Ingressos e falsificação: saiba motivos que levaram SP a demitir gerente
O São Paulo deve levar o suposto caso de corrupção envolvendo o ex-gerente de marketing, Alan Cimerman, para a polícia nesta sexta-feira (18). Demitido por justa causa, o ex-funcionário do clube é acusado de interferência no processo de venda de ingressos de camarotes para os shows da banda irlandesa U2, marcados para 19, 21, 22 e 25 de outubro no Morumbi.
Cimerman, que nega ter cometido crimes ou irregularidades, foi desligado do clube na última semana. O criminalista Roberto Podval, advogado do ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, é o responsável jurídico por defender os interesses do São Paulo no caso em que o clube alega de ter sido vítima de um esquema de venda ilegal de bilhetes e camarotes nas apresentações.
Em conversa com o UOL Esporte, Podval contou detalhes da denúncia que pretende entregar em uma delegacia de polícia ainda não definida. A agremiação se sente vítima de estelionato, apropriação indébita e falsificação de documentos.
“Temos provas de que ele (Cimerman) vendeu o que não tinha, recebeu quantias consideráveis pelo que não tinha e não entregou o que não tinha”, disse Podval. Ele se refere a ingressos e camarotes para o show que na prática não estavam à venda.
De acordo com o advogado, Cimerman vendia camarotes que não estavam disponibilizados para comercialização para um “laranja” que pagava preços inferiores aos praticados. Depois, eles eram revendidos por quantias bem superiores. Ainda pela versão de Podval, os compradores eram orientados a depositar o dinheiro da compra em conta de pessoas físicas, sendo ao menos uma delas de parente do ex-gerente de marketing.
“Mas os ingressos não existiam. Algumas pessoas reclamaram que pagaram e não receberam nada. Então, ele falsificou o recibo de uma empresa que estava negociando para ter os direitos da venda e entregou isso para os compradores. Alguns procuraram a empresa e ouviram que o recibo era falso”, disse Podval.
A versão é rechaçada por Daniel Bialski, advogado do ex-gerente de marketing e que defendeu com sucesso o presidente corintiano Roberto de Andrade em recente processo de impeachment. “Ilações foram e são feitas de forma múltipla. Porém, nada disso tem pertinência. E ele [Cimerman] tem documentos suficientes para mostrar a lisura da atuação dele“, disse Bialski.
Por outro lado, o defensor do São Paulo explica como Cimerman teria conseguido negociar bilhetes inexistentes e ainda por um preço muito baixo. “É que ele vendia e fiscalizava ao mesmo tempo. Ele aprovava as vendas”, afirmou Podval.
O advogado conta que as suspeitas começaram quando Márcio Aith, diretor executivo de comunicação e marketing do clube, estranhou uma venda de um grande número de camarotes por preço muito baixo. A partir daí, começou uma investigação.
O São Paulo ainda não sabe quanto dinheiro teria sido movimentado pelo suposto esquema. Há também a suspeita de participação de outras pessoas. “Agora a polícia vai investigar. Vamos pedir a quebra de sigilos bancários para saber se alguém mais está envolvido. Quem recebeu esse dinheiro em sua conta vai ter que explicar o porquê recebeu”, declarou Podval.
Comunicado
Segundo pessoas envolvidas no caso, o ex-gerente havia sido convocado para uma reunião no CT da Barra Funda com a alta cúpula tricolor. Na ocasião, ele teria confessado o suposto esquema nos shows, pois tinha de pagar dívidas nos Estados Unidos. Também havia citado uma delação premiada que teria feito contra Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e do Comitê da Copa de 2014, no exterior. Cimerman nega que tenha feito tais confissões e delação.
"Teve uma reunião para explicar os contratos dos camarotes, nunca foi admitido irregularidades pois não teve", disse Cimerman em contato com o UOL Esporte.
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