Com Vitória em crise, conselheiros ameaçam pedir impeachment do presidente
O mau momento em campo do Vitória transpôs as quatro linhas e resvala na política interna do clube. Após tensa reunião do conselheiro deliberativo na última segunda-feira (29), que teve como alvo o diretor de futebol Sinval Vieira, uma parte dos conselheiros do clube ameaça pedir o impeachment do presidente Ivã de Almeida e começou a colher assinaturas para a destituição nesta terça (30).
O UOL Esporte apurou junto a conselheiros do clube que o movimento ainda é incipiente - tendo sido recolhidas menos de 40 assinaturas num total de 134 necessárias conforme o estatuto - e visto como precipitado por boa parte os membros da instância. Mas o processo de derrubada pode ganhar força a depender dos próximos passos do mandatário rubro-negro, eleito no fim do ano passado e que enfrenta sua primeira crise.
A turbulência política começou com a sequência de seis jogos sem vitória e a pressão sobre o diretor de futebol Sinval Vieira, que teve sua saída requerida tantos por torcedores como por parcela de conselheiros recém-eleitos descontentes. Estes pedem, inclusive, a contratação de um executivo de futebol, profissional e remunerado, que esteja mais próximo do mercado.
Prestigiado pela presidente Ivã de Almeida e pelo vice Agenor Gordilho, Sinval foi bancado no cargo durante a reunião do conselho, mas a reportagem apurou que ele se sentiu incomodado com a situação e chegou a deixar no ar um possível pedido de renúncia.
Nesta terça, pressionado por integrantes de tradicional grupo político no conselho deliberativo, o mandatário chegou a ventilar a possibilidade da contratação de Eduardo Moraes, ex-conselheiro do Vitória, como executivo para auxiliar Sinval Vieira na condução do futebol do clube.
O problema é que Moraes é ligado ao referido tradicional grupo político e não agrada parte dos novos conselheiros eleitos no último pleito. Foi aí que eles começaram a circular internamente uma petição pelo impeachment de Ivã de Almeida, movimento considerado precipitado mesmo por outro setor dos novos conselheiros do clube.
A avaliação é que o mau momento em campo não é suficiente para abertura de um processo traumático como a derrubada de um presidente. Faltaria, aliás, fundamentação legal para tanto – embora haja abertura no novo estatuto aprovado neste ano para interpretações diversas.
No momento, o clamor na política interna do Vitória é pelas palavras “tranquilidade” e “estabilidade”. O presidente do conselho deliberativo, Paulo Catharino, falou sobre o tema ao programa Esporte Mais, da rádio Sociedade, na manhã desta quarta (31).
“Entendo que pra afastar um presidente tem que ter uma fundamentação, tem que ser exaustivamente discutido, dar oportunidade para ouvir o presidente, apurar fatos e documentos, nenhum procedimento de explosão de gestor pode ser feito por duas ou três derrotas, e que não esteja comprovada dentro do conselho e por um juízo de valor. A gente tem que preservar a estabilidade dos processos. O que a gente quer por Vitória, garantir uma governabilidade ou implantar o caos? Então vamos ter tranquilidade. Quero dizer aos conselheiros que prezo pela democracia e abertura, mas peço calma para avaliar os acontecimentos”, afirmou Catharino.
Em rápido contato telefônico com a reportagem, o diretor de futebol Sinval Vieira comentou a situação política no Vitória e informou que a diretoria do clube se reunirá nas próximas horas.
“Hoje aqui à tarde vamos reunir a diretoria e tentar decidir qual é a melhor coisa para o Vitória, esperar essa reunião que deve acontecer, e ver que caminho tomar”, declarou ao UOL Esporte.
O conselho deliberativo do Vitória deve voltar a se reunir nos próximos dias, em caráter de urgência, para tratar sobre o momento político conturbado. A ver os próximos capítulos.
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