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Vasco abraça estilo disciplinador de Milton Mendes na tensão com medalhões

Técnico Milton Mendes conversa com jogadores em treino do Vasco em São Januário - Carlos Gregório Jr/Vasco.com.br
Técnico Milton Mendes conversa com jogadores em treino do Vasco em São Januário Imagem: Carlos Gregório Jr/Vasco.com.br

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

28/04/2017 04h00

Com pouco mais de um mês no Vasco, Milton Mendes já demonstrou que não está apenas de passagem. Campeão da Taça Rio, o treinador ganhou respaldo da diretoria com seu estilo disciplinador e tem carta branca para implementar sua filosofia, o que tem dividido opiniões internamente em um cenário em que alguns dos principais veteranos, como Nenê e Luis Fabiano, estão insatisfeitos.

Entre os cartolas, a avaliação do treinador até aqui é positiva. Há um consenso de que a equipe obteve um padrão tático que não tinha no período de Cristóvão Borges. O aproveitamento dos jovens e o olhar atencioso para a base também agradam em cheio às ambições dos dirigentes. Os próprios garotos estão satisfeitos e se sentindo valorizados com o trabalho do comandante, algo que não vinham sentindo no passado recente.

Alguns experientes, porém, têm receios em relação à carga de trabalho de Milton. Após a conquista da Taça Rio, por exemplo, o treinador havia agendado um treinamento para o dia seguinte, o que desagradou ao elenco. Foi preciso Luís Fabiano falar em nome do grupo para que uma folga fosse concedida.

Outros veteranos também já “torceram o nariz” por terem de treinar no campo mesmo alegando estarem com dores musculares. Há preocupações por parte deles com possíveis lesões. No clube desde 2014, o goleiro Martín Silva negou que tenham acontecidos reclamações no vestiário em função do aumento das atividades:

“No grupo ninguém se manifestou sobre carga e quantidade de trabalho. Não é público no vestiário. Para mim, não é verdade. Pelo menos não sei. O trabalho que estamos fazendo não é nada de incomum. Foram só dois integrais essa semana, nada demais. Precisamos de cada treino para melhorar”, disse o goleiro.

No episódio do afastamento de Rodrigo, em que o zagueiro ficou chateado pelo modo como a diretoria conduziu o caso, Milton Mendes foi consultado e deu o aval para que a diretoria seguisse adiante na opção de não mais contar com o experiente defensor.

Apesar de rigoroso, o treinador já promoveu mimos aos atletas quando, por exemplo, cumpriu a promessa de pagar um churrasco a cada gol oriundo de jogada ensaiada. Isto aconteceu na segunda-feira seguinte à vitória sobre o Nova Iguaçu por 2 a 0, quando o zagueiro Rafael Marques colocou para o fundo da rede uma bola de escanteio treinada durante a semana. Na ocasião, Milton levou os jogadores a uma churrascaria e praticamente todo o grupo foi num clima de confraternização.

Recentemente, o volante Jean também revelou um momento de descontração com o comandante, dizendo que os jogadores costumam dar notas para os ternos que Mendes veste à beira do campo.

Já em relação à imprensa, o trato tem sido cordial. O treinador não teve nenhum atrito até aqui e suas entrevistas têm sido bem-humoradas. Educado, costuma cumprimentar todos os jornalistas antes das coletivas. Quanto ao estilo de trabalho, Milton já havia definido assim que foi apresentado:

“Se eu fosse me avaliar e dar minhas características, diria que sou um treinador que gosto da disciplina. Tenho alguns pontos que orientam minha vida profissional e familiar. O comprometimento para mim é o mais importante. Os jogadores que entenderem que comprometimento é trabalho, vão render mais. Temos que trabalhar correndo e muito. Mais que o adversário”.