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Pressão e desmobilização: blogueiros falam o que Corinthians precisa mudar

Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Do UOL, em São Paulo

28/10/2017 04h00

O Corinthians não vence há três jogos e a diferença do líder do Brasileirão para os concorrentes que chegou a ser de 10 pontos caiu para apenas seis por conta do período de instabilidade. O rival Palmeiras é quem está na vice-liderança, na cola da equipe de Fábio Carille. O sinal de alerta quanto ao título que parecia certo no primeiro turno foi ligado e os blogueiros do UOL Esporte opinam sobre o que a equipe precisa melhorar no torneio.

Por que o Corinthians piorou?

André Rocha: Houve uma desmobilização geral pela vantagem na tabela e porque os principais concorrentes priorizaram outras competições, especialmente o Grêmio. Criou uma espécie de certeza de título, mesmo perdendo desempenho. Em paralelo, os adversários passaram a estudar mais as virtudes e defeitos da equipe de Fabio Carille e houve uma nítida queda no rendimento físico de alguns jogadores que prejudicou a parte técnica - os mais nítidos são Jadson, Rodriguinho e Romero.

Juca Kfouri: Queda geral dos titulares com exceção de Cássio e Jô.

Julio Gomes: A principal razão é o time achar que poderia administrar a vantagem. Entrou em campo para muitos jogos conformado com o empate, sem faca nos dentes, sem buscar resultado melhor. Acabaram não vindo vitórias que talvez viessem de forma natural e, neste momento, o problema passou a ser mental. Agora a pressão é grande e está sendo difícil lidar com ela. Não acredito que haja o problema físico que muitos têm citado, até porque o Corinthians jogou menos do que seus concorrentes no ano e teve tabela mais folgada.

Se o Corinthians perder o título, será o maior fiasco?

André Rocha: Sem dúvida. Maior até que o Palmeiras de 2009, que era líder, parecia absoluto, mas despencou e terminou em quinto, sem vaga na Libertadores. Porque agora o título parecia muito certo, bastava manter um desempenho razoável e não o futebol tão pobre e os ridículos 36% de aproveitamento do returno.

Juca Kfouri: Do tamanho de quando, em 2009, o Palmeiras deixou o Flamengo ser campeão e ficou até fora da Libertadores.

Julio Gomes: Sim, pela vantagem aberta. Não é um fiasco o Corinthians não ser campeão - aliás, nem era tido como um dos favoritos antes do início da competição. Mas, depois da vantagem bizarra conquistada e levando em consideração que os outros times estavam cheios de problemas ou de jogos por outras competições, perdeu o título não é aceitável. Sim, seria o maior fiasco já visto.

O Corinthians pode retomar a boa fase nas rodadas finais ou se arrastará até o final do campeonato?

André Rocha: Só se Carille mexer no time e encontrar uma formação que tenha um encaixe imediato. Um tanto improvável. Mas é possível melhorar o desempenho, ainda que não alcance o nível do primeiro turno. Só não pode embarcar na canoa furada de "vencer jogando feio", "futebol de resultados", "jogar por uma bola". Isto o Corinthians já vem fazendo e não tem dado certo. Tem que pensar em voltar a jogar bola, principalmente em casa no dérbi contra o Palmeiras.

Juca Kfouri: Vai sofrer até o fim.

Julio Gomes: Tudo dependerá do jogo contra o Palmeiras (5/11). Se o Corinthians sair do dérbi com seis ou mais pontos de vantagem, a coisa acalmará e acredito que os bons resultados voltarão nas rodadas finais. Se o Corinthians sair do dérbi com quatro ou menos pontos de vantagem, o desespero tomará conta e acho que a boa fase não voltará. Neste momento, é a situação psicológica que conta mais.

Qual é a principal diferença do Palmeiras do Cuca para o do Alberto Valentim?

André Rocha: Em termos de gestão de vestiário e ânimo, uma mudança no comando técnico sempre tem impacto. Os jogadores costumam ter boa vontade com auxiliar que já convive com o grupo no dia a dia. Mas há mudanças sensíveis no campo, como um time mais compacto, organizado, marcando por zona e valorizando a posse de bola, bem diferente do estilo Cuca de jogo vertical e marcação por encaixe com perseguições individuais. O Palmeiras de Valentim joga futebol atual.

Juca Kfouri: O time joga com a bola no chão, de pé em pé.

Julio Gomes: Ainda é muito cedo para fazer uma comparação tática detalhada. Nota-se um time mais relaxado em campo, mais tranquilo, e isso costuma dar resultado.