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Zagueiro do Inter usa Football Manager para avaliar rivais: "Conhecimento"

Léo Ortiz, zagueiro do Inter, utiliza games de futebol para crescer na carreira - Ricardo Duarte/Inter
Léo Ortiz, zagueiro do Inter, utiliza games de futebol para crescer na carreira Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

27/10/2017 04h00

Quem, entre aqueles que gostam de videogame, nunca ouviu que os joguinhos "não ajudam em nada no futuro"? Nem sempre é verdade. Pelo menos não no caso do zagueiro Léo Ortiz, do Internacional. Fã de games de futebol, o defensor de 21 anos jura que jogar Football Manager, famoso simulador de futebol que permite atuar como técnico ou "manager", ajuda dentro de campo.

"Ajuda em características e jogadores. Além de táticas que a gente acaba vendo no jogo", disse ele, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte. "Às vezes você vai enfrentar determinado jogador e já conhece do game. Tento aproximar com o que aprendo no campo também. É muito válido", completou.

Seja em casa, nos momentos de folga, ou na concentração, Ortiz usa o tempo ocioso com algo que, na avaliação dele, também contribui para o crescimento profissional. Além de manter o 'radar' de jogadores que ele encarou em outros momentos. "Encontrei alguns que enfrentei em um torneio pela base na Alemanha. O Larsen e o Pulisic, do Borussia Dortmund, por exemplo", comentou.

Em sua primeira temporada no time principal do Inter, ele acredita que ainda tenha a evoluir, mas se mostra satisfeito com o rendimento. Tanto no campo quanto no controle. "Sou melhor na bola, mas no controle não sou ruim também", brincou.

Confira a entrevista exclusiva com o zagueiro 'gamer' do Internacional.

UOL: Como veio os games na tua vida? Você acha que isso pode te ajudar em campo?
Eu jogo desde pequeno, Fifa (game de futebol), sempre gostei de jogar. O Football Manager (simulador de futebol em computador) eu comecei a jogar faz uns seis ou sete anos. Porque um vizinho e um amigo também jogavam, sempre ia na casa deles jogar. Jogava, assistia, via... Comecei a gostar e baixei no meu computador. Levei na concentração. Eu gosto pelo conhecimento dos jogadores, conhecer jogadores de outros países, algumas táticas, trabalhar isso dentro do jogo, isso é importante. Pegar um pouco do que aprendo com o campo profissionalmente e levar para o game.

UOL: Por conhecer o campo e o jogo, você acha que está muito distante um do outro, movimentação, vivência de futebol...
É difícil comparar. Às vezes a gente se irrita um pouco nos games porque não é como no jogo. Aqui no jogo é mais complexo porque tem a coisa do individual. O que se passa na hora não consegue passar para o jogador do game. Algumas coisas estão evoluindo cada vez mais. Mas ainda tem uma diferença grande.

UOL: Em algum momento tu notaste que faz diferença jogar o game no campo?
É mais pelas características. Quando você enfrenta times de fora daqui, quando fomos no Brasileiro, conhecia jogadores que não aparecem tanto para a gente, mas tem no game. Tu já conhece ele por ali. Às vezes ninguém conhece mas tu lembras do jogo. Outras vezes eu consigo pelas vezes que viajei fora do país com a base, na Alemanha. Eu joguei torneios lá, a gente procura os jogadores para verem se estão subindo, como eles estão porque jogou contra eles.

UOL: Algum você já encontrou?
No FM (Football Manager) tem muitos times, encontra todos. No Fifa, do Borussia Dortmund, que eu enfrentei em 2015, o Larsen, um dinamarquês, jogou as Olimpíadas contra o Brasil, é um jogador que lembro de ter enfrentado. Foi numa discussão, eu fui procurar e achei ele. Pulisic também, joga no Borussia, enfrentei ele. Que eu me lembre de cabeça é nisso.

