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Conheça o refugiado indígena que vale R$ 18 milhões e brilha pela Dinamarca

Pione Sisto foi vendido ao Celta por cerca de R$ 18 milhões - Octavio Passos/Getty Images
Pione Sisto foi vendido ao Celta por cerca de R$ 18 milhões Imagem: Octavio Passos/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

29/05/2017 04h00

Quem vê que sua transferência para o Celta de Vigo no ano passado custou cerca de R$ 18 milhões não imagina como essa história começou. Vendido para o poderoso futebol espanhol, Pione Sisto não é só mais um jogador de origem africana que se destacou na Europa. Guerra civil, fuga e preconceito acompanharam a trajetória desse atacante.

Os pais de Sisto nasceram no Sudão do Sul, país que ele só conheceu aos 18 anos. Isso porque sua família fugiu do país de origem durante a Segunda Guerra Civil Sudanesa, conflito que deixou mais de dois milhões de civis mortos e quatro milhões de refugiados. Nessa rota de fuga, Sisto nasceu na Uganda, onde ficou só dois meses.

O destino final era a Dinamarca. Os pais, de origem indígena, conseguiram refúgio no país europeu e lá se instalaram. Mais novo de sete irmãos, Pione Sisto tinha o mesmo desafio de todos: adaptar-se a uma cultura totalmente diferente, em que olhares desconfiados eram rotina.

Antes mesmo de compreender todo o cenário em que estava inserido, o pequeno Sisto descobriu no futebol uma distração e uma maneira de fazer amigos. Relativamente baixo para o futebol com seu 1,71m, ele fez da velocidade e da habilidade uma arma esportiva e social.

Sisto chamou a atenção de olheiros já aos 7 anos e foi levado para a escolinha do Midtjylland. Dez anos depois, o atacante estreava na equipe profissional e via a federação dinamarquesa fazer de tudo para garantir que ele se tornasse um reforço da seleção local. Assim, sua presença no sub-21 se tornou frequente.

Para defender a seleção principal, no entanto, ainda faltavam documentos de sua cidadania. Quando eles saíram, Sisto logo foi convocado. E a celebração foi bem “raiz”: os pais invadiram uma entrevista coletiva do jogador e, devidamente pintados, fizeram uma dança típica para desejar boa sorte.

As câmeras de TV gravaram tudo, inclusive a participação do atacante, que tirou a camisa, pintou-se e entrou no ritual. “Quando me perguntam, obviamente respondo que sou sul-sudanês, mas é claro que boa parte de mim é dinamarquesa. Eu me sinto parte da sociedade dinamarquesa como as demais pessoas daqui”, explicou.

No ano passado, a história de Sisto ficou um pouco mais conhecida graças ao confronto com o Manchester United pela Liga Europa. Sisto fez gol nos dois jogos, ajudando na vitória por 2 a 1 em casa e marcando na derrota por 5 a 1 na Inglaterra. Foi motivo de orgulho para a Dinamarca, mas principalmente para sua família.