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Seleção volta a ser "central do mercado" e vê time ansioso no fim da janela

Philippe Coutinho durante treino da seleção brasileira no CT do Grêmio - Pedro Martins/MoWA Press
Philippe Coutinho durante treino da seleção brasileira no CT do Grêmio Imagem: Pedro Martins/MoWA Press

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Porto Alegre (RS)

30/08/2017 12h00

“É bom ter todo mundo de volta após tanto tempo. Precisamos trabalhar, a Copa já começou”. Tite foi categórico ao ressaltar a importância da preparação para os jogos contra Equador e Colômbia a menos de dez meses do Mundial da Rússia. Para tal, o treinador quer o grupo focado nas atividades em Porto Alegre e, posteriormente, Barranquilla. A atenção de alguns, no entanto, se divide às vésperas do fechamento da janela de transferência dos principais mercados na Europa.

As situações indefinidas de Philippe Coutinho e Luan reforçam uma tendência recente em momentos de reunião da seleção para partidas: a concentração vira uma central de negociações. Ainda que a circulação de empresários seja praticamente zero, os celulares dos atletas não param. E a ansiedade se faz presente.

Enquanto briga por uma vaga no time titular de Tite, Coutinho tenta trocar o Liverpool pelo Barcelona. A novela, no entanto, se arrasta. Já Luan, que tenta aproveitar a primeira convocação para a seleção principal, aguarda um desfecho sobre uma possível ida para o futebol europeu.

Nos últimos anos, ao menos quatro casos repetiram este cenário: em 2009, Kaká deixava o Milan e ia para o Real Madrid, enquanto treinava com a seleção; Neymar era assediado pelo Barcelona durante a Copa América de 2011, na Argentina; no mesmo ano, Thiago Silva se transferia para o PSG; e em 2015, também em uma Copa América, Roberto Firmino, dentro do hotel em Santiago (Chile) assinou contrato com o Liverpool.

Em Porto Alegre, palco de Brasil x Equador na quinta-feira próxima (31), o hotel que serve de concentração não tem recebido empresários. Reuniões, especialmente no caso de Luan, acontecem na cidade. E isso mexe com todos.

“Ficamos ansiosos, sim, para que a situação se resolva logo. Um lado diz uma coisa, outro lado diz outra. Não é legal. Dificilmente falam a verdade. Cada jogador tem um plano, está pensando em uma coisa. Precisamos respeitar”, disse o goleiro Alisson, que viveu situação semelhante entre março e abril de 2016, ao trocar o Internacional pela Roma.

E a comissão técnica não apresenta qualquer radicalismo, mantendo a linha flexível do trabalho. De acordo com a CBF, “as situações envolvendo negociações são geridas dentro do ambiente da seleção como todos os outros temas que envolvem os jogadores”. O coordenador Edu Gaspar avalia e busca entender “a importância e o momento para tomar a decisão que seja a mais confortável para o atleta”.

As indefinições atuais tiveram impacto direto no trabalho de Tite dentro de campo. Philippe Coutinho, que ainda não atuou nesta temporada do Liverpool por conta do impasse por sua possível saída, perdeu a vaga entre os titulares para Willian.

Alheio aos processos de transferências de seus atletas, Tite só faz um pedido aos jogadores: “Eles precisam se sentir bem, feliz”. Por enquanto, Coutinho e Luan convivem apenas com a ansiedade.