Topo

Pioneiro no Flu, lateral que ganhou Abel vive em Xerém e vai de van para CT

Hoje titular da equipe principal, Mascarenhas é cria da escolinha oficial do Fluminense  - Arquivo pessoal
Hoje titular da equipe principal, Mascarenhas é cria da escolinha oficial do Fluminense Imagem: Arquivo pessoal

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

21/06/2017 04h00

O fato de ser mais um jogador formado em Xerém (e aproveitado por Abel Braga em 2017) coloca o lateral-esquerdo Mascarenhas em pé de igualdade com outros 17 do grupo tricolor. O que difere o menino de São João de Meriti dos outros é que ele, ao disputar o último Fla-Flu, se tornou o primeiro jovem revelado em uma escolinha oficial a participar de um jogo entre os profissionais. 

No último domingo, Mascarenhas foi destaque ao estrear no time de cima no empate por 2 a 2 com o Flamengo. Depois do jogo, Abel Braga gerou certa comoção ao revelar uma conversa com o jovem, que substituía o titular Léo, barrado. “Eu disse a ele: 'Já marcou o Vinicius Júnior?'. Ele: ‘Já, professor’. Perguntei como foi. Ele disse que perdemos na Gávea de 4 a 0. Falei: ‘f...’(risos)”, disse ele, arrancando gargalhadas dos jornalistas em uma tentativa de mostrar confiança no garoto. 

A ligação de Mascarenhas com o Fluminense teve seu pontapé inicial quando Cesar, seu pai, o inscreveu no projeto “Guerreirinhos” de sua cidade natal. A força física e a boa qualidade em chutes e cobranças de falta logo chamaram a atenção dos professores da unidade. Estava iniciada a trilha que o levaria para Xerém.

Mascarenhas, lateral do Flu - Mailson Santana/Fluminense FC - Mailson Santana/Fluminense FC
Mascarenhas fez seu primeiro jogo como profissional diante do Flamengo
Imagem: Mailson Santana/Fluminense FC

Um ano depois, começou a jogar nas categorias menores do Fluminense, mas fincou raízes por lá quando a coisa começou a ficar mais séria. Há uns três anos, a família se mudou de mala e cuia para uma casa mais próxima do CT tricolor.

Mesmo com contrato assinado até 2019, Mascarenhas ainda vive no mesmo local. Para não encarar o trajeto de 1h30 até o CT dos profissionais, na Barra da Tijuca, Mascarenhas não dispensa a van do clube que oferece esse transporte diariamente.

Seu caminho no Fluminense nem sempre foi trilhado pela esquerda. Aos 14 anos, se viu obrigado a sair da meia e ir para a lateral. Com excesso de jogadores na posição, Mascarenhas topou o desafio proposto pelo técnico Ricardo Perlingeiro e nunca mais abandonou o setor. Aprovado na nova função, em menos de um ano já integrava a seleção brasileira sub-15.

"Primeiramente, a escolinha preza pelo aspecto da integração social, mas também há as questões da divulgação da marca do clube e a busca por atletas diferenciados. Me lembro mais do Mascarenhas já no juvenil, ele era um avião no apoio, tanto que os técnicos pediam até para ele segurar um pouco. Vi o Fla-Flu e presumo que o Abel fez a mesma coisa, já que ele é muito ofensivo. O Mascarenhas jogar no time de cima é um incentivo para nossas escolas. É difícil chegar lá, mas tem como", disse Cassio Miranda, coordenador das escolinhas oficiais do Tricolor.

Com a boa atuação no clássico do último domingo, Mascarenhas está mais que confirmado para o jogo contra o Avaí, nesta quarta-feira, às 21h45, na Ressacada. Com o departamento médico cheio, o técnico Abel Braga não pode contar com o volante Wendel, que deixou a partida com uma entorse no joelho esquerdo. Mateus Norton deve ser o escolhido.