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Melhor jogador do campeonato mais caro do mundo jogava na várzea há 7 anos

Benoit Tessier/Reuters
Imagem: Benoit Tessier/Reuters

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

29/04/2017 04h00

N’Golo Kanté se tornou um ídolo cult dos fãs de futebol europeu. Com apenas 1,69m e uma disposição fora do comum, o volante levou o Leicester ao título inglês da temporada passada, foi vendido por R$ 130 milhões para o Chelsea e está perto de conquistar o segundo título seguido.

Nesta semana, foi eleito o melhor jogador do Campeonato Inglês pelo voto dos jogadores. Nada mal para quem jogava em um time amador em Paris há seis anos e só assinou seu primeiro contrato profissional aos 22. A carreira foi tão tardia que, dos 20 aos 22, ele só recebia ajuda de custo, jogava em um time semiamador na terceira divisão da França e se importava, mesmo, em estudar para conseguir um diploma de contador.

Não que ninguém tenha visto talento no jogador. Muita gente olhava para Kanté desde os 10 anos, quando começou a jogar bola no time de bairro em Paris, e via méritos. O problema era o tamanho. O jogador francês sempre foi pequeno. E, pelo talento, estava sempre enfrentando garotos mais velhos, muitos centímetros maiores e mais fortes.

Rejeições no início e ascensão meteórica

Segundo uma reportagem publicada nesta semana pelo site Bleacher Report, Kanté fez testes em clubes como Rennes, Lorient e Sochaux. Não passou. Foi rejeitado também no Centro Nacional de Futebol, em Clairefontaine. Aos 19, ainda jogava no Suresnes, de Paris, um time de várzea em que não ganhava nada. Como comparação, alguns de seus hoje companheiros de Chelsea já brilhavam com a mesma idade. Eden Harzard marcava gols na primeira divisão francesa, por exemplo. Cesc Fabregas já tinha jogado uma Copa do Mundo.

Mas Kanté teve de esperar. A primeira grande chance veio em 2010, no Boulogne, pouco antes de fazer 20 anos. O garoto foi aprovado e assinou seu primeiro contrato, ainda como amador. Para jogar no time B, na quinta divisão, enquanto fazia faculdade. Ficou por lá até os 21. Ele só teve sua primeira chance real no time principal quando o Boulogne caiu para a terceira divisão.

Virou titular rapidamente e sua ascensão meteórica começou. Em janeiro de 2013, com uma série de times buscando sua contratação, ele assinou um pré-contrato com o Caen. Jogou a segunda divisão pelo clube, foi eleito para a seleção da Segundona e garantiu o acesso do time para a elite.

Nessa época, virou um dos meio-campistas mais assediados da França. Quase foi para o Olympique de Marselha. O então técnico da equipe francesa, Marcelo Bielsa, queria sua contratação, mas o clube fez uma oferta baixa. Terminou no Leicester, de Claudio Ranieri, em uma história curiosa.

Chefe do departamento de olheiros do time inglês, o inglês Steve Walsh convidou Kanté e seus empresários para uma visita. Lá, praticamente sequestrou o volante. Ele obrigou o francês a desligar o celular e só permitiu que ele voltasse a se comunicar com o mundo após assinar o contrato. Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido com o jogador.

Em três temporadas, se tornou um dos principais jogadores do futebol mais disputado do mundo, virou titular da seleção francesa e uma das figuras mais amadas pelos torcedores. Prova disso são os vários memes criados em sua homenagem. Os mais engraçados estão no #kantefacts:

- Prova de que Kanté estava em todos os lugares nessa temporada:

- 70% do planeta é coberto por água. Kanté cobre o restante:

- Mapa de calor dos melhores volantes do Campeonato Inglês: