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Cuca na estrada, Tite em vigília: o abraço do futebol em Abel após tragédia

Leo Burlá, Pedro Ivo Almeida e Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

30/07/2017 15h29

A morte do filho mais novo do técnico Abel Braga – João Pedro – abalou o mundo do futebol. Mais do que isso: mobilizou boleiros de todas as partes do Brasil. Eles se desdobraram para ir até o Rio de Janeiro e dar um abraço no técnico do Fluminense após a tragédia.

Além da presença de amigos próximos e familiares, dirigentes, técnicos e jogadores foram prestar solidariedade a Abel no velório que ocorreu durante toda a madrugada deste domingo (30) e precedeu o enterro no Cemitério Memorial do Carmo, na zona portuária do Rio de Janeiro.

Dois dos principais colegas de profissão de Abel, Tite e Cuca foram figuras marcantes na vigília que ocorreu no salão nobre do Fluminense, nas Laranjeiras. O técnico da seleção brasileira chegou ao local ainda na noite de sábado (29) e ficou com o Tricolor até o amanhecer de domingo. Tite só deixou a sede do clube carioca por volta de 6h. A amigos, confidenciou o quão surpreso estava com a força de Abel durante o momento mais delicado de sua vida.

Já Cuca encarou a estrada para dar um abraço no amigo. O treinador deixou a Arena Palmeiras após a vitória sobre o Avaí, pegou o carro e foi até as Laranjeiras. Chegando na sede do Fluminense, ainda tirou um cochilo no veículo antes de subir para o velório e acompanhar o amigo até o enterro de João Pedro Braga.

União no Flu e colchonetes na sala da presidência

A “maratona” iniciada após a tragédia reunia cada vez mais gente. Tão logo ocorreu o acidente que vitimou de maneira fatal o caçula de Abel, amigos como o ex-jogador e comentarista Júnior se juntavam ao treinador em seu apartamento, no Leblon. Mais tarde, os abraços se multiplicaram na sede do Fluminense.

Sem soltar a mão da esposa, Cláudia, em nenhum momento, Abelão, como é chamado pelos amigos, esperava a chegada do corpo do filho ao salão nobre tricolor – o que ocorreu por volta das 2h. Neste momento, dirigentes que trabalharam em outros clubes com o profissional, cartolas do Flu e praticamente todo o elenco atual do clube já estavam no velório.

Abel surpreendia a todos. Durante o dia, em seu apartamento, repetia frases como “está muito difícil” e “não sei o que fazer da minha vida”, mas mostrava força depois, à noite e durante a madrugada. Já no velório, pouco depois das 3h, se afastou, fez uma roda de oração com seus jogadores e pediu que eles fossem para casa descansar. Mas todos queriam seguir ali.

Diante da desgastante maratona, o presidente do clube, Pedro Abad, presente ao lado de Abel desde o primeiro momento, improvisou uma estrutura com colchonetes em sua sala para que os familiares do técnico descansassem. Eram cochilos rápidos, de menos de uma hora. O desgaste era natural.

O mandatário, aliás, era só elogios na avaliação de Abel. Abad resolveu questões logísticas, burocráticas, não se separou de seu treinador e chegou a servir café e água aos presentes. O apoio comovia a família Braga  

A comoção e solidariedade em torno de Abel conseguiram até juntar cartolas que não frequentariam o mesmo ambiente em outras situações. Nomes como o do ex-presidente Peter Siemsen, do advogado Mário Bittencourt e do ex-vice de futebol Sandro Lima marcavam presença em uma madrugada de oração e amor.

Também estiveram no local nomes da cúpula do Internacional, como Fernando Carvalho, o ex-lateral e diretor executivo Branco e o cantor Fagner. Abel reunia e era abraçado por todos. O ex-presidente do Vasco Roberto Dinamite também foi às Laranjeiras prestar sua solidariedade.