Léo Ortiz gol contra Internacional Palmeiras - Ale Cabral/AGIF - Ale Cabral/AGIF
Léo Ortiz lamenta após anotar o gol contra no Allianz Parque
Imagem: Ale Cabral/AGIF

UOL: Existe uma antiga discussão sobre os games. Se são positivos ou negativos para as pessoas. O jovem fica muito tempo praticando, mas hoje em dia há até profissionais nisso. O que você acha?
Tudo que é em demasia acaba atrapalhando. O vício não é legal, atrapalha, mas em alguns momentos ajuda, o conhecimento de jogadores, de táticas, de implementar no jogo. Como eu disse, quando é muito não é bom. Tem que ver jogos de outros lugares, da Europa, do Brasil, de verdade também.

UOL: É zagueiro jogando também? Retranqueiro? Já jogou competições e quem joga na concentração?
Eu, mesmo zagueiro, sou um cara que gosta de sair jogando, ser ofensivo. Então no meu time é sem balão, só saindo jogando. [risos] Competição nunca, só no colégio tempos atrás. Na concentração jogam Charles, Juan, Uendel. Lomba... Eu acho que eu estou no top 3. Mas os caras também jogam.

UOL: Como você joga Fifa, o que acha dos brasileiros não estarem no jogo? Sente falta do teu 'boneco'?
É ruim porque é bem legal poder escolher os times brasileiros e controlar os amigos, mas acho que os clubes não chegaram a um acordo com a EA Sports e os clubes não entraram. Quem sabe na próxima edição isso mude e eu possa me escalar.

UOL: Se você estivesse no jogo, qual over (força) acha que teria?
Ah, é difícil falar de mim. Acho que eu poderia ficar na média de outros jogadores jovens do jogo, mas com potencial.

UOL: Falando do Ortiz jogador (de verdade). Como você avalia a temporada 2017?
Eu cheguei desconhecido, tinha recém subido da base, não esperava jogar o tanto que joguei. Foi uma ascensão muito rápida pela necessidade que tinha na época. Ganhei chance, comecei a aparecer e ganhei sequência. Acho que para um cara que tem primeiro ano de profissional e tinha recém subido da base, é normal esta oscilação. Perdi espaço, mas o mais importante é trabalhar. Porque no ano que vem a consequência é o trabalho de hoje. Por mais que eu não esteja jogando tenho que mostrar que para o ano que vem eu estou pronto para continuar, ganhar espaço e mais experiência.

UOL: Como você coloca a disputa por posição ali na zaga?
Para meu primeiro ano meu objetivo era ganhar o máximo de experiência possível.  E eu ganhei até mais do que esperava. Foram quase 30 jogos, talvez no começo do ano fazendo uma perspectiva com meu pai, esperava era jogar alguns jogos, poder mostrar, e do nada tinha quase 30 jogos. A disputa é boa para mim porque tem jogadores experientes, Cuesta, zagueiro de seleção argentina. O Danilo tem uma história aqui no clube, o Klaus é novo mas tem experiencia do Juventude, o Ernando foi semifinalista de Libertadores. São jogadores que são bons para mim porque passam viência e experiência e isso é bom para meu futuro. .

UOL: Foi tudo rápido demais? Logo no primeiro ano veio a titularidade...
É difícil falar. Foi tudo muito rápido, mas não dá para dizer que não devia ter sido assim. Eu queria ter jogado mais jogos, e minha ideia era ganhar experiência e jogar o máximo possível, mas se me dissesse que eu iria jogar 30 partidas, eu queria, claro, porque quero sempre jogar. É assim. A cobrança no Inter eu sabia que seria alta pelo clube grande e a importância do ano, um ano atípico... Sabia que seria assim. Mas eu tento lidar com isso da melhor forma, me cobro muito para poder melhorar, essa pressão é uma experiência nova para mim mas também vai me ajudar para o futuro pois estarei mais preparado para isso.