Com slogan e plano especial, Inter tenta aproximar-se da torcida na Série B
Cair para a Série B dificulta qualquer relação entre a torcida e o clube. Se tratando de uma agremiação que jamais tinha sido rebaixada, então, mais ainda. Só que o Internacional quer usar a segunda divisão para reaproximar-se de seu torcedor. De olho no crescimento do quadro social, estratégias de identificação são repetidas no Beira-Rio.
Logo na primeira rodada da Série B, os jogadores do Inter usaram na camisa o slogan que deve acompanhar o time durante todo 2017: "Nada vai nos separar". Trecho de cântico da torcida, a frase esteve abaixo do símbolo vermelho no uniforme durante a vitória contra o Londrina, por 3 a 0, no último domingo.
E foi apenas o primeiro ato do plano de reaproximação da torcida. Está sob análise a criação de uma modalidade de associado com preço mais baixo. A ideia é atrair os aficionados que hoje não têm condições de arcar com os planos existentes. O início das vendas depende da aprovação do comando do clube.
Mas a meta é maior do que o objetivo financeiro. O Inter quer recuperar a identidade do clube e a unidade com os torcedores, além de recompensar o público pelo que ocorreu no fim do ano passado.
Quando beirava o rebaixamento, o Internacional apelou para a torcida, que compareceu. Encheu o Beira-Rio rodada após rodada e viu de perto a derrocada do time. Com a bola rolando, não faltava apoio, assim como pressão depois do apito final. Ao passo que se fazia presente nas cadeiras do estádio, a torcida protestava, às vezes violentamente, após os infortúnios.
A decepção com 2016 se deu também pelo campo. Não era apenas perder, mas mostrar-se apático em relação ao adversário. Por isso, tão logo assumiu o time, Antonio Carlos Zago fez questão de imputar nos atletas um espírito de empenho. E tal situação já foi vista em campo.
"Esperamos contar com o apoio do torcedor. Este é um ano que precisaremos muito deles. Depois de tudo que aconteceu no ano passado. Eles podem ter certeza que vontade nunca vai faltar para esta equipe", disse o técnico na semana passada.
Exemplos positivos
A cada rebaixamento de clube grande, a 'união na dificuldade' fica mais forte. A torcida que muitas vezes cobra, vaia e exige, resolve abraçar seus jogadores e empurrar o clube de volta à elite.
Aconteceu com o Grêmio em 2005. Depois de começar a segunda divisão atuando com portões fechados devido a uma punição em razão de fatos ocorridos na temporada anterior, o Tricolor recebeu todo carinho de sua torcida no Olímpico. Lotando o estádio em quase todas as partidas, a carência de apoio e a vontade de participar de alguma forma do resgate do clube fez nascer a principal característica dos aficionados tricolores hoje: cantar o jogo todo.
Formou-se, atrás de uma das goleiras do estádio, nas arquibancadas, um movimento espontâneo de gremistas que passaram a adotar características das 'barras' sul-americanas. Mesmo que date de 2001 a criação da torcida, o 'nascimento' da Geral do Grêmio aconteceu ali. Mais tarde ela passaria a ser a maior torcida organizada do clube.
Com o Corinthians o movimento foi semelhante. Em 2008, quando disputou a segunda divisão, o Timão ganhou o abraço dos aficionados ao redor do Brasil. Não lotou apenas partidas em casa, mas fora dela foi maioria em quase todos os Estados pelos quais passou. A 'caravana' também deu aporte financeiro para a recuperação do clube. Foi em 2008 que o plano de sócio-torcedor da equipe foi lançado, alavancando o número de quem contribui mensalmente para padrões jamais vistos na agremiação.
Movido pelo empurrão da torcida, o Corinthians 'atropelou' na segunda divisão. Subiu com muita tranquilidade, bem antes do fim do torneio, e hoje é modelo para o Internacional na trajetória de regresso à elite.
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