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Vasco tem travado guerra com arbitragem e Eurico já ameaçou até CBF

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

18/09/2017 04h00

A revolta do Vasco com a arbitragem na nova era Eurico Miranda não é um fato restrito à derrota para o Corinthians com um gol de mão do atacante Jô. Desde 2015, no início da gestão, o clube e, mais especificamente, o dirigente, tem travado uma guerra com os homens do apito. Insinuações, pedidos de punições e até ameaças e denúncias a homens fortes da CBF têm feito parte da trajetória do cartola em seu retorno ao comando do Cruzmaltino. Abaixo, o UOL Esporte traz os principais momentos do embate.

Outubro de 2015 – Denúncias contra dirigentes da CBF

Naquela ocasião, já atolado na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, o Vasco empatou com a Chapecoense em casa e Eurico Miranda resolveu conceder entrevista coletiva para demonstrar sua insatisfação com os erros de arbitragem tanto diante da Chape como no duelo com o Avaí, na rodada anterior. O dirigente, no entanto, não se limitou somente aos lances, e fez duras cobranças ao presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, ao presidente da Comissão de Arbitragem, Sérgio Corrêa e, não satisfeito, também fez sérias denúncias contra Delfim Peixoto, presidente da federação catarinense e vice da entidade máxima do futebol brasileiro na época e que depois faleceu no acidente com o avião da equipe de Chapecó.

“Alerto para uma situação que demonstra claramente a culpa da comissão de arbitragem e de quem tem poder sobre ela, que é a própria CBF. Tem jogo político muito forte. O presidente da CBF está para sair. Não saiu ainda porque tem um opositor. Esse opositor é o presidente da Federação Catarinense de Futebol, que tem quatro clubes envolvidos (na luta contra o rebaixamento) e claramente está mostrando qual a sua posição. Inclusive, levando a criação dessa liga (Rio-Sul-Minas) que já classifiquei como ilegal e imoral. É evidente que tem interferência direta na arbitragem. Muita gente fala: "ah, compraram o árbitro". Não é nada disso. O árbitro vai para partida e recebe comunicados antes. Esse presidente da Federação Catarinense, com a maior tranquilidade, vai ao vestiário dos árbitros, coisa que, "em tese", é proibida. O que ele vai dizer? Para apitar bem ou que em breve ele estará na (presidência) CBF. Diz que o árbitro com ele vai chegar a ser aspirante à Fifa. Isso é o principal que pode se oferecer ao árbitro”.

Abril de 2015 – Insinuações contra o rival Flamengo

Após o primeiro jogo da semifinal do Campeonato Carioca contra o Flamengo, Eurico se mostrou indignado com um lance onde o então volante rubro-negro Jonas atingiu com o pé direito o rosto do atacante vascaíno Gilberto. Mesmo com a agressividade da jogada, ele recebeu apenas cartão amarelo. Inconformado, o presidente cruzmaltino utilizou o site oficial do clube para insinuar um suposto histórico de favorecimento ao rival.

““Há muitos anos existe sempre um beneficiado em jogos decisivos. No grito, na coação, na mentira...NÃO!”

Setembro de 2016 – Pedido de punição ao árbitro

Eliminado para o Santos nas quartas de final da Copa do Brasil, Eurico Miranda não se conteve e expôs sua revolta após o empate em 2 a 2 que garantiu a classificação ao time paulista. Na ocasião, o Vasco ficou na bronca com uma suposta bola na mão não dada a favor do Cruzmaltino e de duas infrações no segundo gol do Alvinegro: falta em Alan e impedimento de Joel.

Na coletiva, o dirigente pediu punição ao árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima:

“O que eu quero é que sejam restabelecidos os direitos iguais. O futebol, sem nenhum tipo de problema, os jogadores estão sujeitos a punição, os dirigentes, os profissionais, e o árbitro não está sujeito a punição. Eu só queria que me dessem um argumento para o árbitro não ser sujeito a punição. Vou me ater ao jogo de ontem. Os árbitros não são amadores, são profissionais. Podem se consideram mal pagos, eu acho que são muito bem pagos. A arbitragem do jogo com o Santos custou quase R$ 10 mil. O árbitro atua, erra, e dizem: ‘Errar é humano’. É, mas todo mundo que erra paga pelo seu erro, o único que não paga é o árbitro".

Junho de 2017 – Cinco pênaltis contra em quatro jogos

O início do Campeonato Brasileiro deste ano também foi motivo para Eurico Miranda reclamar. O dirigente não gostou de atestar que, em quatro jogos, o Vasco tinha tido cinco pênaltis assinalados contra. Antes do duelo com o Corinthians pelo primeiro turno, ele falou:

“Queria fazer algumas colocações. A principal é que estamos bastante preocupados com o que está acontecendo. Não quero ser contundente, mas algumas coisas precisam ser explicadas. Tive quatro jogos e cinco pênaltis marcados contra o Vasco. Não quero entrar em mérito se foi ou não. Mas algumas coisas preocupam”.

Setembro de 2017 – Gol de mão de Jô

Com Eurico Miranda não viajando a São Paulo para acompanhar a equipe, coube ao seu filho, Eurico Brandão, vice de futebol, reclamar da arbitragem após a derrota para o Corinthians por 1 a 0 com gol de mão do atacante Jô.

“O que estamos passando para sociedade e para os filhos é um exemplo ruim. O Rodrigo Caio, que outro dia agiu com fair play, está brigando para não cair, e o Jô, que fez um gol de mão descaradamente, vai ser campeão. Esse é o exemplo do futebol brasileiro. Federação local trabalhando contra o futebol, jogador que faz gol de mão e não acontece nada... Entrega logo a taça para o Corinthians então! Para que competir? Treinar? Para chegar aqui e acontecer isso? É justo? É assim que tem que ser?”, indagou Euriquinho.