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Del Nero age em desespero por árbitro de vídeo e é obrigado a recuar

Sergio Moraes/Reuters
Imagem: Sergio Moraes/Reuters

Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

23/09/2017 04h00

Marco Polo Del Nero chegou incomodado à sede da CBF na última segunda-feira (18). Com a paciência no limite após mais uma rodada de erros e polêmicas a arbitragem, ordenou a implementação do sistema de árbitro de vídeo "o quanto antes". A determinação era correr, tentar disponibilizar o recurso nos jogos mais próximos. No entanto, a rodada que se inicia neste sábado (23) seguirá sem a novidade desejada pelo então desesperado presidente da confederação.

Até a tarde do dia anterior à decisão, a CBF tinha planos de implantar o árbitro de vídeo somente em 2018, em data ainda imprecisa. A ordem era economizar. E forma justamente as "amarras" de um projeto que demorava a andar que inviabilizaram o desejo inicial do mandatário, obrigando-o a recuar no discurso de pressa. A implementação do sistema só deve ocorrer no meio de outubro.

Para se ter uma ideia, a Conmebol vai demorar seis meses do momento em que teve aprovação para o vídeo até sua utilização na semifinal da Libertadores, em outubro. A Fifa vem refinando seu protocolo desde o ano passado. Ambas contataram empresas para tocar o sistema.

Os motivos da demora

E inúmeros são os motivos que fizeram Del Nero "cair na real" e entender que não seria tão simples ter o agora sonhado árbitro de vídeo "o quanto antes".

Há vários empecilhos no caminho. Primeiro, a CBF precisa aguardar a chegada dos equipamentos. Comprados às pressas nesta última semana, eles vêm do exterior e demoram até duas semanas para desembarcar no Brasil. Após isso, a confederação ainda precisará de cerca de dois dias de testes com os mesmos para assegurar uma margem mínima de erros.

 Segundo, é preciso avaliar os estádios e a melhor localização para instalá-los. Na esteira da implementação, vários treinamentos de árbitros, que se iniciaram essa semana, devem ser feitos antes do início da utilização. Até esta semana, só quatro nomes do quadro brasileiro tinham feito curso na Conmebol.

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Somente na segunda-feira (25) outros 64 árbitros iniciarão um curso de mais de duas semanas de duração no interior de São Paulo.

"Teremos correria, claro. Queimaremos algumas etapas", admitiu o chefe de arbitragem da CBF, Coronel Marinho, a explicar a aceleração de um processo que andava engavetado há alguns dias.

Paralelo a tudo isso, há uma questão de negociação com a TV Globo, que cederá as imagens. Por exemplo, a emissora coloca as câmeras para melhorar sua transmissão, não para ficar na linha de impedimento e avaliar se um jogador está irregular. Mais, usa número de câmeras diferentes por jogo, dependendo da importância. A CBF terá de uniformizar.

Globo cautelosa

Por fim, a Globo discute a responsabilidade e as definições sobre os operadores de replay, que terão papel fundamental, trabalhando em conjunto com os árbitros de vídeos na cabine.

Evitando que a Confederação "terceirize" a culpa pelos futuros erros, a TV Globo se protegeu. A emissora manteve a calma nas conversas, evitou a pressa que poderia gerar polêmicas em campo no processo e salientou: "o projeto demanda tempo".

Era o balde de água fria que faltava para Marco Polo Del Nero recuar no discurso. Se a CBF agia por impulso, a Globo mantinha a razão.

Flamengo e Avaí iniciam a rodada do Brasileiro neste sábado, na Arena da Ilha. Por ora, tudo como no último fim de semana. Agora com árbitros mais pressionados em campo, mas ainda sem o vídeo.

A única coisa que se sabe é que o novo recurso entrará em ação em breve. Mas o "quanto antes" de Marco Polo Del Nero foi brecado. Ter a novidade nas 14 rodadas restantes virou apenas um desejo em meio ao desespero de tantos erros. A realidade diante de custos, material, testes e cautela da Globo aponta para um cenário de vídeo nas dez rodadas finais. Ou menos.