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Sete anos atrás, Dorival Jr. podia ter trocado Santos de Neymar pelo SP

Dorival Júnior vai enfrentar o Santos pela primeira vez como treinador do São Paulo - Rubens Chiri/saopaulofc.net
Dorival Júnior vai enfrentar o Santos pela primeira vez como treinador do São Paulo Imagem: Rubens Chiri/saopaulofc.net

José Eduardo Martins e Samir Carvalho

Do UOL, em São Paulo e em Santos

27/10/2017 04h00

Apesar de os resultados recentes do São Paulo não serem espetaculares, Dorival Júnior está mais do que satisfeito com a estrutura e o respaldo do clube. Neste sábado à noite, no Pacaembu, ele tenta a sua primeira sequência de duas vitórias consecutivas justamente contra o Santos, time que dirigiu até junho. A relação do treinador com o Tricolor, porém, poderia ter começado muito antes, há sete anos. 

Em 2010, o treinador recebeu proposta para assumir o time do Morumbi, que enfrentava crise com Sergio Baresi no comando. Curiosamente, na época, o vice-presidente de futebol do São Paulo era o atual mandatário do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. O time estava em crise, buscava um treinador e procurou Dorival, que era considerado um dos principais técnicos do país. O acordo não saiu do papel porque o treinador já havia entrado em acordo com o Atlético-MG e para lá seguiu. 

A proposta do São Paulo, que não foi confirmada na época e hoje é reconhecida por pessoas próximas ao treinador, gerou polêmica. A diretoria do Santos chegou a insinuar que o interesse do arquirrival teria influenciado na postura do treinador antes de um clássico com o Corinthians. O então presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, colocou ainda mais lenha na fogueira em sua entrevista após a vitória por 3 a 2 sobre o time da Baixada Santista.

"Vocês não sabem nem de 20% da história. Claro que tem [outro clube na história]. Aconteceu muita coisa que não foi contada ainda. Quem sabe um dia isso apareça. Se vocês querem mesmo saber, fica uma semana inteira aqui na Vila investigando. Se fosse no Corinthians já teriam uns 200 jornalistas fazendo isso”, disse à época, Andrés.

Saída polêmica do Santos começou com rebeldia de Neymar

Tudo ia bem para Dorival Júnior no Santos até o dia 16 de setembro de 2010, quando o treinador foi xingado pelo atacante Neymar em duelo contra o Atlético-GO na Vila Belmiro. O craque foi impedido pelo chefe de bater um pênalti e se descontrolou em campo, em um dos episódios mais marcantes da carreira. Foi o ponto baixo em um ano de ascensão para o treinador, campeão do Paulista e da Copa do Brasil com um time inovador e extremamente ofensivo, liderado pela terceira geração de "Meninos da Vila". 

O “conto de fadas” acabou porque Dorival, após ser xingado, exigiu que a diretoria santista punisse o atleta. Inicialmente, os cartolas entendiam que uma entrevista coletiva de Neymar, com pedido de desculpas público, era o suficiente para que as arestas fossem aparadas. 

Dorival ficou abalado com a decisão, pois acreditava que ficaria marcado na carreira por falta de autoridade com os atletas. Por solidariedade, alguns líderes do elenco intercederam pelo treinador. O volante Roberto Brum foi o responsável por pedir uma reunião com Luis Alvaro de Oliveiro Ribeiro, presidente santista à época. .

Eles explicaram que Dorival teria a sua carreira prejudicada e conseguiram convencer o dirigente. Por conta disso, Neymar foi afastado do jogo contra o Guarani. O problema é que o treinador não se deu por satisfeito. Ele queria o atacante também fora do clássico contra o Corinthians, na rodada seguinte, na Vila Belmiro.

A diretoria, então, considerou exagero de Dorival e ainda entendeu que o treinador não estava respeitando a hierarquia do clube. O resultado final foi a demissão. Com o São Paulo em crise, os boatos de uma troca entre rivais cresceram e alimentaram especulações como a de Andrés Sanchez, citada acima. Dorival, no entanto, acabou fechando com o Atlético-MG. 

Sem repetir o êxito dos tempos de Santos em Minas Gerais, Dorival deixou o Galo em agosto de 2011. Depois passou por Internacional, Flamengo, Vasco, Fluminense e Palmeiras - também sem o brilho de outrora -, até retornar à Vila Belmiro, em 2015. Lá ganhou outra vez o título do Paulista, em 2016, e status, até ser chamado pelo Tricolor para substituir Rogério Ceni, em julho.