dono de uma das melhores agendas do futebol”.

Essa mesma agenda permitiu saltar à frente dos concorrentes para se aproveitar da brecha do fim de contrato para assegurar a vinda de Vinícius Junior por 45 milhões de euros (R$ 167 milhões) e superar a concorrência de Barça, City e PSG. No fim de setembro, esteve no Brasil para acompanhar a evolução do atacante de 17 anos in loco pelo Flamengo e se reuniu com o presidente Eduardo Bandeira de Mello.

O UOL Esporte apurou que uma nova ida ao Rio de Janeiro está marcada para novembro.

Tudo isso para que nada escape ao radar do Real Madrid, que prepara Vinícius, contrata Rodrigo Farofa, ex-Palmeiras, e vê Augusto Galván, ex-São Paulo, dar seus primeiros passos na capital espanhola. O futuro pode estar garantido no Santiago Bernabéu.