Piadas, broncas e excesso de sinceridade. Levir conquista os santistas
O técnico Levir Culpi superou as desconfianças desde a chegada ao Santos, há exatos 67 dias. O treinador escolhido para substituir Dorival Júnior, hoje no rival São Paulo, acumula números consideráveis para o renascimento da equipe neste segundo semestre – está invicto há 13 jogos –, mas se notabiliza, principalmente, por ter ganhado o extracampo com atitudes pouco convencionais.
Levir conquistou a confiança de dirigentes e dos jogadores pelo modo como tem gerenciado a sua relação com o elenco.
Sem longos períodos para trabalhos, o comandante santista costuma conversar com os atletas, contando casos antigos e até piadas. Por outro lado, o treinador não foge as broncas.
Com menos de um mês no cargo, realizou a primeira grande reunião interna com os jogadores para ajustar pequenos problemas. Um deles sobre o comportamento do meia Lucas Lima, que chiou ao ser substituído por Vecchio no fim da vitória santista contra o Atlético-PR, em 5 de julho, pelo primeiro jogo das oitavas de final da Copa Libertadores da América.
Reservadamente, Levir pediu para Lucas Lima imaginar como seria se o treinador esbravejasse e atirasse o copo d'água ao chão, como Lucas fez. Como o jogador reagiria? "Nós precisamos nos colocar no lugar dos outros", disse Levir.
Entre outras broncas, o comandante santista reclamou de atletas que estão voltando dos jogos do Santos em seus carros particulares. O treinador proibiu tal postura para os próximos jogos e exigiu que os jogadores retornem no ônibus da delegação santista explicando que, em caso de acidente, o clube seria responsabilizado.
Apesar do pulso firme, o treinador tem se notabilizado pelas oportunidades a quase todo o elenco. Ressuscitou nomes esquecidos como Daniel Guedes, Fabían Noguera, Vecchio e outros. No empate sem gols contra o Fluminense, na última segunda, deu chances para nomes como o meia Lucas Crispim, relegado muitas vezes ao Santos B.
Levir não tem escondido a relação sincera com os jogadores nem mesmo para a imprensa. Depois da vitória por 3 a 0 contra o Bahia, pela 16ª rodada da competição nacional, surpreendeu ao falar da atuação do atacante Bruno Henrique, autor dos três gols da equipe.
“Ele foi decisivo, mas foi um dos piores em campo. Você acredita nisso? É um cara que pode vir a ser um dos melhores atacantes do futebol brasileiro, mas precisa aprender algumas coisas. Assim como, mais ou menos, o Neymar, que aprendeu quando foi para a Espanha”, explicou na ocasião.
O discurso que parece um balde de água fria, após uma grande atuação, repercute positivamente como um cuidado do treinador para aperfeiçoar um nome de confiança dentro do elenco. Pouco depois, disse que Bruno Henrique merecia ser observado por Tite para a seleção brasileira sua evolução recente.
Um possível choque com medalhões também não foi evitado. Primeiramente, externou publicamente a proibição as manifestações religiosas no CT Rei Pelé, lideradas pelo centroavante Ricardo Oliveira, um dos principais nomes do elenco e pastor evangélico. Além disso, disse logo no começo que Oliveira poderia ser reserva de Kayke, em melhor fase.
Oliveira, contudo, é titular da equipe mesmo questionado e enfrentando impaciência da torcida pela ausência de gols, estabelecendo uma relação de confiança.
Levir também não lamenta a possível saída de jogadores. O principal caso envolveu o meio-campista Lucas Lima, ligado a uma transferência para o Barcelona (ESP). Apesar de sempre elogiá-lo, pediu para a diretoria não fazer loucuras financeiras e que a sua saída poderia até ajudar a equipe com o surgimento de novos nomes.
"[Essa situação] pode, sim, mexer com o time, mas também pode melhorar, ou não? Não quero fazer uma análise dessas porque para nós da comissão técnica não existe uma notícia oficial. Todos querem o Lucas Lima, o cara joga muito, também gostaria de contar com ele. Se o Lucas for negociado vou lamentar o quê? Eu prefiro, por exemplo, ter o grupo bem financeiramente do que só um jogador ganhando muito, prefiro dessa maneira”, argumentou.
Curiosamente, o técnico levou o Santos a terceira colocação no Brasileiro e às quartas de final da Libertadores, mas sempre evitou méritos próprios. Atribuiu o sucesso aos conselhos dos auxiliares – Elano, Marcelo Fernandes e Serginho Chulapa – ganhando, também, essa ala da comissão técnica.
Além de demonstrar autoridade perante os atletas, Levir Culpi limitou o trabalho na Santos TV nos vestiários. O treinador entende que as filmagens fazem parte do marketing do clube e que os torcedores gostam de acompanhar os bastidores. No entanto, o comandante santista pediu moderação e pretende reduzir o material produzido.
Outro caso curioso foi a não convocação de Vanderlei para a seleção brasileira, muito aguardada pelos santistas. O treinador evitou críticas a avaliação de Tite e ainda brincou: "para nós foi ótimo que não tenha sido convocado. Tomara que fique conosco".
Levir ganhou o elenco de vez aproveitando a semana com menos jogos para conceder folga aos jogadores. O técnico ainda estuda abolir concentrações nos jogos como mandante na Vila Belmiro.
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